Maia: Ministério Público gosta de controlar, mas não quer ser fiscalizado
"O trabalho que eles fazem é fundamental. Mas a impressão que me dá é que não gostam de ser fiscalizados, muitas vezes", afirmou o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ao demonstrar posição favorável à fiscalização de algumas condutas de membros da Lava Jato
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247 - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ter a impressão de que o Ministério Público gosta de controlar, mas não quer ser fiscalizado. "A crítica que eu faço é exatamente que me dá a impressão muitas vezes que o Ministério Público é um órgão fundamental para o nosso país, para a nossa democracia, para o nosso futuro, para o nosso desenvolvimento... claro, o trabalho que eles fazem é fundamental. Mas a impressão que me dá é que não gostam de ser fiscalizados, muitas vezes”, disse o parlamentar ao apresentador José Luiz Datena.
A declaração do parlamentar veio após o procurador-geral da República, Augusto Aras, também criticar a Lava Jato e defender acesso da PGR a documentos da operação. Na terça-feira (28), ele afirmou que não podia aceitar documentos invisíveis à corregedoria. "É um estado em que o PGR não tem acesso aos processos, tampouco os órgãos superiores, e isso é incompatível", afirmou. Segundo Aras, a Lava Jato tem dados de 38 mil pessoas.
Maia criticou o fato de o procurador-geral, responsável por todos os Ministérios Públicos, não ter acesso a informações dentro da estrutura do órgão. "O que eu acho é que se cumpre o papel de controlar os outros e não se tem o papel de controlar o Ministério Público", afirmou.
Na entrevista, Maia citou episódios de votações na Câmara que, de acordo com ele, eram antecedidas por coletivas de membros da Lava Jato com críticas ao que seria analisada na Casa. "Em determinado momento, qualquer coisa que a gente ia votar tinha uma coletiva lá do pessoal de Curitiba, ‘não pode votar isso, não pode votar aquilo’, como se fossem um árbitro, uma figura acima do bem e do mal", criticou Maia.
"Eu lembro que num país que quer ser democrático, a liberdade de imprensa é fundamental, a liberdade de expressão é fundamental, mas o devido processo legal também é fundamental, porque senão não é uma democracia", disse.
O racha entre Aras e a Lava Jato aumentou após ser publicada na imprensa a informação de que a PGR estaria tentando retomar as negociações para um acordo de delação premiada com o advogado Rodrigo Tacla Duran, que atinge o advogado Carlos Zucolotto, padrinho de casamento do ex-juiz Sergio Moro, e sócio de Rosângela Moro, esposa do ex-ministro da Justiça.
Tacla Duran afirmou ter pago US$ 5 milhões a Zucolotto para obter vantagens em seu acordo de delação premiada com a Lava Jato em 2016, como a diminuição do valor de sua multa, acordada inicialmente em R$ 55 milhões, o que não aconteceu.
A suposta tentativa de negociação de um acordo de colaboração premiada teria como "pano de fundo" a eleição presidencial de 2022 e o objetivo seria desgastar Moro, potencial adversário Jair Bolsonaro, que indicou Aras para a PGR sem estar na lista tríplice do MP.
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