Bolsonaro faz nova ameaça golpista e coloca forças armadas acima da soberania popular

"As Forças Armadas não é minha, é de cada um de nós (sic). É aquela última que pode dizer realmente para que caminho nós devemos seguir, obviamente se orientando na vontade popular do povo brasileiro", disse

(Foto: Divulgação)


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Por Ricardo Brito (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas são a instituição que poderá dizer em última instância que caminho o país pode seguir conforme a vontade popular, em solenidade nesta terça-feira no Palácio do Planalto.

"As Forças Armadas não é minha, é de cada um de nós (sic). É aquela última que pode dizer realmente para que caminho nós devemos seguir, obviamente se orientando na vontade popular do povo brasileiro", disse.

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Novamente, Bolsonaro tenta atribuir às Forças Armadas uma espécie de papel de Poder Moderador no país, que não está previsto na Constituição, conforme já esclarecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado. Mais de uma vez o presidente disse que quem decide se povo vive numa democracia ou não são as Forças Armadas.

No ato de lançamento de um programa para caminhoneiros autônomos, o presidente citou o fato de no sábado o ministro da Defesa, general da reserva Braga Netto, ter participado e usado o microfone durante um evento na Esplanada dos Ministérios organizado por simpatizantes de Bolsonaro.

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O presidente disse que o ministro é um ser humano igual e tem enorme responsabilidade, destacando que o Ministério da Defesa --responsável por coordenar as ações do Exército, Marinha e Aeronáutica-- está presente nos quatro cantos do Brasil.

"Em qualquer país do mundo quem diz se aquele povo vai ter liberdade ou não só é quem tem força ou não é?", questionou.

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"Jamais vou querer endeusá-lo, mas respeitá-lo acima de tudo até pela iniciativa de nos acompanhar para mostrar para o povo brasileiro que nós temos alguém que quer a liberdade não o contrário", emendou ele, citando a ida de Braga Netto com ele na manifestação.

A ida de Braga Netto --que ocupava o Ministério da Casa Civil-- para a Defesa em abril envolveu a troca ainda de todos os comandantes das três forças. Bolsonaro pretendia ter um maior alinhamento das Forças Armadas, que ressentia não ocorrer na gestão do antecessor Fernando Azevedo.

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LIBERDADE

O presidente repetiu que a liberdade é mais importante que a vida e disse que ela estaria sendo ameaçada. Apontou mais uma vez para os vizinhos Venezuela e Argentina, em referência a países governados pela esquerda. E falou da importância de o Brasil ter, nas palavras dele, um defensor da liberdade como presidente em 2023, numa possível sugestão ao seu próprio nome.

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"Não temos o possível melhor candidato para o Brasil. Temos a necessidade de ter alguém na Presidência em 23 que possa atender aos anseios de liberdade de cada um de nós", disse ele.

A declaração de Bolsonaro se dá no momento em que pesquisa Datafolha coloca o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com grande vantagem sobre ele na disputa ao Planalto do próximo ano. O petista foi beneficiado por decisões do STF e reabilitado a concorrer a cargos eletivos.

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O presidente disse que o "único e grande prazer" que tem em ocupar a cadeira da Presidência da República é evitar quem estaria lá --uma referência ao também petista Fernando Haddad, que disputou no lugar de Lula em 2018 e derrotado por Bolsonaro.

No discurso, Bolsonaro disse ainda que há problemas enormes no Brasil e que precisa do Parlamento e de um entendimento com o Poder Judiciário. Citou que o último dos Poderes é importante para o governo, mas ressalvou que há "alguns xiitas" que atrapalham o desenvolvimento do Brasil.

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