'Ele está desesperado e estavam tentando manipulá-lo', diz advogado de Delgatti sobre reunião com a campanha de Bolsonaro
Segundo reportagem da Veja, a ideia da equipe de Bolsonaro é usar a imagem de Walter Delgatti, o hacker da Vaza Jato, para descredibilizar as urnas eletrônicas
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247 - A revista Veja revelou nesta sexta-feira (12) fotos que comprovam a ida do hacker Walter Delgatti ao Palácio da Alvorada para um encontro com Bolsonaro. Também ao veículo, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira relatou que a equipe de campanha pela reeleição do chefe do Executivo tentou se aproveitar da fragilidade financeira de Delgatti para manipulá-lo e convencê-lo a ser uma espécie de "garoto-propaganda".
A reportagem relata um momento em que o advogado e o hacker estavam em um carro com Bruno Zambelli, irmão da deputada federal Carla Zambelli e candidato a deputado estadual em São Paulo, a caminho de um encontro com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. "A conversa começou repleta de elogios à competência do hacker em promover a reviravolta da Vaza-Jato. Envaidecido, ele discorreu com desenvoltura sobre as possibilidades de se invadir as urnas eletrônicas, sem dizer ali, no entanto, como faria isso com equipamentos que não são conectados à internet. A conversa inicial empolgou até o próprio Valdemar, visto como avesso às ideias tresloucadas de Bolsonaro de atacar o sistema de votação como parte da estratégia eleitoral. Aos poucos, porém, diminuiu ali a certeza sobre o sucesso de uma eventual invasão dos sistemas de votação e apuração. O foco mudou para uma possível grande jogada da campanha de Bolsonaro, que independia de as vulnerabilidades do processo serem verdadeiras ou não, tendo Delgatti como garoto-propaganda".
"Afinal, se o homem que invadiu as mensagens trocadas entre os agentes da maior investigação de políticos da história simplesmente viesse a público alegando que as urnas são fraudáveis, muitas pessoas poderiam ficar em dúvida. O raciocínio é que, nessa hipótese, seria difícil até para a esquerda se contrapor a Delgatti, já que ele é tido como um ídolo desde as revelações da Vaza-Jato", acrescenta a matéria do jornalista Reynaldo Turollo Jr..
O advogado conta que deixou de participar das agendas após começarem as contestações às urnas eletrônicas. "A hora que partiu para essa questão de o Walter afirmar que as urnas podem ser fraudadas aconteceu um mal-estar muito grande. Eu dei opção para o Walter ir embora comigo, disse que isso ia gerar um problema gigantesco para ele, para mim e para várias pessoas. Optei por pegar as minhas coisas e sair. (...) Acho que as urnas são um assunto delicado, não tenho propriedade para falar sobre isso e penso que o Walter também não tem. Não vou compactuar”.
Delgatti escolheu seguir com as reuniões, a próxima foi com o marqueteiro de Bolsonaro, Duda Lima. "Os dois teriam tratado das urnas eletrônicas e de como o hacker poderia contribuir para a reeleição do presidente da República". Por meio da comunicação da campanha bolsonarista, o marqueteiro negou a conversa e disse ter tido apenas um encontro fortuito com o hacker no hall do PL.
A reportagem diz que Delgatti se encontra em dificuldades financeiras e que os bolsonaristas teriam se utilizado de tal fragilidade para cooptá-lo. Moreira afirmou que o hacker decidiu ir a Brasília após Zambelli sinalizar que ele poderia obter um trabalho regular na capital federal.
"Ele passa por grandes dificuldades financeiras, está meio desesperado. (...) Em dado momento da reunião no PL, o assunto se voltou para a questão de marketing e depois eu tive um certo desentendimento com a Zambelli sobre essa reunião com o presidente. Achei que estavam ali tentando — e isso foi percepção minha, não estou dizendo que foi a intenção deles — manipular o Walter, e não concordei", declarou o advogado.
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