Quanto custa uma eleição?
Difícil responder, mas vamos tentar. Nos bastidores, alguns barões do PT confessam que a campanha de Lula em 2002 bateu os R$ 500 milhões
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Você sabe quanto custa uma campanha eleitoral para Presidente da República? E governador de um Estado como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro? E deputado federal então? Difícil responder, mas vamos tentar. Nos bastidores, alguns barões do PT confessam que a campanha de Lula em 2002 bateu os R$ 500 milhões.
Da presidente Dilma em 2010 passou fácil de R$ 1 bilhão. O privilégio dessa fortuna não é do PT, o PSDB não ficou para trás, afinal, os custos são quase os mesmos, inclusive para “cooptar” aliados. Para se uma campanha se tornar vitoriosa é preciso ter candidatos fortes em todos os Estados.
Uma campanha competitiva para governador em São Paulo não sai por menos de R$ 150 mihões, podendo dobrar esse montante dependendo da concorrência. Deputado federal chega-se a 15 milhões ou mais, embora o nobre parlamentar não ganhe nem metade disso em quatro anos de mandato.
Obviamente os valores declarados são inúmeras vezes menores. A lei eleitoral brasileira vem se tornando rígida nos últimos anos, porém o “caixa não contabilizado” vai se sofisticando na mesma medida. Quando o esconderijo do rato é descoberto, ele procura outro rapidamente.
A conta feita pelos probos líderes é simples. Se o PIB do Brasil chegou a R$ 3,6 Trilhões, portanto não é difícil “levantar” um, dois ou três bilhões para pagar as contas. Como o PT não estava acostumado a lidar com tanto dinheiro, como os tucanos e demos já tinham intimidade com os bilhões, logo nos primeiros anos do mandato de Lula os escândalos proliferaram, chegando ao auge com o Mensalão. Engraçado que ao se defender, muitos petistas afirmam que não houve mensalão; um conhecido operador do partido nas sombras do poder me disse que existiu foi um PINGADÃO, um acerto de contas eleitorais, o “caixa não contabilizado” na versão deles.
O PSDB não fica atrás nos escândalos, começando pelas privatizações, que foram necessárias, mas as empresas foram vendidas a preços camaradas a amigos da corte. O caso mais famoso é o setor de telecomunicações que, aliás, continua até hoje deitando e rolando na benevolência das regulamentação estatal. Na campanha nacional os tucanos ainda contam com a “força” do Estado mais rico da nação, São Paulo. Se o candidato fosse Aécio Neves, Minas Gerais também seria capaz que confrontar “democraticamente” com o PT na disputa dos Reais para se eleger.
Licitações
Tudo, como sempre aconteceu na história da humanidade, se resume em dinheiro e poder. Um dos pilares dos caixas de campanha são os gastos bilionários do Estado em obras, compras e serviços. As empresas e empreiteiras investem nos políticos com chances de ganhar para faturar depois. O meio legal disso acontecer é por meio da Lei das Licitações, a 8.666, criada ironicamente para coibir a corrupção. Uma licitação bilionária começa com um edital que, de tão complexo, costuma ser elaborado ilegalmente por escritórios altamente especializados ou pelas próprias empresas que vão disputá-la. Até mesmo porque são poucas as instituições públicas onde há funcionários qualificados para produzir um edital de “alto nível”. Convoca-se, por exemplo, uma comissão de o cinco funcionários, dois santos e três diabretes seduzidos pelo ganho fácil. O critério que prevalece é o técnico, portanto, subjetivo, e o preço pode vir segundo lugar, o que dá margem para escolher quem vai vencer. O resultado desta tenebrosa história é caos em série, onde apenas os contribuintes perdem.
Começa com o superfaturamento dos preços, indústria de liminares, atraso de obras, aumento de custos para todos os lados, até mesmo para criar mais órgãos de fiscalização, mais burocracia e por aí vai. Quem fica feliz é o funcionário público que trabalha neste setor e quase nunca aparece nos escândalos. Os políticos até passam, mas eles ficam, reinando em seus locais de trabalhos como se fossem feudos. Não escondem sequer os seus carros reluzentes nas garagens das instituições estatais.
Basta ver as garagens dos ministérios em Brasília para constatar. Outros felizardos são as empresas mais competentes…em fazer lobby com os ilustres líderes, que por sua vez gozam a felicidade de quem ganha na loteria milhares de vezes. Diante deste quadro, o Estado passa a gastar mais e mais, portanto, cobrar mais impostos, economia crescendo menos, educação e saúde de quinta categoria…e os brasileiros que se virem com as esmolas das bolsas, que aliás deveriam ser mais eficientes para a real prosperidade dos beneficiados.
A CPI do Cachoeira é mais um capítulo dessa história triste do sistema eleitoral brasileiro. A discussão é se realmente os Poderes Constituídos serão capazes de mudar esta realidade. Este sistema coloca em xeque a nossa democracia e desenvolvimento econômico, político e ético da sociedade. Quem se coloca contra este sistema talvez nunca chegue ao Poder; e se chegar fica tão amarrado com os compromissos assumidos que dificilmente terá condições de mudar alguma coisa.
Quem sabe ainda exista em Dilma Rousseff o espírito guerreiro da garota que trocou o conforto e segurança de uma família da classe média mineira pelo sonho de uma revolução de um mundo melhor. A diferença que as armas agora são outras, mais legítimas, e a possibilidade de mudanças são reais. Tomara que não nos decepcionemos mais uma vez. Porém, para isto acontecer a sociedade precisa fazer a
sua parte. É mais uma oportunidade para todos nós para avançarmos e não nos limitarmos à pequenez da disputa política.
Artigo publicado originalmente no Blog do Pannunzio.
Francisco Câmpera é jornalista da Rede Bandeirantes de Televisão
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