Governo aceitou garantia fora das regras e do prazo previstos em contrato na compra da Covaxin

A carta entregue pela Precisa Medicamentos ao Ministério da Saúde afiança um valor de R$ 80,7 milhões, equivalente a 5% do valor contratado, R$ 1,61 bilhão. A empresa aparece como "afiançada" e o "beneficiário" é a pasta, conforme o documento

(Foto: Agência Senado / Reprodução)


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247 - O governo Jair Bolsonaro aceitou da Precisa Medicamentos uma garantia do tipo pessoal, fora do prazo e sem previsão contratual, para assinar o contrato da vacina indiana Covaxin. A empresa entregou ao ministério uma "carta de fiança" emitida pela empresa Fib Bank Garantias S.A., sediada em Barueri (SP). A carta afiança um valor de R$ 80,7 milhões, equivalente a 5% do valor contratado, R$ 1,61 bilhão.

A Precisa aparece como "afiançada" e o "beneficiário", conforme o documento, é o Ministério da Saúde, por meio do Departamento de Logística em Saúde da Secretaria-Executiva, de acordo com informações publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo

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A compra do imunizante foi a única para a qual houve um intermediário e sem vínculo com a indústria de vacina, a Precisa. O preço da compra foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante

Durante as negociações em que foi redigida a carta, o diretor do departamento era Roberto Ferreira Dias e o secretário-executivo, coronel Elcio Franco, a quem cabia a tratativa de vacinas. O primeiro foi demitido após ser acusado de cobrança de propina no mercado paralelo de imunizantes. O segundo é alvo da CPI da Covid no Senado e, atualmente, tem um cargo de confiança na Casa Civil da Presidência.

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A garantia dada deve ser acionada caso haja descumprimento de cláusulas pela Precisa, intermediária da indiana Bharat Biotech. O objetivo é garantir a "operação financeira e logística" do contrato.

A Fib Bank usou a expressão "fiança fidejussória" para descrever o documento entregue ao ministério. O site da empresa também afirma que o serviço prestado é o de "garantia fidejussória", que consiste em uma "garantia pessoal, seja ela de pessoa física ou jurídica".

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Uma garantia do tipo fidejussória não é uma fiança bancária ou um seguro-garantia, de acordo com especialistas em direito civil ouvidos pela Folha. É como se fosse um aval pessoal, sendo bem mais frágil do que as outras garantias especificadas no contrato para a compra da Covaxin, conforme os especialistas.

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