Demóstenes e Protógenes
Acreditava e continuo acreditando nos valores que Demóstenes pregava. Pena, pena mesmo, que ele tivesse um lado “a” e um lado “b”. Nem por minutos depositei crença em Protógenes
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Demóstenes era um grande parlamentar. Culto, ousado, bom orador.
Protógenes estava para perder seu emprego de Delegado da Polícia Federal. Sectário, enfermiço, cada vez com menos credibilidade dentro e fora de sua repartição.
Jamais se poderia supor a relação promíscua de Demóstenes com um contraventor que virou empresário negocista. Daí a decepção e o desejo de vê-lo punido.
Nunca confiei em Protógenes. Sua figura trêfega passa leviandade. Daí não me ter chocado em nada sua ligação umbilical com Idalberto Matias Araújo, vulgo “Dadá”, braço direito de Carlos Cachoeira.
Acreditava e continuo acreditando nos valores que Demóstenes pregava. Pena, pena mesmo, que ele tivesse um lado “a” e um lado “b”, uma personalidade se chocando com a outra. O lado “a” era a virtude; o “b”, o vício.
Nem por minutos depositei crença em Protógenes. Apenas achei irônico que seu lado “b” tenha aflorado tão rapidamente, exibindo sua proximidade com o esquema tentacular de Cachoeira. Repito que não me surpreendeu seu pedido a “Dadá” para dificultar inquérito da Polícia Federal que investigava o próprio Delegado: “Dadá, diga a eles que só falará em juízo. Siga minhas instruções”.
Intrigante que Demóstenes, padecendo das vulnerabilidades hoje expostas, conseguisse ser tão desafiador no Senado. Intrigante, igualmente, que Protógenes, acostumado a grampos, inclusive ilegais, se sentisse à vontade propondo a CPI que terá de chama-lo para depor.
O DEM agiu corretamente em relação a Demóstenes. O PCdoB “acredita” que Protógenes tenha condição moral de integrar a CPI que o julgará.
Saindo um pouco do cotejo entre os dois parlamentares, faço votos de que a CPI saia mesmo, seja isenta (a maioria indica o Presidente ou o Relator e a minoria fica com a posição, dessas duas, que sobrar) e não poupe ninguém que tenha culpa no cartório, pertença a que partido pertencer.
Sinto no ar um certo desejo, de alguns, de criar um fato paralelo ao julgamento do mensalão, que deverá acontecer ainda neste semestre. Basta o STF adotar a sugestão do Ministro Gilmar Mendes: dedicar toda a sua pauta, daqui em diante, à deliberação sobre o maior escândalo da história republicana brasileira.
O “pragmatismo” petista certamente aceitaria sacrificar um Waldomiro Diniz (figura de proa do Planalto no primeiro governo Lula, já condenado na justiça criminal, que apareceu nas televisões sendo subornado pelo incansável corruptor goiano); um Agnelo Queiroz, cujo governo está viciado de Cachoeira até o talo, um Rubens Otoni, que foi exibido em vídeo, em horário nobre, registrando que já recebera R$100 mil do ex-bicheiro e se preparando para abocanhar “cota” de igual valor. Esse mesmo “pragmatismo” talvez venha a fazer de tudo para salvar a empresa Delta Construções – menina dos olhos do PAC, que recebeu bilhões e bilhões de reais por obras obscuras – que se liga, em comborço, com o governador peemedebista Sergio Cabral e com o Planalto.
Em troca, deputados de quase todos os demais partidos poderiam ser imolados e Lula ainda tentaria, através de prepostos exercitar seu ódio contra o governador Marconi Perillo, de Goiás, que cometeu o “crime” de comunicar ao chefe dos mensaleiros que estava havendo mensalão no Brasil.
À apuração dos fatos, pois. Que as chicanas sejam deixadas de lado.
Tratem a CPI seja com o respeito que os brasileiros merecem.
Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado
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