Procuradoria apura a criação de selo ‘não é racista’ elaborado pela Fundação Palmares

A Procuradoria da República do Rio de Janeiro apura se a Fundação Palmares, presidida por Sérgio Camargo e criada em 1998 para defender a cultura negra, está se desvirtuando das suas funções ao criar o selo 'Palmares garante: não é racista'". Mas, de acordo com o órgão do Judiciário, o projeto não se encaixa nas atribuições previstas na sua lei de criação

(Foto: Reprodução)


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247 - A Procuradoria da República do Rio de Janeiro apura se a Fundação Palmares, criada em 1998 para defender a cultura negra, está se desvirtuando das suas funções ao criar o selo 'Palmares garante: não é racista'. Mas, de acordo com o órgão do Judiciário, o projeto não se encaixa nas atribuições previstas na sua lei de criação. Sérgio Camargo, que preside a fundação, é conhecido por negar o racismo e nas redes sociais afirmou que "pretende restaurar a reputação de pessoas que injusta e criminosamente foram tachadas de racistas em campanhas de difamação e de execração pública promovidas especialmente pela esquerda. Ou seja, limpar a imagem pública das pessoas atingidas". No Twitter, ele se refere como "negro de direita, antivitimista, inimigo do politicamente correto, livre".

Camargo foi afastado do cargo em dezembro do ano passado pela Justiça do Ceará, que considerou suas declarações na internet incompatíveis com o papel do órgão para o qual foi escolhido. Dois meses depois o Superior Tribunal de Justiça (STJ) liberou a nomeação dele. 

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Entre as postagens questionadas pela Justiça cearense constavam uma em que se referiu à ativista norte-americana Angela Davis como "comunista e mocreia assustadora". 

Em outra postagem ele sugere a entrega de uma medalha ao "branco que meter um preto militante na cadeia por crime de racismo" e outra na qual afirmou que a vereadora Marielle Franco deveria morrer para deixar "de encher o saco". Marielle e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em março de 2018.

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Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, Keka Bagno, representante do Movimento Negro Unificado (MNU) em Brasília, afirmou que "todo espaço que dá visibilidade ao movimento negro é positivo. Mas, quando um espaço público nega a existência do racismo, inclusive suas dores e as violências sofridas, presenciamos um retrocesso". 

Ela negou que o movimento negro seja vitimista, como afirma o presidente da Fundação Palmares. "Muito pelo contrário, nosso movimento é de afirmação diária. Ao criar um selo anti-racista, o governo tenta nos colocar numa posição equivocada, invertendo posições", diz Bagno.

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