Líder do governo, Barros tem uma trajetória marcada por denúncias

Alvo da CPI da Covid, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros, também enfrenta em sua trajetória política acusações de favorecimento a grupos empresariais

Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros
Líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)


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247 - Alvo da CPI da Covid por suspeitas de irregularidades na compra de vacinas, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), carrega no histórico político investigações envolvendo a sua gestão à frente do Ministério da Saúde e o Paraná, sua terra natal. 

A Procuradoria da República do Distrito Federal, por exemplo, denunciou Barros por improbidade administrativa por causa de fatos ocorridos durante a passagem dele na Saúde, entre 2016 e 2018. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o deputado foi acusado de beneficiar Global Gestão em Saúde em contrato de cerca de R$ 20 milhões para compra de medicamentos utilizados no tratamento de doenças raras.

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A empresa é sócia da Precisa Medicamentos, que é investigada pela CPI da Covid por suspeitas de irregularidades nas negociações para compra da Covaxin.

Na ação que tramita na 22ª Vara Federal Cível em Brasília, procuradores apontaram violação a leis administrativa, sanitária e de licitações, e o descumprimento de decisões judiciais, “com a intenção” de favorecer várias empresas, incluindo a Global Gestão em Saúde. Os investigadores pediram ressarcimento de R$ 120 milhões aos cofres públicos, incluído o valor do contrato mais reparação pelo dano moral.

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Em 2017, o MPF em Pernambuco pediu o afastamento de Barros do cargo de ministro em uma ação civil pública apresentada ao Judiciário que buscava assegurar a aquisição de medicamentos a hemofílicos dentro de uma parceria firmada entre a pasta e a estatal Hemobrás.

Procuradores acusaram Barros de articular politicamente uma forma de esvaziar a empresa pública de hemoderivados em prol da iniciativa privada. “É clarividente o desvio de poder no âmbito da atuação do ministro da Saúde”, afirmou o MPF, destacando que Barros admitira publicamente ter “interesse político em levar o ‘mercado de sangue’ para o estado do Paraná”.

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O líder do governo também foi citado na Operação Lava Jato. O nome do deputado apareceu vinculado a um suposto repasse de R$ 100 mil feito pela Odebrecht a uma campanha municipal de um aliado em 2012.

Em outro documento da construtora, foi apontado repasse de R$ 50 mil em 2010 a Cida Borghetti (PP), ex-governadora do Paraná e casada com Barros. Ela se elegeu deputada federal naquele ano.

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No ano passado, o Ministério Público paranaense e a Polícia Civil vasculharam o escritório político de Barros em Maringá, em um desdobramento da Lava Jato. A Promotoria apura indícios de que ele teria sido beneficiário de R$ 5 milhões em propina para intermediar negócios ligados à Copel (Companhia Paranaense de Eletricidade). As irregularidades ocorreram entre 2011 e 2014. No período, Barros foi secretário estadual de Indústria e Comércio.

Em outra investigação, Barros foi acusado pelo MP de interferência em uma licitação de R$ 7,5 milhões para a contratação de uma agência de publicidade pela Prefeitura de Maringá.

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Em 2017, a Promotoria em Marialva abriu investigação para averiguar a negociação de R$ 56 milhões no município em 2014, após a revelação de que, com bens declarados, à época, de R$ 1,8 milhão, o ex-ministro da Saúde comprou o terreno.

Barros disse que fez um empréstimo de R$ 13 milhões de seu sócio na transação, uma empresa do setor imobiliário, para bancar o negócio. Naquele ano, era o titular da pasta de Indústria e Comércio.

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Outro lado

Em nota, Barros afirmou que sua gestão no Ministério da Saúde promoveu economia superior a R$ 5 bilhões, reinvestidos em novos sistemas de compra. “São processos que afrontaram grandes interesses, mas promoveram mais serviços à população”, disse.

“A Global não entregou os medicamentos mas já reconheceu a dívida e está pagando as parcelas. Não participei de qualquer negociação para a compra desse produto", afirmou. "Embora a Global seja sócia da Precisa Medicamentos, em análise pela CPI, esse processo em nada se relaciona com a aquisição de vacinas da Covaxin”.

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O líder do governo afirmou que, no caso da compra de derivados de sangue pelo ministério, a licitação foi vencida por uma empresa que apresentou preço R$ 127 milhões inferior ao preço proposto pela Hemobras e, mesmo assim, o MPF pediu que a compra fosse feita com a empresa pública. A decisão da juíza foi cumprida pela pasta.

O deputado também negou estar envolvido em denúncias da Lava Jato e que seu nome não apareceu em qualquer inquérito, denúncia ou planilha. “O caso citado [os R$ 100 mil em um documento da Odebrecht] refere-se a uma planilha de pedidos de doação eleitoral para a campanha de prefeito de Maringá de 2012. A doação não ocorreu e não fui candidato naquele pleito”, continuou.

Sobre a irregularidade na contratação de agência de publicidade pela Prefeitura de Maringá, ele disse que “as acusações são infundadas, com a finalidade de gerar desgaste político.Não houve qualquer interferência, tentativa de interferência na licitação e muito menos dano ao erário”.

No caso Copel, Barros afirmou que valores recebidos por ele “têm origem lícita e não possuem nenhuma relação com a investigação”. Segundo Barros, os valores repassados pela Galvão Engenharia são referentes a doações oficiais de campanha de 2014. “Repudio a criminalização das doações oficiais de campanha, o ativismo político do judiciário com vazamentos seletivos, e provarei a inocência”.

Vacina Covaxin

Barros também aparece como um dos investigados pela CPI da Covid, após o deputado Luis Miranda (DEM-DF) denunciar publicamente um esquema de corrupção na importação da vacina Covaxin. As negociações tinham um intermediário e sem vínculo com a indústria de vacina, a empresa Precisa. O valor da compra foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante.

Segundo Miranda, Barros esteve envolvido nas negociações para a importação do imunizante. A compra da vacina foi a única para a qual houve um intermediário e sem vínculo com a indústria de vacina, a empresa Precisa. O valor foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante. Barros negou ter participado das negociações.

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