CPMI: que a verdade venha à tona

Sinto-me na obrigação de explicar ao nosso eleitor a minha relação de amizade com o sr. Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos. Vivemos a juventude na mesma cidade de Anápolis-GO e na década de 80, ainda garotos, jogávamos futebol juntos



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O nosso País está atolado num “mar de lama”. Onde a regra virou exceção. O trigo está no joio e não o joio no trigo. Ética e moral são palavras obsoletas. Saber mentir, hoje é qualidade. Estamos vivenciando uma verdadeira inversão de valores, chegando ao cúmulo de serem reverenciados e invejados os ditos espertos. Que, na verdade, nada mais são que criminosos dilapidando o bem público.

Os nossos políticos são eleitos pra representar o povo, mas, na verdade, representam seus próprios interesses (com raríssimas exceções). A coisa pública se tornou alvo de verdadeiras pilhagens. É uma mazela total.

A corrupção tornou-se um câncer em estado de metástase, pois se espalhou pelos quatro cantos deste país. Onde há coisa pública, há corruptores e corruptos. Vai desde milhões desviados de obras públicas ao analgésico de hospitais. Assim, nossos gestores públicos nunca terão dinheiro suficiente para a saúde, educação, segurança, saneamento básico, etc.

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A mãe desta corrupção tem nome: chama-se impunidade. As causas desta impunidade são diversas. Mas quero mencionar somente duas. A primeira são nossas leis frouxas. A segunda, devemos ao nosso poder judiciário. Visto pela notável corregedora de justiça nacional, Dra. Eliana Calmon, que declarou em rede nacional que “existem bandidos de toga”. Como ela, concordo que não se trata da totalidade do Judiciário, mas que causam um estrago enorme espalhando a sensação de impunidade.

O povo brasileiro é um povo honesto, trabalhador e não merece passar por isso. Mas em uma população, não só a brasileira, pois é inerente ao ser humano, 20% não se corromperiam por princípios éticos e morais de seu caráter. Os demais 80% não o fariam por medo da punição. Assim, enquanto prevalecer a impunidade no Brasil, reinará a soberana corrupção neste País.

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Mas apesar de tudo, sou otimista e acredito, como milhares de brasileiros, que o Brasil um dia será administrado e representado por pessoas sérias e comprometidas com o seu povo, porque o Brasil é gigante pela própria natureza.

Quanto à CPMI do Cachoeira, recém instalada no Congresso Nacional, eu não acredito no resultado que todos nós estamos esperando. Afirmo isto porque não acredito no nosso parlamento. Estive lá por quatro meses, como senador da República, e vi de perto que há muitos interesses pessoais. Vejam o caso da CPI do Mensalão, dos Correios e tantas outras até hoje sem punição aos envolvidos. Mas uma coisa acredito que acontecerá: esta CPMI irá, por força de circunstâncias alheias aos interesses pessoais de alguns de seus membros, dar nomes aos bois. E, dessa forma, irá mostrar os verdadeiros culpados. Aí sim, a condenação virá nos resultados das próximas eleições, ou seja, o julgamento será feito pelo nosso povo.

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Explanado este meu ponto de vista sobre a corrupção e a impunidade no nosso País, sinto-me na obrigação de explicar ao nosso eleitor a minha relação de amizade com o sr. Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos. Vivemos a juventude na mesma cidade de Anápolis-GO. Na década de 80, ainda garotos, jogávamos futebol juntos. Até então eu era advogado e contador e, em 1989, iniciei minha primeira empresa. Por força das circunstâncias, afastei-me dos amigos, dentre eles o Carlinhos. Em 2009 adquiri um apartamento em Goiânia, onde morava o Carlinhos, que se mudou do prédio há alguns meses, pelo fato de ter se divorciado. Portanto, passei mais de vinte anos sem contato algum com o Carlinhos, vindo a reencontrá-lo somente agora em 2009.

Quero ressaltar que o Carlinhos, que reencontrei depois de tantos anos, era para mim um empresário competente e bem sucedido, cercado de bons amigos. Como nosso relacionamento é estritamente de amizade, após vinte anos de afastamento, fiquei surpreso com o noticiário nacional. A imprensa tem mencionado meu nome como amigo do Cachoeira, o que é verdade. Mas nunca tive negócio algum com Carlinhos. Tanto que, voltando a repetir, a imprensa em nenhum momento tratou de relação de negócios, só de amizade.

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Também quero ressaltar que no final do ano de 2009, procurei o governador Siqueira Campos, o qual eu ainda não conhecia pessoalmente, até porque tinha uma verdadeira aversão a políticos. Meu intuito era, tão somente, ajudá-lo a voltar ao Governo do Estado para que ele pudesse “tomar conta do povo tão sofrido do Tocantins”, segundo suas próprias palavras. Povo este do qual faço parte, lugar este onde vivi toda minha infância. Mas, a pedidos, acabei como primeiro suplente do senador João Ribeiro. Na ocasião, acreditei que seria uma missão de Deus em minha vida, mesmo não me sentindo um político, mas sim um cidadão brasileiro que poderia ser útil para a sociedade.

Sou um empresário do ramo da construção civil (construo prédios residenciais e comerciais), concessionárias Honda e outras atividades. Tendo como sócios somente meus dois filhos. Sem nunca ter participado de nenhuma licitação pública, trabalhando única e exclusivamente no ramo privado. Portanto, quero esclarecer que mesmo pelo fato de ter ajudado o governador Siqueira a voltar ao governo, não tenho um cargo público, muito menos qualquer indicação de alguém para participar do Governo do Tocantins. Como dito antes, não sou empreiteiro, não tenho negócios com o Estado e nunca recebi um centavo de dinheiro público em toda minha vida (com exceção de quando fui funcionário concursado do INAMPS em Anápolis-GO). Até mesmo meu salário de senador, que recebi por quatro meses no exercício do mandato, repassei totalmente para as APAEs de Gurupi, Araguaína e para a Fazenda Esperança (recuperação de usuários de drogas) em Palmas.

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Deus foi e é maravilhoso comigo. Não preciso de dinheiro público, fama nem muito menos de poder. Só tenho um interesse como político: ajudar ao meu próximo. Se for da vontade de Deus, que eu permaneça na política. O tempo mostrará.

Finalmente, quero agradecer o nosso quarto poder de fato neste País, que é a imprensa. Sem ela não sei como estaríamos hoje. E parabenizo o belíssimo e extraordinário trabalho desenvolvido pela Polícia Federal e pelos procuradores, que realizaram a operação denominada Monte Carlo. Pois mesmo não acreditando na condenação penal dos culpados, ainda espero que o estupro do dinheiro do povo não fique impune.

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Conclamo toda a sociedade, especialmente os jovens, a se mobilizarem contra a corrupção e a impunidade. E, que cobrem mais de nossos políticos, seriedade, honestidade e competência no desempenho de suas funções. É o mínimo que esperamos de todos eles.

Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) é suplente do senador João Ribeiro (PR-TO).

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