Estudantes deixam reitoria, mas continuam movimento
Em carta aberta publicada nas redes sociais, alunos reclamam de "guerra psicológica, manipulação e terror contra movimento estudantil"; reitor Ivan Camargo teria assinado acordo somente após insistência dos integrantes da mobilização; alunos apontam como "tendenciosa" a cobertura jornalística realizada até o momento e referem-se ao comportamento do corpo docente da universidade como assombrosamente apático
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Brasília 247 - A ocupação da Reitoria da Universidade de Brasília (UnB) por estudantes ganhou uma amplitude inesperada. A ação de protesto visava um fim objetivo de reavaliação dos processos administrativos contra alunos envolvidos em eventos que promoveram danos ao patrimônio público na universidade, mas a condução da situação por parte da própria instituição acadêmica acabou gerando uma nova pauta, a da criminalização supostamente exacerbada do corpo discente, embalada em acusações de censura. Os alunos alegam que o acordo estabelecido em assembleia não estaria sendo mantido pelo reitor da UnB, Ivan Camargo.
O grupo invadiu o gabinete na quinta-feira (5) e permaneceu até a noite de ontem (10), deixando o local de forma pacífica após assinatura de acordo com a universidade. No documento assinado ficou registrado o compromisso da UnB de sanear os processos existentes, podendo abrir novos procedimentos de investigação para apurar os danos ao patrimônio no chamado catracaço e nas festas no Instituto Central de Ciências, conhecido como minhocão. Ontem, durante todo o dia, a negociação entre estudantes e gestores foi intermediada pela Defensoria Pública da União, que vai acompanhar o caso. A gestão se comprometeu ainda a manter o diálogo com os alunos sobre as moradias administradas pela UnB e a regularização institucional e localização física dos centros acadêmicos. Durante a tarde, a juíza Luciana Raquel Tolentino de Moura ordenou a reintegração de posse do prédio da reitoria e autorizou o uso de força policial, que não foi necessária.
Outro lado da história
Por outro lado, em carta publicada ontem à noite na página do movimento Ocupação da Reitoria UNB no Facebook, os alunos demonstram receio quanto à condução da situação pela reitoria da UnB. Segundo os manifestantes, o reitor Ivan Camargo teria resistido à assinatura do acordo, tendo cedido somente após a insistência do movimento e "não sem antes fazer uma guerra psicológica, manipulação e terror contra o movimento estudantil. Imprensa, DCE e reitoria, todos estavam de mãos dadas contra os estudantes", diz a carta do movimento. Os alunos se referem à cobertura jornalística do episódio como "tendenciosa" e relatam como "assombrosa" a apatia dos professores. "A UnB vive dias de repressão", dizem integrantes do movimento.
Para os alunos, as conquistas alcançadas foram o produto de organização "combativa e independente", dissociada do DCE e de partidos políticos. "Sabemos que a assinatura da carta é apenas o primeiro passo na luta contra a criminalização do movimento estudantil. Ficou mais que claro, neste e em outros momentos, que o reitor não cumpre com a sua palavra, não honra com seus compromissos. Não podemos ter ilusões. Devemos prosseguir a luta até a vitória, mobilizando nossos cursos, e a comunidade como um todo, contra os absurdos dessa reitoria autoritária e elitista.
Hoje, às 12h, o movimento Ocupação da Reitoria UnB realiza assembleia no Centro Acadêmico de Sociologia contra a criminalização. Mais informações na página da Ocupação da Reitoria UnB.
Saiba mais
O catracaço ocorreu em fevereiro de 2013, quando alunos liberaram as catracas do restaurante universitário por quatro dias, reivindicando melhorias no sistema de assistência estudantil. Segundo a universidade, os prejuízos somam R$ 29 mil. Oito estudantes respondiam a processo administrativo e poderiam ter que pagar os prejuízos à empresa que administra o restaurante. Segundo o reitor Ivan Camargo, as festas no minhocão também trouxeram prejuízos por causa da sujeira espalhada e dos laboratórios e banheiros depredados. Por isso, processos administrativos estavam sendo movidos contra os centros acadêmicos.
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