Câmara deve abrir cassação de deputada bolsonarista Bia Kicis, defende Kakay

Para o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a deputada Bia Kicis incorreu em falta de decoro ao organizar live com blogueiro Allan dos Santos, investigado em inquérito das fake news



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Eduardo Maretti, Rede Brasil Atual - O advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, envia um alerta à deputada federal Bia Kicis (PSL-DF). “A Câmara tem de abrir um procedimento contra ela, de cassação de mandato, por falta de decoro”, disse, à RBA. A parlamentar organizou uma live, nessa quinta-feira (30), na qual o blogueiro Allan dos Santos afirmou que deixou o Brasil por questões de segurança. O blogueiro acrescentou que pode denunciar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Allan dos Santos, que é um dos investigados por participar do gabinete do ódio e da indústria de fake news bolsonarista, menciona na live um suposto plano para derrubar o presidente Jair Bolsonaro.

“Temos de ver a gravidade que é uma deputada federal participar de uma live dessa, para a qual ela é quem estava convidando. Trata-se de uma deputada federal”, afirma Kakay, sobre a cassação de Bia Kicis. “Essa deputada mexeu com a pessoa errada”, avisa o advogado. Allan dos Santos disse na live que o ministro Barroso teria informações sobre grampos telefônicos no Brasil supostamente patrocinados pelas embaixadas da China, Coreia do Norte e também na casa de Kakay, “que é do Partido dos Trabalhadores”.

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Acusação sem provas

O blogueiro não apresentou nenhuma prova, mas apontou as embaixadas, os ministros Barroso e Alexandre de Moraes como culpados se “alguma coisa” acontecer com ele. “Eu estou acusando Luís Roberto Barroso de prevaricação”, afirmou Allan dos Santos.

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Kakay já defendeu inúmeros governadores, presidentes do Senado, quatro ex-presidentes da República. E acredita que o chamado “espírito de corpo”, que historicamente tem blindado parlamentares de processos que cheguem à cassação, não os protegerá por muito mais tempo. “Eu acho que essas coisas estão cansando. A política não suporta mais uma pessoa como essa”, avalia, sobre a cassação de Bia Kicis.

Quanto a Allan dos Santos, o advogado diz que não pensa em processá-lo. “Eu sou um advogado, não vou ficar batendo boca com um cara desse nível. Não vou processá-lo porque acho que estaria prestigiando e polemizando com um João Ninguém. Para mim, ou ele é inimputável – e aí não tem que processar – ou está a serviço do gabinete do ódio.”

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O advogado acrescenta: “A história é teratológica (anômala), eu, a embaixada da China e da Coréia. É um triste momento que nós passamos”.

E ressalta que liberdade de expressão é um dos pilares da democracia. “É importantíssima, mas não existe liberdade absoluta, a pessoa tem de ter responsabilidade.”

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Enfrentamento

Em 27 de maio, Allan dos Santos foi um dos alvos da Polícia Federal em ação de busca e apreensão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. A operação se deu no âmbito do inquérito das fake news, que apura não apenas as notícias falsas mas também ameaças às instituições e a ministros do próprio STF.

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Para Kakay, esses estado de coisas justifica plenamente o inquérito do Supremo. “Felizmente, esse inquérito, que foi muito questionado no início, o Supremo decidiu que é válido. É importantíssimo”, avalia. “Conversei com o presidente do Supremo (Dias Toffoli), que disse que depois de terem sido tomadas providências de busca e apreensão e determinar a paralisação de certas contas (nas redes sociais), houve diminuição enorme das ameaças. Temos de enfrentar isso.”

Quem financia

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Em julgamento de 27 de junho, o STF decidiu que o inquérito é constitucional, e, portanto, válido. Para o advogado, a importância da investigação é que ela pode demonstrar concretamente quem são os financiadores das campanhas de notícias falsas e ameaças. O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, é apontado como um desses financiadores desde antes das eleições de 2018.

“Pessoas como Allan dos Santos são insignificantes. O que importa é saber quem está financiando esse gabinete do ódio, as fake news, quem está por trás dessa campanha de difamação das pessoas”, diz Kakay. “Isso é muito grave. Já há empresários com sigilo quebrado, que provavelmente estão por trás e financiando isso. Eu não sou político, por que estão me atacando?”

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