Parlamentares criticam nomeação de amigo do clã Bolsonaro para PF: “Inaceitável”
"O Brasil não pode ficar à mercê dos filhos malfeitores de Jair Bolsonaro”, declarou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA)
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Por Nathalia Bignon, para o 247 - A oficialização de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal nesta terça-feira (28) rendeu mais uma avalanche de críticas a Jair Bolsonaro. Homem de confiança do presidente e de seus filhos, Ramagem passa, hoje, a comandar a instituição que investiga a participação do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no esquema criminoso de fake news. O inquérito está sendo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“A nomeação de Alexandre Ramagem como diretor-geral da PF desrespeita a própria instituição e é uma demonstração clara da tentativa de aparelhamento ilegal da PF para uso político. Inaceitável. O Brasil não pode ficar à mercê dos filhos malfeitores de Jair Bolsonaro”, declarou o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA).
Reproduzindo uma das últimas entrevista do ex-secretário-geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, na qual ele comenta a falta de controle do presidente sobre seu filho 02, Pedro Uczai (PT-RS) afirmou que a nomeação é parte do projeto do clã Bolsonaro. “Dias antes de morrer, ex-ministro [Gustavo] Bebianno denunciava o gabinete do ódio de Carlos Bolsonaro e a ideia de criar uma Abin [Agência Brasileira de Inteligência] paralela. Hoje, um amigo pessoal dos Bolsonaro chefia a Polícia Federal. É a materialização do que ele afirmava”, disse o deputado.
A deputada pelo PSOL Sâmia Bomfim (SP) lembrou que a nomeação acontece justo quando o cerco se fecha contra a família. “Alexandre Ramagem foi nomeado diretor-geral da Polícia Federal por indicação de Carlos Bolsonaro justo no momento em que o cerco ao gabinete do ódio está se fechando. Apresentamos ação para reverter essa inaceitável interferência política na PF”, em referência ao pedido do partido, que tenta revogar a indicação.
Hoje, além do PSOL, o PDT deu entrada em mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a posse de Ramagem. Uma das alegações que sustentam o pedido é a declaração de Sérgio Moro de que o presidente pretendia interferir politicamente na PF, aliada ao fato de que Ramagem tem ligações pessoais e diretas com a família do presidente.
Sobre o documento apresentado, o presidente nacional do partido, Carlos Lupi, afirmou que o “papel é proteger as instituições de Estado, como a Polícia Federal. Para que o Governo Bolsonaro não impeça investigações, conforme denúncias de seu ex-ministro Moro”, disse, em suas redes oficiais.
Com a nomeação de hoje, Ramagem substitui Maurício Valeixo, demitido na semana passada, contra a vontade do agora ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro. A demissão de Valeixo, segundo o Moro, foi a gota d’água para que ele tomasse a decisão de deixar o Governo. Durante o pedido de renúncia do cargo, Moro fez uma série de acusações que apontam crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro.
Repercutindo a visita de Frederick Wassef, que advoga para Flavio Bolsonaro no caso Queiroz, Marcelo Calero (Cidadania-RJ) também não poupou na crítica ao presidente. “Recebeu o advogado ontem e resolveu formular essa versãozinha cínica e mentirosa. Mas não tem jeito: vai pagar pelos seus crimes, Jair Bolsonaro. Todos eles”, disse o parlamentar.
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