Deputadas barram homenagem a Damares Alves na Câmara: ‘como ministra foi inimiga das mulheres’

A ex-ministra estava cotada para receber o Diploma Carlota Pereira de Queirós de 2022, que contempla mulheres que tenham contribuído para as questões de gênero

Damares Alves
Damares Alves (Foto: Reprodução/Facebook)


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Por Clara Assunção, da RBA  - Deputadas da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara conseguiram barrar a indicação da ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, eleita senadora pelo Distrito Federal, ao prêmio Carlota Pereira de Queirós de 2022. Em audiência pública realizada nessa quarta-feira (9), as parlamentares repudiaram a indicação de Damares e destacaram que, como chefe da pasta do governo de Jair Bolsonaro (PL), a ministra foi “inimiga das mulheres”.

Damares estava entre os 11 nomes finalistas para receber o diploma. Criada em 2003 pela Casa, a premiação contempla mulheres que tenham contribuído para o pleno exercício da cidadania, na defesa dos direitos da mulher e em questões de gênero no Brasil. O troféu presta homenagem à paulista Carlota, nascida em 1892, que foi a primeira mulher brasileira a votar e ser eleita deputada federal. Médica, escritora, pedagoga e política, Carlota também participou dos trabalhos na Assembleia Nacional Constituinte, entre 1934 e 1935. 

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Por conta da importância do prêmio, a deputada federal reeleita Fernanda Melchionna (Psol-RS) destacou que seria um “absurdo premiar Damares pelo desserviço a todas as mulheres”. A também deputada Sâmia Bomfim (Psol-SP) acrescentou ainda que a ex-ministra “de longe não é parte desse seleto grupo que representa milhões de outras mulheres brasileiras, a Damares como ministra foi uma inimiga das mulheres”, justificou. 

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Durante sua fala na sessão, Sâmia citou diversas atuações da senadora eleita que seriam contraditórias com a defesa das mulheres. 

“Primeiro por ter aceitado ser ministra da Mulher em pleno governo Bolsonaro, que felizmente foi derrotado nas urnas neste segundo turno e foi derrotado principalmente pelas mulheres brasileiras, pela juventude, pelas negras, pelos negros e pelas mulheres, que são os setores que mais sentem os impactos de uma política antipovo. O Bolsonaro tem histórico de machismo, de desrespeito, botou o pior orçamento da história para o enfrentamento à violência contra as mulheres. E quem aceita ser ministra da Mulher de um cara como esse? Bom, já é sinal do que ela está disposta a fazer”, contestou a parlamentar. 

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Sâmia ainda lembrou que, logo no primeiro ano de governo, ao lançar o programa “Abrace o Marajó”, a então ministra reduziu um problema grave de exploração sexual à falta de uma fábrica de calcinhas no arquipélago paraense. Segundo ela, meninas seriam estupradas por não usarem a peça íntima. Mais recentemente, Damares Alves passou a ser investigada por supostamente ter mentido sobre uma denúncia de exploração sexual na mesma região para angariar votos ao presidente derrotado, durante a campanha eleitoral.

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Em meio ao pleito, Damares Alves ainda saiu em defesa de Bolsonaro após a fala do mandatário de que teria “pintado um clima” entre ele e adolescentes venezuelanas. “E quem é que foi lá apoiar Bolsonaro nesse gesto? A Damares que, infelizmente, foi eleita senadora aqui no Distrito Federal. Mas, se ela pensa que vai ter vida fácil no Senado, ela está bem enganada. Porque há também senadoras e deputadas de luta que não vão admitir que ela reproduza minimamente o que ela aprontou no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Por isso aqui nosso repúdio”, elencou Sâmia. 

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Por conta da mobilização das parlamentares, Damares ficou de fora da lista das cinco finalistas do Diploma Carlota deste ano. O que foi celebrado nas redes sociais por representantes políticos e internautas. “Damares é inimiga das mulheres: mentiu, negou direitos, deixou de investigar em políticas de igualdade e programas de combate à violência contra mulheres. Ser cogitada a receber qualquer tipo de premiação já é um completo absurdo”, destacou a vereadora do Rio de Janeiro Tainá de Paulo (PT).

As premiadas

No lugar dela da ex-ministra, foram selecionadas a representante do Carmin Feminismo Jurídico, Elaine Pimentel; a representante da Rede Nacional Feminista de Mulheres, Muna Zeyn; a primeira comandante mulher do 14ª Batalhão da Polícia Militar (BPM), em Barcarena, no Pará, Simone Franceska; a presidente do Centro de Estudos e Apoio aos Municípios e Empresas, Dalva Paes da Silva; e a promotora de Justiça do Ministério Público do Rio Grande do Norte, Erica Veras.

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Damares deve receber, contudo, um certificado de participação. As premiações serão entregues em sessão solene no dia 5 de dezembro, às 10h, no Plenário Ulysses Guimarães da Câmara dos Deputados. A iniciativa também celebrará a campanha “21 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher” que é realizada pelo legislativo desde 2013. 

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