No xadrez do DF as peças já se movimentam rumo a 2014

As movimentações dos senadores do DF podem dar uma idéia das estratégias políticas que estão montando. Cristovam está cada vez mais próximo do Psol. Comenta-se ainda uma eventual aliança PSB-PSDB, com Rodrigo Rollemberg



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As eleições municipais se foram. Uma nova geografia política foi desenhada no país e é com base na nova cartografia que os partidos estão olhando para 2014. Brasília não vivenciou o pleito municipal, mas nem por isso o foco é outro. As articulações já estão em campo e começam a mostrar o desenho que deverá ser o pleito para governador do Distrito Federal, daqui a dois anos.

O governador Agnelo Queiroz foi quem saiu na frente. Se movimenta como quem vai  tentar a reeleição, apesar do desgaste político vivenciado pelo Partido dos Trabalhadores nesta primeira metade do seu governo. Depois de afastar da corrida sucessória o deputado federal, Paulo Tadeu, nomeado ministro vitalício do Tribunal de Contas do DF, Agnelo negocia – e segundo os rumores já teria conseguido – atrair para a sua chapa em 2014, o senador Gim Argelo – PTB.

Gim chegou ao posto de senador graças ao fato de ter sido suplente de Joaquim Roriz, que renunciou ao mandato para não se cassado no escândalo apelidado de “Bezerra de Ouro”. Em 2014, Gim seria o candidato ao senado – apenas uma vaga será preenchida – da chapa oficial.

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Internamente, os defensores desta aliança comentam: “quem já teve que engolir Filippelli, engole Gim fácil, fácil, é só botar água tônica.” Desta forma, Agnelo enfraquece uma eventual articulação rorizista, trazendo para debaixo da aba do PT, o petebista. Não há o que se estranhar no namoro com este rorizista, afinal a chapa de Agnelo trouxe, em 2010, na “Turma da Mudança” vários ex-correligionários do clã Roriz, a começar pelo atual vice-governador, Tadeu Filippelli. Quem sai escanteado neste movimento de peças políticas é o secretário de Habitação, deputado Geraldo Magela. Em 2010, Magela se viu refém de uma arquitetura montada por Chico Vigilante que o afastou de uma candidatura ao Buriti e até mesmo ao Senado Federal. Na ocasião, para garantir a adesão de PDT e PSB a Agnelo, as vagas foram ofertadas a Cristovam Buarque e Rodrigo Rollemberg, que se elegeram. O lançamento de Argelo agora na chapa oficial petista é um xeque-mate no futuro político de Magela, que se não deixar o PT teria que se contentar com uma nova candidatura à Câmara Federal.

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Dificilmente, Cristovam e Rodrigo somarão forças a Agnelo em 2014. Os motivos são vários: o PDT já saiu formalmente da base de governo. O PSB de Rodrigo, embora mantenha um pé na máquina pública, vez por outra vem a público para questionar medidas de Agnelo, como o desvio de recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF para financiar o carnaval candango ou mesmo a contratação sem licitação pública de uma empresa de Cingapura para projetar o futuro urbanístico da cidade idealizada por Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, ícones da arquitetura e do urbanismo nacional.

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Na segunda-feira, 22/10, para um plenário semi-vazio, mas com transmissão direta pela Rádio e pela TV Senado, Cristovam e Rollemberg se revezaram na tribuna do Senado para atacar Agnelo e seu contrato sem licitação com a empresa Jurong Consultants de Cingapura. Cristovam Buarque e Rodrigo Rollemberg, como informa a Agência Senado de Notícias, acusam o GDF de Agnelo em ser pouco transparente sobre o contrato de US$ 4,25 milhões (cerca de R$ 8,5 milhões) assinado com a Jurong, para planejar o desenvolvimento urbano, econômico e estratégico de Brasília para os próximos 50 anos.

Os dois não mediram as palavras. Enquanto Cristovam acusou Agnelo de usar a Terracap para fugir ao filtro do governo federal – ente da União responsável por convênios internacionais – Rodrigo emendou dizendo que é “muito suspeito” o governador ir a um “paraíso fiscal” assinar um contrato que deveria ser assinado em Brasília.

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Cristovam também considerou o contrato “muito estranho e muito suspeito”. Rollemberg acusou Agnelo de ter uma visão provinciana, pela qual o bom é o que vem do exterior. “Brasília foi resultado do rompimento com a visão de inferioridade nacional” – concluiu. Ambos acusam Agnelo de ser pouco democrático e de não ter debatido a iniciativa com os partidos de sustentação e de não ter respondido aos pedidos de esclarecimento feitos posteriormente pelos senadores.

O certo é que o discurso denota o distanciamento que os dois senadores estão assumindo da administração Agnelo. Rodrigo não anunciou a ruptura formal do PSB com o GDF, mas deixou o governador livre para exonerar ou manter os dois secretários pesebistas em sua equipe.

