Com fim do Caje, DF tem novo modelo de ressocialização

Com o fim do Caje, os 893 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF passam a vivenciar um novo modelo de ressocialização em que humanizar é a palavra-chave; a superlotação de 38 anos deu lugar a espaços amplos e com incentivo à educação; cada um dos três novos complexos terá capacidade para abrigar até 140 adolescentes

Com o fim do Caje, os 893 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF passam a vivenciar um novo modelo de ressocialização em que humanizar é a palavra-chave; a superlotação de 38 anos deu lugar a espaços amplos e com incentivo à educação; cada um dos três novos complexos terá capacidade para abrigar até 140 adolescentes
Com o fim do Caje, os 893 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF passam a vivenciar um novo modelo de ressocialização em que humanizar é a palavra-chave; a superlotação de 38 anos deu lugar a espaços amplos e com incentivo à educação; cada um dos três novos complexos terá capacidade para abrigar até 140 adolescentes (Foto: Leonardo Lucena)


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Fábio Magalhães, da Agência Brasília - Com o fim do Centro de Atendimento Juvenil Especializado (Caje), os 893 adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no DF passam a vivenciar um novo modelo de ressocialização em que humanizar é a palavra-chave. A superlotação de 38 anos deu lugar a espaços amplos, limpos e com incentivo à educação, o que reacendeu a esperança nos jovens que não tinham perspectiva de futuro.

"Quando estava no Caje, tinha apenas meia hora de banho de sol, por estar em fase de adaptação. O resto do tempo ficava dentro do quarto, dormindo no chão, já que só tinha uma cama. Aqui (na nova unidade), tenho 6h de banho de sol e muitas atividades legais. Saímos de um ambiente pesado para um local muito bom", constatou o adolescente André*, 16 anos.

Cumprindo medida socioeducativa pelo ato infracional análogo aos crimes de latrocínio e sequestro, praticado há dois meses na Asa Sul, o jovem, que está há cerca de um mês na Unidade de Internação de São Sebastião, lembrou a difícil realidade vivenciada no antigo Caje. Agora, diante das atividades e serviços oferecidos, André quer tomar um novo rumo na vida.

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"As oficinas, além de ajudar no nosso relatório, vai ajudar no nosso futuro. Quero terminar os estudos. Planejo mudar de vida, ter um filho, dar valor à minha mãe e meu pai. Quero ser feliz, e esse espaço aqui está me ajudando a pensar nisso", destacou o interno.

Além da unidade de São Sebastião, aberta há um mês, a Unidade de Internação de Santa Maria, inaugurada na última quinta-feira (20), também está pronta para receber os adolescentes que ainda estão no Caje e que serão transferidos durante esta semana, o que possibilitará a demolição da antiga instituição.

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"Com essas unidades, vamos dar um tratamento adequado que permita a ressocialização, que é o que toda a sociedade quer. A sociedade não quer uma escola de crime, que um jovem desses que cometeu uma infração volte pior do que ele entrou numa unidade dessa, e é isso que tem acontecido ao longo dos anos, e nós estamos enfrentando isso com determinação", frisou o governador Agnelo Queiroz.

Cada um dos três novos complexos terá capacidade para abrigar até 140 adolescentes. As novas instalações, construídas em 6,2 mil m², contribuirão, de forma significativa, conforme lembrou a secretária da Criança, Rejane Pitanga, para um modelo de excelência na recuperação dos jovens.

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"Cumprimos o compromisso de fechamento do Caje e iniciamos um novo modelo de gestão do sistema socioeducativo do DF. As novas unidades permitem a implantação de um modelo de ressocialização, com educação em tempo integral, cursos profissionalizantes e atividades culturais e esportivas", lembrou Pitanga.

NA PRÁTICA - Com essa modificação estrutural, o GDF colocou à disposição dos adolescentes, em cada unidade, uma estrutura composta por 10 módulos, salas de oficinas profissionalizantes, escolas, área para visitantes, refeitório, campo de futebol, ginásio coberto, teatro de arena e espaço ecumênico. Haverá, ainda, lavanderia e horta.

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Na unidade de São Sebastião, por exemplo, a estrutura de saúde é considerada pelo diretor da instituição, Renato Villela de Souza, "de primeiro mundo". Por lá existem três consultórios: de clínica médica, odontológico e de psiquiatria.

Equipados com macas, computadores e até mesmo com o desfibrilador –que não existia no Caje-, os profissionais de saúde terão mais condições para atender os adolescentes. Agora, o local conta também com uma sala de medicação, que é novidade no sistema socioeducativo. Há, inclusive, um armário refrigerado para vacinas, item que por muitos anos foi exigido para a antiga unidade, mas que não era uma realidade.

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"Aqui é mil vezes melhor, e o próprio espaço dá dignidade para eles e para nós, servidores. Saímos de um buraco, onde precisávamos ser artistas e fazer malabarismos, para o primeiro mundo. Aqui não falta nada", declarou o técnico em enfermagem Cosme Sousa, 52 anos, que há 22 anos trabalha no sistema socioeducativo.

Já o diretor das unidades de internação, Renato Villela de Souza, avalia que a transferência dos internos para outras unidades fará com que a ressocialização ganhe eficácia.

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"Essa mudança não é só estrutural, mas cultural. Não conseguimos mudar a cultura da noite para o dia, mas hoje podemos iniciar isso com as atividades escolares, esportivas e culturais. O sistema socioeducativo está em uma nova fase e finalmente entrou naquilo que realmente pede a lei", reforçou.

A partir da demolição do antigo Caje, o Sistema Socioeducativo do Distrito Federal passa a ser composto por sete unidades. Além das três novas, que ficam em São Sebastião, Santa Maria e Brazlândia –essa última será inaugurada ainda este ano-, existem outras quatro, em boas condições, em Planaltina, Recanto das Emas e uma de internação provisória em São Sebastião, além do Núcleo de Atendimento Integrado, no Setor de Armazenagem e Abastecimento Norte (SAAN).

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