Caso de funcionário morto e escondido pelo Carrefour repercute entre parlamentares

Deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que o caso representa “o desprezo à dignidade dos brasileiros”. “Ocultar o cadáver para não esfriar os lucros”, declarou o jornalista Xico Sá

(Foto: Reprodução)


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247 - A notícia de que uma unidade da rede de hipermercados Carrefour escondeu o corpo de um funcionário que morreu enquanto trabalhava em uma unidade de Recife, Pernambuco, gerou revolta na internet e repercutiu também entre parlamentares e personalidades. Apesar de ter ocorrido na última sexta-feira (14), o caso ganhou notoriedade e invadiu as redes sociais nesta quarta-feira (19), levando a hashtag com o nome da rede aos trending topics do Twitter.

Moisés Santos, 53 anos, promovia produtos alimentícios no local quando sofreu um mal súbito e não resistiu. Para manter o supermercado em funcionamento, empregados da loja bloquearam o acesso visual ao corpo do colaborador com tapumes e guarda-sóis. O corpo dele ficou no local entre 8h e 12h, até ser retirado pelo Instituto Médico Legal (IML).

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Diante da cena, o vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry estimulou uma campanha de repúdio ao supermercado. “Para o Carrefour, a vida de um ser humano nada importa. Esconde o corpo e segue vendendo, lucrando, banalizando a vida! Uma empresa que merece de todos nós total repúdio pela atitude imperdoável”, declarou o parlamentar maranhense. 

Deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) afirmou que o caso representa “o desprezo à dignidade dos brasileiros”. “O que aconteceu no Carrefour é desumano e cruel. O lucro jamais pode ser colocado na frente da vida. Toda solidariedade à família de Moisés”, disse em seu perfil. 

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Companheira de partido, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) questionou os valores da sociedade. “Um trabalhador morreu no Carrefour em Recife e teve seu corpo coberto por guarda-chuvas, engradados e caixas de papelão. Enquanto isso, a vida continuava normalmente no supermercado. Quando deixamos de nos importar com os outros? Quando a vida passou a valer tão pouco?”, lamentou. 

Para o deputado federal Carlos Veras (PT-PE), o caso retrata a importância do trabalhador no Brasil atual. “O caso da morte de um funcionário do Carrefour (PE), que é escondido por guarda-sol, enquanto a loja funciona normalmente, é uma clara demonstração do aspecto descartável que o trabalhador tem para a classe patronal. DESUMANO!”.

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"Deve explicações"

Vice-líder do PT na Câmara, o deputado Odair Cunha (MG) disse que “a falta de humanidade de um ato desse pela empresa Carrefour é enfurecedora”. “Nenhum ser humano, nenhum trabalhador deve estar abaixo dos interesses corporativos nem deve ser tratado com desprezo. O Carrefour deve muitas explicações”, disse o parlamentar. 

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Entre os perfis de anônimos e famosos da rede, também não faltaram críticas. 

'E daí?'

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Relembrando a situação do país diante da pandemia do coronavírus, a escritora Elika Takamoto recordou as mortes oficialmente contabilizadas no Brasil até o momento. “Morreu Moisés Santos. Seu corpo foi levado para um canto, coberto com guarda sóis e escondido com engradados de cerveja. O Carrefour continuou funcionando normalmente. Morreu Moisés Santos como morreram mais de cem mil pessoas e o comércio segue porque... "e daí?". Brasil 2020”, descreveu.

De acordo com a atualização feita pelo Ministério da Saúde, nesta quarta o Brasil registrou mais 1.212 mortes, chegando aos 111 mil óbitos e mais aos de 3,4 milhões de infectados pelo vírus. Na última terça, o país igualou a taxa de mortalidade dos EUA, que lidera o ranking de mortes no mundo causadas pela Covid-19. Ambos os países agora apresentam 52,5 mortes por 100 mil habitantes.

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O Jornalista Xico Sá também não escondeu a revolta. “Ocultar o cadáver para não esfriar os lucros”, declarou, compartilhando a notícia. 

Polêmicas do Carrefour

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Um internauta relembrou outro escândalo protagonizado pela marca, em 2018, quando um cachorro abandonado morreu após ser envenenado e espancado por um funcionário de uma loja da rede em Osasco, na Grande São Paulo. “Lembrando que eles espancaram até a morte um doguinho para continuar funcionando...”, disse um perfil. 

Na época, fotos do animal ferido e a denúncia das agressões foram divulgadas no Facebook. Uma das postagens teve quase 20 mil compartilhamentos. 

Nota do Carrefour

A rede também esteve envolvida em polêmicas após seguranças serem acusados de agredir um vigia, em 2009, em diferentes denúncias de  racismo e foi acusada de violar direitos trabalhistas em mais de uma situação. 

Nesta quarta-feira, o Carrefour divulgou uma nota em sua página do Facebook na qual pede desculpas e admite o erro ao manter a loja aberta enquanto o corpo do promotor de vendas ainda estava estirado no chão do estabelecimento.

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