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“Cabe ao governador do Distrito Federal o poder de nomear, ou de demitir, em favor da administração pública” – disse ao sugerir que, na falta de consenso, os cargos estão à disposição.

As movimentações dos dois senadores do DF podem dar uma idéia das estratégias políticas que estão montando. Cristovam Buarque está cada vez mais próximo do Psol-DF, que tem como nomes maiores Toninho do Psol e a ex-secretária de Saúde, Maria José Maninha. O parlamentar foi, inclusive, a Belém do Pará apoiar o candidato local do Psol, Edmilson Rodrigues, à prefeitura da capital do Amapá. Edimilson é da mesma tendência interna de Toninho e Maninha no Psol.

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O sonho de consumo de Cristovam é se candidatar à presidência da República, mas é tarefa que já enfrenta obstáculos dentro do próprio PDT. Assim, como ele ainda tem mais quatro anos de mandato como senador, seria estratégico para consolidar sua liderança, disputar uma nova governança do GDF. Sem poder se aliar ao PT, com quem rachou recentemente, uma de suas opções é construir com o Psol e com o PPS uma coligação própria. Nesta triangulação, Reguffe poderia ser alçado ao Senado.

Pomba e Tucano

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Do lado do PSB, que tem como logomarca uma pomba branca, comenta-se abertamente nos corredores do Congresso Nacional uma eventual aliança com o PSDB. A dobradinha Pomba-Tucano teria Rodrigo Rollemberg candidato a governador e Izalci Lucas – que acaba de deixar o PR para migrar para o PSDB – na vice ou na disputa ao Senado. Nos dias que antecederam o segundo turno municipal, Rodrigo cumpriu uma agenda de apoio a candidatos em outras cidades do país, dentre elas, Uberaba. Lá, ao lado do senador mineiro Aécio Neves, foi apoiar a candidatura de Antonio Lerin (PSB). Para que os sonhos de Aécio Neves em chegar ao Palácio do Planalto se concretizem, é preciso um palanque forte em Brasília. Fato que não se verificou em 2010, quando Geraldo Alckmin evitou subir no mesmo palanque de Roriz, enrolado com a cassação de sua candidatura.

Entretanto, é notório o desejo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos em ser presidenciável pelo partido que preside, o PSB. Caso se concretize no DF uma ida dos tucanos para o pombal do PSB, Eduardo Campos e Aécio Neves teriam que compartilhar o mesmo palanque na Capital da República.

Esta aliança, também enfraqueceria eventuais projetos do clã dos Roriz. Maria de Lourdes Abadia, principal nome dos tucanos do cerrado já foi vice-governadora de Joaquim Roriz e mantém ligações bem estreitas com o ex-governador. A pergunta que fica é se para o pombal de Rodrigo Rollemberg também haveria espaço para representantes de Roriz. Eventualmente. Um nome mais palatável seria o de Liliane Roriz, que vem conseguindo se manter mais distante de escândalos. Se Liliane for pousar no quintal pesebista, levaria consigo o PSD, de Gilberto Kassab. Rodrigo poderia, assim, assegurar um bom tempo de propaganda eleitoral, reunindo as bancadas do PSDB, PSB e PSD.

Há rumores ainda que o PSB quer atrair o PP de Jofran Frejat para suas hostes. Integrantes do partido analisam que apesar da proximidade de Frejat ao rorizismo, o ex-deputado guardaria um cacife eleitoral próprio. Além disso – lembram muitos analistas -, no passado, Rodrigo foi até a casa de Roriz tomar um café e debater estratégias para enfrentar, à época, José Roberto Arruda. O escândalo da Caixa de Pandora afastou Arruda e tornou desnecessária a soma de forças entre Roriz e Rollemberg.

Rodrigo já lançou seus olhares também para o Psol-DF, com uma eventual candidatura de Maninha como vice na chapa dos socialistas. Uma chapa que abrigue Izalci Lucas e Liliane Roriz dificilmente iria ser aceita pelos pesolistas. Esta é uma matemática que só seria aceita – e ainda assim com dificuldades -  se ocorresse estritamente no campo da esquerda, reunindo, por exemplo, PSB e PDT.

Por enquanto, uma candidatura solo ou uma candidatura coligada com Cristovam Buarque e o PPS de Augusto Carvalho, além de pequenos partidos como o PCB e o PSTU parecem ser mais factíveis ao PSOL.

Neste cenário ainda faltam definições de lideranças como o ex-deputado Alberto Fraga, do DEM, e se Arruda terá forças para apoiar algum candidato laranja. O certo é que 2014 está chegando. Mudanças de partido podem ocorrer até outubro do ano que vem. Em menos de 16 meses, os partidos estarão se reunindo em convenções para definir candidaturas e coligações. E ai a maratona de caça ao eleitor recomeça. Portanto, a contagem regressiva, já começou.

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