CPI do ventilador
Parlamentares temem o que as investigações podem espalhar
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E agora? Onde vai dar isso? São nessa linha os comentários de senadores e deputados, agora que parece mesmo resolvida a criação da comissão parlamentar de inquérito para investigar “práticas criminosas desvendadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, com o envolvimento do senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido vulgarmente como Carlinhos Cachoeira, e agentes públicos e privados”.
Na verdade, ninguém sabe mesmo como terminará esta CPI em ano eleitoral. Nota-se que alguns de seus inspiradores estão arrependidos, outros estão muito preocupados. No Congresso fala-se até em não conseguir as assinaturas necessárias, embora um recuo agora seja temerário. A CPI pode não dar em nada, pode dar em muita coisa. Os fatores que guiarão os trabalhos são imponderáveis e as conclusões são imprevisíveis. Teria sido melhor, dizem muitos, deixar tudo nas costas de Demóstenes Torres. Poderia ter sido ignorado o desafio do ministro Ricardo Lewandowsky, dizem outros. Foi o ministro que negou a entrega da investigação ao Senado, dizendo que os papeis só poderiam ser entregues a uma CPI.
Todos os políticos que de alguma maneira já se envolveram com Cachoeira e seus arapongas e com a Delta e as outras empresas a ele vinculadas temem ter de se explicar, mesmo que suas relações com essa turma tenham sido bem republicanas – o que é improvável. Estão com muito medo também os que defenderam e votaram a favor dos bingos e, por conta disso, receberam agrados da quadrilha.
Há políticos de vários partidos sob suspeita e já se sabe que as investigações, se houver intenção mesmo de realizá-las, não ficarão restritas ao Centro-Oeste. Já há situações apontando para o Norte e para o Sul, com especial atenção ao Rio de Janeiro. Não vai dar para restringir as investigações a um ou outro partido, a apenas este ou aquele político, e talvez nem mesmo a apenas dois ou três governadores. A não ser que haja um grande acordão interpartidário para punir alguns bodes expiatórios e deixar os outros em paz. Mas isso terá de ser combinado com a Polícia Federal, com o Ministério Público e com a imprensa.
Conforme os rumos que a CPI tomar, e a Comissão de Ética do Senado agir, o Congresso pode se sair bem ou mal dessa história. A dúvida atormenta os parlamentares.
Tiro no pé
Obter o apoio público de 19 dos 24 deputados distritais, como fez o governador Agnelo Queiroz, é um tiro no pé. É bom para ele ter o apoio de mais de dois terços dos deputados distritais na Câmara, mas para impedir CPIs, evitar impeachment e ganhar votações importantes. Só isso. Na opinião pública é um apoio que pega mal e só piora a imagem do governador, especialmente se entre os signatários estão figuras como Agaciel Maia e Benedito Domingos.
Ninguém, em sã consciência, pediria atestado de idoneidade a esses dois.
Estado laico
A decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal não impede que as igrejas, de qualquer denominação, proíbam seus seguidores de fazer abortos em caso de fetos anencéfalos, sob pena de ir para o inferno ou qualquer coisa assim.
O que as igrejas não podem é querer impor a todos os cidadãos seus dogmas, seus preceitos e suas orientações.
É assim que deve ser um Estado laico.
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