'PT não deve temer federação', diz Paulo Teixeira

Secretário-geral petista afirma que a adesão de seu partido ao mecanismo será decidida por um encontro nacional de delegados eleitos; veja o vídeo na íntegra

Paulo Teixeira
Paulo Teixeira (Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)


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Opera Mundi - No programa 20 MINUTOS ENTREVISTA desta quarta-feira (16/03), o jornalista Breno Altman entrevistou Paulo Teixeira, secretário-geral nacional do Partido dos Trabalhadores e deputado federal por São Paulo pela legenda, sobre o mecanismo de federação partidária. 

Atualmente, o PT está negociando com o PCdoB, o PV e o PSB para a formação de uma federação, modalidade que o deputado chamou de “fundamental”. Para ele, ela permitiria a formação de uma unidade estratégica que garantiria uma nitidez programática e um núcleo estratégico para um futuro governo Lula. 

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“Acho que esse foi o nosso problema quando estivemos no governo. Não conseguimos manter uma esquerda unida porque estabelecemos alianças ao centro e à centro-direita sem ter um núcleo estratégico, que teríamos com uma federação. Aliás, o ideal seria que toda a esquerda estivesse dentro de uma federação para dar funcionamento orgânico para esse bloco e permitir a discussão de posicionamentos conjuntamente, ajudando a enfrentar os duros temas que teremos de enfrentar”, discorreu Teixeira.

Ele revelou aspectos do funcionamento dessa possível federação. No que diz respeito à direção, disse que de momento a proposta mais aceitada pelo PT é de que ela seja formada em proporção direta aos votos obtidos pelos partidos em 2018, o que daria à legenda 57% da composição da direção. “E estamos propondo que as decisões sejam tomadas com dois terços dos membros, para o PT não ser hegemônico”, explicou.

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“A federação beneficia fortemente o PT porque poderemos apresentar uma unidade de esquerda a nível nacional, garantindo governabilidade, e respaldados pelos votos dados pelos eleitores. Por essas razões, o PT não precisa ter medo da federação, me assusto quando alguém do PT se opõe ao mecanismo porque seríamos os mais beneficiados”, argumentou.

O deputado ainda destacou que a federação permitiria um arranjo eleitoral mais eficiente para disputar as sobras. Isto é, a quantidade de votos “extra” que um partido recebe que não é suficiente para conseguir uma cadeira “normal” na Câmara, mas que poderia disputar as cadeiras chamadas de sobras, que compõem metade das vagas da casa. Atualmente, um partido precisa ter 80% do coeficiente de uma cadeira (o número de eleitores de um estado dividido pelo número de vagas) para conseguir uma sobra. 

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“Realizamos um estudo que mostrava que, se tivéssemos uma federação em 2018, teríamos conseguido 30 parlamentares a mais. Isso é muito relevante para quem apresenta um candidato à Presidência”, reforçou.

Teixeira lembrou que o mecanismo ainda está sendo discutido tendo em vista uma eleição nacional e, por isso, as conversas estão sendo feitas entre as direções nacionais dos partidos que devem compor a federação. E, assim, a decisão sobre sua formação, pelo menos no caso do PT, será tomada no encontro nacional de abril, sem a participação da militância, quando será determinado também, oficialmente, o candidato à Presidência da legenda, o candidato à vice e a política de alianças para o pleito. “Acho que vai ser o mais democrático dos processos”, avaliou.

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Detalhes da federação: programa, composição e chapa

Caso a federação seja formada, Teixeira especulou sobre seu programa, sua composição e suas candidaturas.

Com relação ao programa, ele enfatizou que nada foi decidido ainda. Uma carta programa foi apresentada pelo PCdoB como um texto inicial, com rebaixamentos em comparação ao documento aprovado pelo PT em 2020. 

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“Essa foi uma sugestão, que ainda não foi discutida a fundo. Agora temos que nos debruçar sobre esse texto, dar os contornos que queremos e oferecer uma proposta nossa. Temos até maio”, afirmou, garantindo que a legenda tentará ao máximo aproximar sua proposta à da federação. “Eu não trabalho com o risco de que o nosso programa será rebaixado”, ressaltou.

Com relação às alianças, o deputado sublinhou que, tendo uma base sólida na federação, seria possível buscar uma frente ampla, algo que ele demonstrou ser favorável “para resgatar a democracia, porque não será uma eleição fácil”.

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Até por isso ele defendeu a participação do PSB na federação, legenda cuja presença ainda não está confirmada caso o mecanismo seja adotado. 

“Desconhece o PSB quem diz que ele é de direita, porque de 60% a 90% de seus deputados votaram contra o teto de gastos, contra a reforma trabalhista e da previdência, e contra a autonomia do Banco Central. Os deputados que votaram a favor do impeachment de Dilma já não estão mais no partido, era o grupo que tinha sido organizado por Eduardo Campos quando ele ia disputar a Presidência. E, ainda assim, com uma federação, quem ainda estiver lá que for de direita vai sair porque uma bancada do PSB na federação será mais de esquerda do que de direita”, ponderou.

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Ele se utilizou do mesmo argumento para justificar a possível nomeação de Geraldo Alckmin à vice-Presidência, que “responderia à necessidade de uma frente ampla”. Teixeira salientou que a esquerda e os movimentos sociais reconhecem a necessidade urgente de derrotar Jair Bolsonaro, de modo que uma chapa com o ex-governador de São Paulo não geraria desânimo.

“Até porque Alckmin veio apoiar Lula como pessoa física e não como pessoa do PSDB. Além disso, foi demonstrado que ele não estava entre os setores golpistas do PSDB em 2016. Claro, sou crítico ao governo dele em São Paulo, muito privatista, mas ele veio apoiar Lula e em nenhum momento deixamos de falar que temos que rever o teto de gastos, a reforma trabalhista, paralisar as privatizações, não indicamos que faríamos um rebaixamento programático. Só que esta não é uma eleição comum, estamos num clima de golpe, muito perigoso. Precisamos de uma frente o mais ampla possível”, frisou.

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