PPS-DF contraria direção nacional, se agarra aos cargos e fica na base de Agnelo
Documento interno do partido crítica o governo Agnelo ao afirmar que “desembarcamos de um governo apodrecido nas mazelas de corrupção e desvios de condutas e caímos em outro que nesse quesito pouca diferença parece ter.”
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Ainda não foi desta vez. Mesmo diante da cachoeira de denúncias contra o governador Agnelo Queiroz e da insatisfação popular com o governo da “Turma da Mudança”, contrariando, inclusive, a orientação da direção nacional do partido, o PPS-DF não vai sair da base de Agnelo. A executiva local decidiu que vai continuar ocupando os cargos que têm no GDF ao lado do PT e de outros partidos.
Ainda hoje (26/4), pela manhã, via twitter, o presidente nacional do PPS me reafirmava que a orientação nacional é que o partido fique o mais longe possível de Agnelo e do PT.
Chega a ser incoerente. Nacionalmente, o PPS - que em sua logomarca traz o slogan "um partido decente" -, é oposição ao PT e ao governo federal. Tem um discurso afiado em relação às denúncias de corrupção. Historicamente, o PPS tem sido um partido cuja aproximação ao PT era incompreendida, pois os dois sempre foram oposição um ao outro. Em Brasília, Augusto Carvalho é antônimo de Geraldo Magela e Erica Kokai, desde que os três disputavam o comando do sindicato dos bancários. Antes mesmo da autonomia política do DF. Um estava no campo da CGT e os outros dois, na CUT.
No governo Cristovam, o PPS-DF não ficou muito tempo na coligação. O então secretário Carlos Alberto entrou em rota de colisão com o Buriti. Recentemente, Augusto Carvalho fez parte da coligação com Arruda e o PPS chegou a ter acento no governo do DEM.
Esta postura do PPS-DF é alvo de crítica no próprio partido. Num encontro da legenda ocorrido em 17/3, os militantes registravam que o PPS "não mais conseguiu reunir e manter em seus quadros lideranças com perfil e com as afeições daquilo que o constituiu como partido popular, socialista e humanitário. Conformou-se com a condição de mero coadjuvante."
A aproximação do PPS a chapa montada por Agnelo e seus companheiros foi friamente calculada. O PPS sabia que não conseguiria sozinho eleger seus candidatos. Coligar com Roriz estava fora de cogitação. Sair sozinho seria um suicídio. Torceu, então, o nariz, fechou os olhos e deu as mãos ao PT e à "Turma da Mudança" arquitetada por Agnelo.
Assim mesmo, Augusto Carvalho ficou na suplência de deputado federal. Só exerce hoje o mandato pelo fato de Magela e Paulo Tadeu estarem no GDF. Se um dos dois decidir voltar à Câmara dos Deputados, ele vai pra casa.
Na CLDF, a coligação rendeu a eleição de dois distritais e no GDF, a secretaria de Justiça para Alírio Neto e duas administrações regionais (Guará e Planaltina).
O PPS-DF está incomodado dentro do GDF de Agnelo e registrou isso em ata no documento denominado Carta do Guará, de 17/3/2012: "vivemos no Distrito Federal a continuidade de mais uma crise, ou as consequências de velhos escândalos políticos. Como uma triste sina, desembarcamos de um governo apodrecido nas mazelas de corrupção e desvios de condutas e caímos em outro que nesse quesito pouca diferença parece ter, tal o nível de denúncias e de envolvimento em malfeitos políticos no seu passado recente. E se isso não bastasse, o governo de Agnelo Queiroz/Filipelli (PT/PMDB), parece refém de grupos que se digladiam diuturnamente pelo poder, incapazes de enfrentar os problemas crônicos que afetam a população, que depende dos serviços públicos, como os de saúde – um caos permanente e desumano – do transporte público, da criminalidade e de mobilidade urbana, todos sem solução.”
Mas se o sentimento é de incômodo, porque o PPS-DF não se muda e vai procurar outra freguesia?
É que este apego aos cargos, que permite, em tese, uma ação partidária efetiva - o uso da máquina, como se diz no jargão político - que faz o PPS engolir seco e continuar debaixo das asas do PT e de Agnelo.
Agnelo sabe disso e vai usar os dois votos pepessistas na CLDF em seu proveito. Resta saber como reagirá a direção nacional do PPS. Ela manterá a coerência e enquadrará a direção local. Falava-se até em intervenção na executiva local. Ou o centralismo democrático não vai prevalecer e o PPS-DF vai se ao nacional. Ou ambos farão vistas grossas, fingindo que nada aconteceu.
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