Parlamentares repudiam fala de Bolsonaro sobre recorde de mortes: “colocaram um monstro na presidência”
Deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) classificou como “repugnante”a fala do presidente. “Se tanto faz para Bolsonaro quantas pessoas morrem por dia no país, se ele mancha suas mãos com o sangue dessas pessoas e se orgulha disso, para que Bolsonaro deve continuar na presidência?”, questionou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)
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Por Nathalia Bignon, para o 247 - A resposta dada pelo presidente Jair Bolsonaro às novas 474 mortes por Covid-19 registradas em 24 horas no país na noite desta última terça-feira (28) foi duramente criticado por parlamentares. Em resposta ao comentário de um jornalista, que afirmava que o Brasil havia ultrapassado o número de vítimas registrado na China, país de origem da pandemia, o presidente declarou: ‘E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre’.
“Brasil chega a 474 novos casos em 24 horas; supera a triste marca de mais de 5 mil mortos. E o que diz o estúpido que ocupa ainda a cadeira de presidente? ‘E daí?’, pergunta desdenhando. Colocaram um monstro na presidência. E agora? É uma questão de saúde tirá-lo da presidência”, definiu o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA), em tom de indignação, citando os números oficiais divulgados ontem pelo Ministério da Saúde.
Fazendo referência ao vídeo postado ontem por Bolsonaro, no qual aparece ao lado de um alvo perfurado por balas e comemora seu desempenho com a mira, deputado federal Aliel Machado (PSB-PR) criticou a indiferença do mandatário. “Mais um dia triste para o país. Já são mais de 5.000 mortes (oficiais) pelo Covid e aquele que DEVERIA ser o ‘líder maior’ da nação, pra não perder o costume da indiferença, foi praticar tiro ao alvo. Meus sentimentos às famílias. O Brasil não merece isso. Juntos vamos vencer”.
Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) classificou como “repugnante” a fala do presidente. “Esta última declaração de Bolsonaro é uma das mais repugnantes. Ele despreza as mais de 5000 mortes na pandemia como um criminoso despreza suas vítimas. Um achincalhe com a dor de milhares de famílias enlutadas é um tiro no coração do povo brasileiro”, declarou.
Já Marcelo Calero (Cidadania-RJ) afirmou que a declaração aponta traços perigosos da personalidade de Bolsonaro. “Jamais vocês ouvirão uma frase tão abjeta vinda da boca de um sujeito que ocupa a Presidência da República. Não se trata de falta de empatia; se trata de psicopatia mesmo”.
Nesta terça, o Brasil ultrapassou a China em mortes pela Covid-19 e já é o nono país em total de óbitos no mundo, além de ser o terceiro em número de mortes por dia. Apesar disso, Bolsonaro segue em campanha para acabar com medidas de isolamento social preconizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a expansão do vírus.
Para o deputado Vander Loubet (PT-MS), a mensagem reforça a necessidade de manter as medidas de isolamento que têm sido defendidas por governadores dos estados desde o início da crise. “’É um sujeito despreparado para ocupar a Presidência da República. Acho que essa fala do presidente precisa servir de alerta para todos os prefeitos e governadores. Muitos têm optado por afrouxar as medidas de isolamento social por causa da forte pressão dos setores bolsonaristas da sociedade. Acredito que isso é um erro”, definiu.
Líderes no Senado também não pouparam na crítica. Randolfe Rodrigues (Rede-AP) aproveitou o momento para questionar as razões que fazem Bolsonaro permanecer na presidência. “E daí?” foi a resposta de Bolsonaro para o recorde de mortes no país por covid-19. Se tanto faz para Bolsonaro quantas pessoas morrem por dia no país, se ele mancha suas mãos com o sangue dessas pessoas e se orgulha disso, pra que Bolsonaro deve continuar na presidência?”, perguntou o líder da oposição na Casa.
Depois de o PSDB definir que as ideias de Bolsonaro se alinham ao “radicalismo de esquerda”, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) também não poupou na crítica. “Mais de 5 mil vidas perdidas, pessoas sem emprego, sem comida, hospitais sem leitos, profissionais de saúde morrendo. Mas e daí? Se há um mal que pode destruir o mundo, esse mal é a indiferença. Aqui no Brasil a indiferença responde pelo nome Bolsonaro”, declarou.
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