Ex-chanceler afirma que reunião com embaixadores para atacar as urnas foi solicitada por Bolsonaro

Depoimento complica ainda mais a situação de Jair Bolsonaro, que deve ficar inelegível até 2030

Carlos França
Carlos França (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil)


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247 – O ex-chanceler Carlos França prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), confirmando que a reunião com embaixadores, que pode levar à inelegibilidade de Jair Bolsonaro, foi organizada a pedido da Presidência da República, ocupada por Bolsonaro na época, informa a jornalista Mariana Muniz, em reportagem do jornal O Globo. O encontro ocorreu no Palácio do Alvorada em 18 de julho de 2022, e Bolsonaro utilizou-o para fazer acusações infundadas ao sistema eleitoral, além de atacar ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF). Na ocasião, França era o ministro das Relações Exteriores.

Ele prestou seu testemunho ao TSE em 19 de dezembro de 2022, após Bolsonaro já ter sido derrotado nas eleições e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter sido diplomado. Durante o depoimento, França afirmou em diversos momentos que a reunião com os embaixadores foi organizada "por iniciativa" da Presidência, alegando que era papel do presidente se manifestar diretamente aos chefes de missão de outros países no Brasil.

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Quando questionado pelo juiz auxiliar da presidência do TSE, Marco Antônio Martim Vargas, sobre quem decidiu organizar a reunião com os embaixadores, o ex-ministro negou que a ideia tenha partido do Ministério das Relações Exteriores.

O depoimento de França traz à tona informações relevantes para o processo em análise pelo TSE, no qual o PDT pede a declaração de inelegibilidade de Bolsonaro e do então candidato a vice, Walter Braga Netto. O partido destaca que, durante a reunião, o ex-presidente fez alegações infundadas sobre a possibilidade de fraude no sistema eletrônico de votação, que é utilizado com sucesso no Brasil desde 1996 e já foi rechaçado pelo TSE.

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Ao votar a favor da inelegibilidade de Bolsonaro, o ministro Benedito Gonçalves apontou diversos elementos que, em sua avaliação, comprovam que o ex-presidente foi o responsável direto pelo encontro. Ele destacou que Bolsonaro teve participação integral na concepção do evento, desde a percepção de que o tema estava dentro da competência da Presidência para conduzir relações exteriores até a definição do conteúdo dos slides e a abordagem da exposição.

Na primeira sessão de julgamento, o advogado de Bolsonaro, Tarcisio Vieira, argumentou que a reunião com os embaixadores foi um ato governamental e defendeu que o caso resultasse apenas em multa para o ex-presidente. Ele pretende entrar com recursos no TSE e no STF caso haja condenação.

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