O que há por trás das movimentações do GDF
A tendência é que, na prática, Swedenberg Barbosa assuma integralmente as tarefas de coordenação do governo
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Já foi publicado no Informativo PT na Câmara: "Paulo Tadeu e Magela assumem mandatos na Câmara". Sem muito alarde, Agnelo Queiroz retirou dois secretários de sua equipe. Dois parlamentares que saíram fortalecidos das urnas de 2010 perderam assento no GDF. No lugar deles, assumiram Gustavo Ponce de Leon, ex-secretário adjunto de Paulo Tadeu na secretaria de Governo, e, na secretaria de Habitação, o novo titular é o ex-adjunto de Magela, Rafael Carlos de Oliveira.
Oficialmente, os deputados Geraldo Magela (PT-DF) e Paulo Tadeu (PT-DF) reassumem seus mandatos parlamentares na Câmara dos Deputados para fortalecer a base de Agnelo no Congresso Nacional, onde dia 13, o governador depõe na CPI do Cachoeira. Em nota, o GDF afirmou que ambos "são deputados experientes que vão reforçar a bancada do DF no Congresso Nacional em um momento importante em que será discutida a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO - 2013) e também em que o DF está sob alvo de ataques políticos".
Dentre os parlamentares que não entenderam as mudanças na equipe de Agnelo, está o senador Cristovam Buarque. "a substituição por seus "segundos" nos passa a interpretação de que eles podem voltar num futuro próximo. Já a explicação de que irão cuidar melhor dos interesses da LDO e das acusações contra Agnelo são o reconhecimento desrespeitoso de incompetência dos que estão saindo" – ressaltou o senador pedetista.
Mas a saída dos dois levantou no meio político de Brasília, inclusive nas bases de Agnelo Queiroz outras interpretações. Pouca gente engoliu a justificativa da questão da LDO, pois, tradicionalmente, a bancada de Brasília – situação e oposição – sempre apoiou ao longo dos governos os projetos prioritários da Capital Federal. Além disso, este é o primeiro mandato de deputado federal de Paulo Tadeu. Sua experiência é a mesma de Policarpo, que agora volta à suplência.
Dentre as várias análises, as mais simplistas apontam para certa vingança de Agnelo contra Augusto Carvalho. Seria uma represália ao deputado do PPS-DF pela posição que ele adotou no diretório local do partido. Defendeu a saída do PPS da base de Agnelo.
A leitura é simplista, pois todo mundo sabe, inclusive Agnelo, que Augusto nunca morreu por amores pelo PT e só se alia ao partido por questões pragmáticas. Sem o PT o PPS não teria conseguido eleger Augusto para suplente, muito menos para Deputado Federal titular.
E mesmo que fosse esta a razão, para isso bastaria o retorno de um dos dois parlamentares. Augusto é segundo suplente e perderia sua cadeira na Câmara Federal, sem ter que desalojar Policarpo.
Há ainda quem diga que Agnelo não tem gostado de posições que Paulo Tadeu estaria tomando dentro do GDF, em especial favorável ao movimento grevista de servidores públicos. Quanto a Geraldo Magela, desde o início do governo as relações nunca foram muito azeitadas. Durante uma reunião, Magela já teria dado um soco na mesa e exigido mais respeito como secretário. Reclamava que os assuntos pertinentes a sua pasta eram boicotados. Coincidência ou não, pouco depois, Agnelo criou a secretaria de Regularização dos Condomínios tirando o filé mignon da boca de Magela.
Mas esses entreveros também não convencem a todos. Há quem diga que o problema é mais sério e que as mudanças são uma forma de consolidação da intervenção feita recentemente pelo Palácio do Planalto no Buriti.
A ida de Swedenberg Barbosa – o Berge – para ser o gerentão do GDF esvaziou a função de secretário de Governo de Paulo Tadeu. Na prática, quem estava sendo o capitão do time era Berge.
