Documentos golpistas no celular de Mauro Cid: "terão muito a explicar na CPMI", diz Randolfe
PF encontrou minuta para decretação de GLO, além de “estudos” para eventual golpe de estado no aparelho do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
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Tiago Pereira, da Rede Brasil Atual - A Polícia Federal (PF) encontrou documentos que continham planos para um golpe de Estado no celular do tentente-coronel Mauro Cid. A perícia no celular do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) descobriu uma minuta para decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que permitiria acionar os militares. Além disso, os investigadores também encontraram “estudos” para dar suporte a um eventual golpe. As informações são da colunista Malu Gaspar, publicadas pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (7).
De acordo com a colunista, Cid depôs ontem à PF para explicar tais conteúdos que ainda estão em sigilo. Os investigadores querem descobrir quem são os autores desses documentos. E para quem teriam sido enviados. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, no entanto, preferiu ficar em silêncio.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a oitiva, disse que o tenente-coronel “reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado”.
Os documentos estavam em mensagens trocadas com o sargento Luis Marcos dos Reis. Ambos estão presos desde o mês passado, no âmbito da Operação Venire, que investiga suspeitas de fraude no cartão de vacinação de Bolsonaro, aliados e seus familiares. A PF pretende colher o depoimento do sargento ainda hoje.
CID NA CPMI DO GOLPE - Ainda antes da revelação desses documentos golpistas, Mauro Cid já aparecia como um dos alvos prioritários da CPMI do Golpe. A relação do ex-ajudante de ordens com pessoas envolvidas nos atos de 8 de janeiro é um dos eixos do plano de trabalho que senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, apresentou nesta terça-feira (6). Além disso, a relatora também apresentou requerimento para que ele preste depoimento na condição de testemunha.
Logo após a prisão de Cid, a PF interceptou conversas golpistas com o militar da reserva e ex-candidato a deputado estadual Ailton Barros (PL-RJ). As mensagens foram trocadas em 15 de dezembro do ano passado. Ailton disse que era preciso “pressionar” o então comandante do Exército, general Freire Gomes, para que ele “faça o que tem que fazer”. Além disso, fala em uso da força, “fora das quatro linhas” da Constituição, jargão utilizado por Bolsonaro. Chegou ainda a sugerir a prisão do ministro Alexandre de Moraes.
Diante das novas revelações, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) afirmou que Cid será “um dos primeiros” a depor na CPMI do Golpe. “Eles terão muito a explicar ao povo brasileiro!”, disse o parlamentar, que também participa da comissão, pelas redes sociais.
Do mesmo modo, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), também comentou o caso. Para ela, os documentos golpistas encontrados no celular do ex-ajudante de Bolsonaro enterram a versão dos bolsonaristas de que o governo Lula teria sido cúmplice da invasão e depredação da sedes dos Três Poderes, em Brasília.
LONGA LISTA DE SUSPEITAS - Além da trama golpista, Cid também participou ativamente da tentativa de Bolsonaro de se apropriar indevidamente de um conjunto de joias avaliadas em R$ 16,5 milhões, que foram presenteadas pelo governo da Arábia Saudita. Ele também é suspeito de operar um esquema de caixa 2 que envolvia o pagamento em dinheiro vivo de contas da então primeira-dama Michelle Bolsonaro.
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