Pesquisadores fazem fila para revalidar diploma na UnB
Mestres e doutores formados por universidades estrangeiras fazem planto para apresentar pedido de reconhecimento
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Agência UnB _ Mestres e doutores que concluíram cursos em universidades estrangeiras fizeram uma grande fila no prédio da Reitoria para pedir a revalidação de seus diplomas na UnB. Os documentos só são considerados válidos no Brasil depois que ganham o aval de uma universidade pública que possua um curso na mesma área do conhecimento de nível equivalente ou superior – cada instituição possui uma regra própria para o processo.
Na manhã desta segunda-feira, 64 pessoas entregaram os documentos exigidos para solicitar a avaliação. Alguns esperavam na entrada da Secretaria de Administração Acadêmica (SAA) da universidade desde o fim de semana, receosos de perderem as vagas entre os processos a serem avaliados. Na UnB, os pedidos são limitados a a seis por semestre em cada área.
Alguns pesquisadores chegaram a dormir em lençóis no chão e se revezavam para comprar comida ou tomar banho no Centro Olímpico. Quem chegou depois que as vagas para a área desejada já estavam preenchidas teve direito a preencher um formulário solicitando que a comissão também levasse em conta o seu pedido de revalidação. Contudo, segundo a chefe da Seção de Revalidação de Diploma da SAA, Eleny do Nascimento, esse tipo de pedido nunca foi aceito pelas comissões.
Documentos
Na UnB, a avaliação dos cursos estrangeiros é feita por uma comissão de professores formada para cada área do conhecimento e demora entre seis e oito meses para ser concluída, em média. A documentação exigida inclui o diploma autenticado pelo consulado do país de origem, histórico escolar, ementas das disciplinas, informações sobre o curso e a instituição e exemplar da tese ou dissertação. Ainda devem arcar com uma taxa de R$ 700 para cursos de mestrado e R$ 1.200 para doutorado.
Os pesquisadores que falaram à reportagem da UnB Agência preferiram não se identificar com medo de serem desfavorecidos na avaliação. Uma das mulheres que estava no local desde a manhã de quarta-feira contou que já tentou passar pelo processo em outras duas universidades do país. Em uma delas o processo foi indeferido, e o recurso também foi negado por unanimidade. Ela precisava da revalidação de um diploma de mestrado obtido em Lisboa.
Outra mulher que também concluiu mestrado em Portugal acredita que a política de revalidação vai contra a política de bolsas para ciência promovidas pelo governo, como o programa Ciências Sem Fronteiras. “Ao mesmo tempo em que se incentiva o estudo em universidades estrangeiras, ele cria obstáculos para que esse conhecimento seja aproveitado no país”, reclamou.
Alternativas
Um pesquisador que estava no local desde 23h de domingo acredita que o processo de revalidação deveria ser modernizado para atender às demandas cada vez maiores de especialistas formados no exterior. “Uma possibilidade seria montar uma lista de cursos que já teriam sua qualidade reconhecida e seriam aceitos automaticamente. Avaliações mais minuciosas também caberiam”, disse. “Entendemos a importância da autonomia das universidades, mas acredito numa alternativa para massificar esse processo”.
Nesta terça-feira, o conselho da Associação Nacional de Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) vai definir um posicionamento para o tema da revalidação em todo o país. A Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação da UnB (CPP), órgão colegiado que decide sobre questões relacionadas à pesquisa, decidiu na última sexta-feira manter o número de vagas para revalidação na UnB.
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