Bolsonaro vetou pontos do pacote anticrime para proteger Flávio, denuncia Moro
Em entrevista à Crusoé, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro disse que as ações de Jair Bolsonaro para proteger aliados e familiares e as alianças com o Centrão batem de frente com seu discurso contra a corrupção da época da campanha eleitoral. Moro ainda disse que, no início do governo, já havia sido cogitado a inclusão de policiais no Planalto para dar informações a Bolsonaro
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247 - O ex-ministro da Justiça Sergio Moro disse, em entrevista à revista Crusoé (ligada ao site O Antagonista) que Jair Bolsonaro não vetou dois pontos do pacote anticrime para proteger o filho, o senador Flávio Bolsonaro. Ele ainda disse que restrições à decretação de prisão preventiva e a acordos de colaboração premiada batem de frente com o discurso contra a corrupção e a impunidade adotados por Bolsonaro durante campanha eleitoral.
"Me chamou a atenção um fato quando o projeto anticrime foi aprovado pelo Congresso. Infelizmente houve algumas alterações no texto que acho que não favorecem a atuação da Justiça criminal. Tirando a questão do juiz de garantias, houve restrições à decretação de prisão preventiva e também restrições a acordos de colaboração premiada. Propusemos vetos, e me chamou a atenção o presidente não ter acolhido essas propostas de veto, especialmente se levarmos em conta o discurso dele tão incisivo contra a corrupção e a impunidade. Limitar acordos e prisão preventiva bate de frente com esse discurso. Isso aconteceu em dezembro de 2019, mesmo mês em que foram feitas buscas relacionadas ao filho do presidente", disse Moro à Crusoé.
Aliança com o Centrão para barra o impeachment
O ex-juiz da Lava Jato em Curitiba ainda disse que essa incoerência é expressa nas novas alianças com parlamentares do Centrão, "que não se destacam exatamente pela imagem de probidade". Para ele, isso é uma forma de barrar o pedido de impeachment.
"No que se refere às alianças políticas, o discurso do presidente era muito claro no sentido de que ele não faria alianças políticas com o Centrão e agora ele está fazendo. E a culpa por isso não pode ser posta em mim".
“Isso precedeu a minha saída. Começou antes, pelo receio do presidente de sofrer um impeachment. A motivação principal da aliança é essa", ressaltou.
Polícia Federal e sistema de informação e segurança pessoal
Moro ainda disse que Bolsonaro tentou estabelecer o sistema de informação e segurança pessoal, que levanta a possibilidade de Bolsonaro ter agentes da polícia que trabalham para dar-lhe informações - o que foi reforçado pela denúncia de Paulo Marinho - desde o início do governo, quando foram solicitados “talvez” cinco policiais federais para atuar no Palácio do Planalto.
"Isso nunca me foi colocado nesses detalhes. O que houve no começo do governo, no início de 2019, foram solicitações informais para que nós cedêssemos um número até significativo de policiais federais para atuar diretamente no Palácio do Planalto. Mas essa ideia, como foi revelado pelo falecido Gustavo Bebianno, foi abortada. Isso foi cortado. Isso não evoluiu."
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