Lira chantageia Lula e avisa que trancará pauta do governo até mudança na articulação

Lira e o Centrão querem liberação de emendas, nomeações para cargos e até mesmo uma reforma ministerial

Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (no microfone)
Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (no microfone) (Foto: Ricardo Stuckert | Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)


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247 - Em uma chantagem, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), informou a interlocutores do Palácio do Planalto que não colocará em pauta projetos de interesse do presidente Lula (PT) até que os deputados estejam satisfeitos com a articulação política e a relação do governo com a Casa. Essa mensagem foi transmitida, de acordo com aliados de Lira, ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), responsável pela comunicação entre o Palácio do Planalto e os deputados. Dessa forma, Lira e os líderes do Centrão adotam uma postura de pressão contínua sobre o Palácio do Planalto para que sejam encontradas soluções rápidas para atender às demandas da Câmara, como a liberação de emendas, nomeações para cargos e até mesmo uma possível reforma ministerial, informa a Folha de S. Paulo.

A decisão de Lira faz parte de um acordo costurado com líderes partidários para evitar a derrota da medida provisória da Esplanada, que seria uma grande perda para Lula. Projetos prioritários do governo, como a proposta que estabelece regras para a proclamação de resultados de julgamentos do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), responsável por julgar disputas bilionárias entre empresas e a União relacionadas ao pagamento de impostos, devem ficar paralisados na Câmara. A medida provisória que recria o programa Minha Casa, Minha Vida também está na lista de espera.

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Aliados de Lira afirmam que pretendem utilizar essa restrição aos projetos do governo como forma de pressionar também o Senado a votar os textos que já foram aprovados na Câmara, mas encontram resistência de senadores, como a derrubada de decretos com mudanças de regras no Marco do Saneamento. Apesar dessa restrição aos projetos de interesse do governo, Lira afirmou a parlamentares próximos que a reforma tributária não terá o cronograma afetado. A intenção do presidente da Câmara e do governo é votar a proposta ainda neste semestre.

A Câmara aprovou nesta quarta-feira (31), por 337 votos a favor e 125 contra (com uma abstenção), a medida provisória que reestrutura o governo, ampliando para 37 o número de ministérios. No entanto, essa medida ainda precisa ser aprovada pelo Senado nesta quinta-feira (1º) para não perder a validade. Após a votação, Lira declarou durante a madrugada desta quinta-feira (1º) que, apesar da aprovação da medida provisória que reestrutura a Esplanada dos Ministérios, o governo está longe de comemorar o fato de ter uma base sólida e terá que se sustentar por si próprio. "A Câmara, os líderes de partidos independentes, que não estão na base, reconheceram a necessidade de dar mais uma oportunidade para o governo. Portanto, ainda estamos longe de comemorar uma base, como alguns tentam fazer parecer", disse. "Daqui para frente, o governo terá que se sustentar sozinho. Não haverá mais nenhum tipo de sacrifício", afirmou o presidente da Câmara.

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