Combate à aids não pode retroceder
Nada menos do que 97,5% das mulheres portadoras de aids sofreram algum tipo de violência, dos quais 72% ocorreram antes do diagnóstico da doença
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Documento de mais de duas dezenas de entidades da sociedade civil brasileira voltadas para o trabalho de combate ao HIV-aids, intitulado “SOS: Governo Dilma coloca controle social da Aids em risco de extinção”, divulgado pela ABIA ( Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), é um grave alerta para todos nós, comprometidos com a luta das mulheres e do povo em geral. Acesse o texto.
De maneira lúcida e pontual, o documento revela a enorme crise que as ONGs brasileiras enfrentam, inclusive com a suspensão das atividades de algumas delas que se tornaram símbolos nacionais, como os grupos SOMOS, do Rio Grande do Sul, e os GAPA de Minas Gerais e São Paulo.
O documento aponta as razões: a falta de apoio de recursos financeiros, especialmente de governos e entidades internacionais; do próprio governo brasileiro; o clima “anti-ONGs” na sociedade e, principalmente, a ausência de um diálogo com o Ministério da Saúde. “Não recuperamos em nossa memória recente um período de tamanho distanciamento entre o Ministério da Saúde e a sociedade civil brasileira”, diz o documento.
Esse quadro é gravíssimo e não podemos nos calar. Não podemos aceitar a atual política do Ministério da Saúde que pretende definir suas próprias políticas de saúde, sem a presença e, o mais importante, a parceria, o acompanhamento e a fiscalização das entidades da sociedade civil. “A quem interessa essa debilidade da sociedade civil organizada?”, questiona apropriadamente o texto das entidades.
É um quadro absolutamente distinto do que conhecemos, o Brasil e o mundo, quando da gestão do tucano José Serra no Ministério da Saúde!
Naquela ocasião, o Programa de Combate à Aids do Brasil foi reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) como um modelo a ser seguido por todo o mundo, literalmente.
Revolucionário e inovador, o programa de Serra universalizou o tratamento anti-aids no Brasil, baixou o preço e distribuiu remédios gratuitamente, além de quebrar patentes de medicamentos, com a coragem de um homem de visão, em que os interesses da coletividade estão acima daqueles das corporações.
Nós, mulheres, não podemos aceitar qualquer retrocesso nessa política que ajudou milhares de pessoas, até porque levantamentos oficiais indicam que cerca de 35% dos soropositivos brasileiros são mulheres.
Mas quando se fala de jovens entre 13 e 19 anos no Brasil, a maior parte dos registros oficiais aponta como majoritários os casos das mulheres. Um absurdo!
E, mesmo nessa doença grave, as mulheres são as maiores vítimas e não escapam sequer de atos brutais por parte dos seus companheiros. Nada menos do que 97,5% das mulheres portadoras de aids sofreram algum tipo de violência, dos quais 72% ocorreram antes do diagnóstico da doença. Outro absurdo!
Portanto, continuaremos a cobrar uma ação mais transparente do Ministério da Saúde e uma mobilização em defesa das ONGs para que toda a política implementada na gestão José Serra não se perca por incompetência ou interesses políticos menores deste ou daquele governo.
A saúde da mulher – o pré-natal, a gravidez precoce, o exame da mama – a adoção de políticas públicas voltadas para o combate e à discriminação e à violência contra a mulher sempre foram bandeiras do nosso partido, do PSDB-Mulher.
E vamos continuar defendendo-as. O combate à aids não pode retroceder.
Thelma de Oliveira. Presidente Nacional do PSDB-Mulher
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