Confira os bastidores da compra de mansão por Flávio Bolsonaro
Flávio Bolsonaro comprou mansão do namorado de juíza que trabalhou com ex-presidente bolsonarista do STJ
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247 - Bastidores da compra da mansão de R$ 5,97 milhões pelo senador Flávio Bolsonaro foram revelados pelo jornal O Globo, que ouviu relatos de uma testemunha “que acompanhou diretamente as tratativas”. As tratativas começaram no final do ano passado, mas o senador Flávio Bolsonaro estava “quase irreconhecível quando chegou de camiseta e bermuda” para conhecer o imúvel de luxo. “Durante toda a negociação, o casal buscou manter discrição e evitar qualquer tipo de holofote”, segundo a reportagem.
A antiga proprietária de casa, Heleuza Maria da Silva, havia se divorciado de Juscelino Sarkis e decidiu colocar o imóvel à venda. “Ela havia ficado com a casa, mas avaliou que era grande demais para suas atuais necessidades e resolveu se mudar do local”, conta o artigo.
“Ainda no ano de 2018, Heleuza procurou imobiliárias e fez o primeiro anúncio da venda da mansão, por um valor de R$ 7,9 milhões. Não houve interessados. O preço foi baixando gradualmente, até chegar no valor de R$ 5,97 milhões, quando o casal Flávio e Fernanda Bolsonaro ficou sabendo do anúncio”.
Fernanda foi visitar a casa e concordou com todas as premissas e disse que queria a casa. Avisou que iria conversar com seu marido sobre o assunto e daria um retorno.
A venda da casa foi feita por Sarkis, que estava namorando a juíza Cláudia Silvia de Andrade. A juíza trabalhou com o ministro bolsonarista João Otávio de Noronha, presidente do Superior Tribunal de Justiça entre 2018 e 2020, aliado de Jair Bolsonaro que votou em defesa de Flávio no tribunal, pela anulação das provas contra ele no caso das rachadinhas.
A compra da mansão ocorreu uma semana após o parlamentar anular no Superior Tribunal de Justiça (STJ) as quebras de sigilo bancário e fiscal do inquérito da rachadinha, no qual ele é investigado por enriquecimento ilícito.
No processo da rachadinha, o Ministério Público do Rio de Janeiro o acusa de desviar R$ 6,1 milhões dos cofres públicos, através do desvio de salários de ex-assessores fantasmas quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Os promotores destacam, ainda, que, entre 2010 e 2017, o então deputado estadual lucrou R$ 3 milhões em transações imobiliárias com “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”.
Pagamentos não batem
Os pagamentos do senador pela mansão de R$ 5,97 milhões em Brasília não batem com a escritura de venda, como revelou, nesta quarta-feira, 3, o portal O Antagonista.
Segundo os registros da transação, fornecidos pelo próprio vendedor do imóvel de luxo, Juscelino Sarkis, Flávio fez a primeira TED em 20 de novembro do ano passado, no valor de R$ 200 mil. Em 9 de dezembro, ele transferiu outros R$ 300 mil e, no dia seguinte, mais R$ 590 mil.
Os valores somam R$ 1.090.000,00, mas na escritura de venda consta que o senador teria pago R$ 2.870.000,00 de entrada. Na escritura, consta também que Flávio Bolsonaro conseguiu um empréstimo de R$ 3,1 milhões com o Banco Regional de Brasília (BRB), em parcelas entre R$ 18,7 mil e R$ 21,5 mil.
O cartório rasurou os valores referentes à composição da renda de Flávio e da esposa Fernanda, que é dentista. Pelas regras do sistema financeiro habitacional, a prestação não pode ultrapassar 30% da renda bruta. O salário líquido do senador é de R$ 25 mil - o bruto é de R$ 33.763
Flávio afirmou que vendeu um apartamento na Barra da Tijuca (RJ) e a franquia de sua loja de chocolates para dar a entrada no imóvel de luxo. Na campanha eleitoral de 2018, o senador declarou patrimônio de R$ 1,7 milhão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Possível fraude também no BRB
Em uma série de postagens no Twitter, o jornalista André Shalders destacou que “o simulador imobiliário do BRB parece (atenção, parece) mostrar que a instituição ofereceu condições mais vantajosas a Flávio Bolsonaro do que ao público em geral ao comprar a mansão no lago sul”.
“Segundo o simulador do banco, um financiamento no valor daquele obtido pelo senador, com o mesmo prazo de pagamento, exigiria uma renda líquida mínima de R$ 46,8 mil -- bem mais que o salário de Flávio no Senado”, diz em outro post.
Como senador, Flávio recebe um salário bruto no valor de R$ 33.763,00, que após os descontos é reduzido para R$ 24,9 mil.
O parcelamento obtido por Flávio Bolsonaro junto ao BRB, foi feito em condições mais vantajosas que as oferecidas ao cidadão comum. O valor de R$ 3,1 milhões foi parcelado em 360 meses, com “taxa de juros nominal reduzida de 3,65% ao ano”, abaixo da inflação do ano passado, que foi da ordem de 4,52%.
O BRB é presidido pelo executivo Paulo Henrique, que tem o nome cotado para assumir a presidência do Banco do Brasil. Ele também é ligado ao governador Ibaneis Rocha, aliado do clã Bolsonaro.
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