A outra personagem desta trama é o novo secretário de Planejamento e Orçamento, Luiz Paulo Barreto, ex-secretário executivo do Ministério da Justiça. Bem mais discreto e longe das câmeras, ele vem fazendo um rebuliço no orçamento do GDF. Recentemente, orientou o remanejamento de recursos da Saúde, da Educação e do VLT para obras de pequeno porte da Novacap. A orientação agora – segundo alguns do Planalto – é mostrar serviço com o maior número possível de obras e intervenções urbanas. Assim, estão rapando o tacho dos orçamentos setoriais. Só quem não ficará sem verbas é o estádio de Brasília, cuja formalização do nome Mané Garrincha, foi recentemente vetada por Agnelo.
Com a presença de novos comandantes na "Turma da Mudança", Magela e Tadeu perderam espaço político. Em outras palavras, perderam força política. O ex-governador Cristovam Buarque concorda, em parte, com esta visão: a saída do Tadeu seria prova do fortalecimento do Berge, mas não vejo porque a saída do Magela, que estava todo o tempo concentrado na sua área e parecia muito entusiasmado com o que estava fazendo".
Qualquer que seja a leitura, a tendência é que, na prática, Berge assuma integralmente as tarefas de coordenação do governo, típicas da secretaria de Governo. Em tabelinha com Paulo Barreto os recursos seriam viabilizados para concretizar as iniciativas que, na visão deles, tanto a população reclama. Seria uma forma de compensar o ritmo claudicante de Agnelo Queiroz em tomar decisões.
É também uma cartada definitiva de recuperar a imagem do PT em face da sucessão de 2014. Entretanto, para muitos, alguns até da base, o PT já seria carta fora do baralho. Eventualmente poderia estar num papel secundário tendo outros atores na cabeça de chapa ao GDF.
Rodrigo Rollemberg sonha em ser ele o aglutinador das forças de centro-esquerda. Setembro, próximo, seria a data para o PSB seguir os passos do PDT e PPS que deixaram a base de Agnelo.
Antes mesmo disso, ele oferece aqui e ali a vaga de vice-governador. Seus emissários já a ofereceram para a ex-deputada Maninha, do Psol. Há quem diga que a mesma oferta teria sido feita ao ex-secretário de Saúde, Jofran Frejat, que nas últimas eleições foi vice na chapa de Roriz. Seria uma forma de atrair forças políticas mais moderadas. Frejat seria para Rollemberg o que Filippelli foi para Agnelo. Na arquitetura do PSB, a vaga a senador seria ofertada ao pedetista Reguffe, que por sinal anda muito calado, sem aparecer nas vitrines políticas.
Cristovam Buarque pode ser, ele também, o catalisador destas correntes. Embora voltar ao GDF não seja o seu maior sonho de consumo, ele tem provocado várias conversas com as lideranças políticas locais visando à construção de uma articulação política que se diferencie do conservadorismo de Roriz e, nas palavras dele, faça aquilo que Agnelo prometeu e não está fazendo.
A cadeira do Buriti seria para ele uma forma de voltar a controlar as rédeas da política candanga, inclusive em seu PDT que anda muito rebelde. Rebelde em Brasília e no Brasil.
A dúvida fica nas estratégias que Magela e Tadeu irão adotar doravante. Obedecerão como carneirinho aos estrategistas do Palácio do Buriti? Creio que não. Nas redes sociais, já há quem diga que Magela começará a pavimentar a sua candidatura ao Buriti. Ele que foi preterido em 2010 por uma articulação interna do PT, arquitetada por Chico Vigilante e que viabilizou a chapa Agnelo-Filippelli-Cristovam-Rollemberg. Na leitura destas pessoas, muito próximas aos gabinetes onde tudo se diz e tudo se articula, Tadeu seria o candidato a única vaga de Senador que estará em jogo em 2014.
O dia 13, dia em que Agnelo vai depor na CPI do Cachoeira, vai ser um termômetro.
Primeiro é necessário saber como será o desempenho de Agnelo. Se ele vai convencer a CPI ou se vai deixar pulgas atrás das orelhas dos parlamentares.
Segundo, embora Magela e Tadeu não sejam membros da CPI, eles podem se fazer presentes e até formular perguntas ao governador. A ausência ou o silêncio deles pode confirmar, definitivamente, que a saída dos dois não foi assim tão consensual. Que uma ruptura nas hostes do PT se configurou.
Os próximos passos da dupla poderão ser assim reveladores para o futuro de Agnelo e do Partido dos Trabalhadores em Brasília.
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