Bolsonaro comemora "maior programa de privatização do mundo" na abertura dos trabalhos no Congresso

Bolsonaro, em Sessão Solene de abertura do ano legislativo, ignorou perda de confiança dos investidores estrangeiros no Brasil e comemorou programa fracassado

(Foto: Reprodução)


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Por Juca Simonard, 247 - Com discurso embolado e burocrático, Jair Bolsonaro (PL) falou na Sessão Solene do Congresso Nacional de abertura do ano legislativo, nesta quarta-feira, 2. Apesar da enrolação entediante e desconexa da atual realidade sofrível do povo brasileiro e do Brasil, algumas falas chamaram atenção.

Privatizações

Desconsiderando o fracasso das privatizações no Brasil, Bolsonaro comemorou pelo país contar “com o maior programa de parceria, privatizações e concessões do mundo”. Ao contrário do sucesso que busca apresentar o presidente, o programa de “desestatização” do Ministério da Economia está prejudicando o Brasil.

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Para exemplificar, basta lembrar o caso recente da refinaria Landulpho Alves, atual Mataripe, após ser comprada pelo fundo Mubadala, dos Emirados Árabes. Com menos de um mês da privatização, a refinaria localizada na Bahia deixou navios da região sem combustível.

Bolsonaro, no entanto, comemora o fato de o País ter arrecadado mais de R$ 800 bilhões em investimentos, o que, segundo ele, “representa confiança e credibilidade no país”. A afirmação, no entanto, não corrobora com os fatos. Como se vê no recente caso da privatização do Polo Potiguar, no Rio Grande do Norte, as privatizações no Brasil são, na verdade, entrega do patrimônio nacional.

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Em nota, o Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do Rio Grande do Norte, filiado à Federação Única dos Petroleiros - CUT, denunciou a “negociata” por trás da privatização do polo. O governo não só entregou a exploração, como também toda a estrutura produtiva, de refino, etc. E tudo isso a um valor menor do que deveria.

E assim seguiram outras privatizações. Não se trata, portanto, de "credibilidade", mas de transformar o Brasil numa terra-arrasada, entregando as riquezas nacionais a custo baixo para os investidores estrangeiros.

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Bolsonaro insistiu no tema da credibildiade. “Somente no corrente mês entrou mais dinheiro de fora, em dólar, do que no ano de 2021. É uma prova inequívoca da confiança do investidor estrangeiro no país”, afirmou.

A realidade, todavia, é outra. O Brasil caiu para a 10ª posição nos destinos de investimentos globais, segundo a consultoria PwC, que faz pesquisa anual com presidentes de grandes companhias de todo o planeta. É o resultado do golpe de Estado e do governo Jair Bolsonaro. Em 2013, antes do golpe e durante o governo Dilma Rousseff (PT), o Brasil ocupava a terceira posição.

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Em outras palavras, mesmo com a política entreguista, o Brasil, que era 3º destino global de investimentos com Dilma, caiu para a 10ª posição com Bolsonaro.

Lula, regulamentação da mídia e reforma trabalhista

O único momento em que Bolsonaro saiu do tom monótono, burocrático, foi para alfinetar o ex-presidente Lula (PT) — sem, no entanto, mencionar o seu nome. O ex-presidente, em suas entrevistas no Brasil e no exterior, tem batido na tecla da regulamentação da mídia.

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“Em 22, continuaremos trabalhando para o desenvolvimento, o progresso e o bem-estar do nosso povo, sempre calcados nos nossos princípios, nos nossos valores e na nossa democracia. Os senhores nunca me verão vir aqui neste Parlamento pedir pela regulação da mídia e da internet, e espero que isso não seja regulamentado por qualquer outro Poder. A nossa liberdade acima de tudo”, disse em tom agressivo.

A indireta não foi somente a Lula, como também aos setores do Legislativo e às supremas cortes do País, que pretendem desenvolver projetos de combate às chamadas “fake news”. A crítica a Lula e ao PT tornou-se mais aberta na frase seguinte: “também nunca virei aqui para anular a reforma trabalhista aprovada por este Congresso. Afinal, os direitos trabalhistas continuam intactos”.

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Aqui cabem duas colocações. Primeiro, o foco de Lula, como explicitado em suas entrevistas, é promover um debate entre a sociedade e Congresso Nacional para rever o modelo de funcionamento dos meios de comunicação. Segundo, a reforma trabalhista, que Lula e dirigentes petistas têm atacado insistentemente, se revelou um outro fracasso do golpe: não gerou empregos, ao contrário, facilitou o desemprego e a precarização; e gerou, sim, ao contrário do que diz Bolsonaro, retirada de direitos trabalhistas.

“Defesa” da liberdade de imprensa

Novamente em tom mais alto, no fim de sua fala, Bolsonaro afirmou: “não deixemos que qualquer um de nós, quem quer que seja que esteja no planalto central, ouse regular a mídia, não interessa por que, por qual intenção ou objetivo. A nossa liberdade, a liberdade de imprensa, garantida em nossa Constituição, não pode ser violada por quem quer que seja nesse país”.

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A “defesa” da liberdade de imprensa por Bolsonaro, no entanto, não condiz com suas atitudes. Durante o governo Bolsonaro, o Brasil, desde o ano de 1990, nunca registrou tantos casos de violência contra jornalistas, segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Bolsonaro, sozinho, é apontado como o principal agressor. Ele cometeu 147 investidas contra jornalistas em 2021, e tem buscado dificultar o trabalho da imprensa. Na última sexta-feira, 28, Bolsonaro instalou lonas no Palácio do Planalto, dificultando o trabalho dos jornalistas que cobrem seu dia-a-dia.

Armamento do latifúndio

Chamou atenção também que, durante seu discurso, Bolsonaro defendeu o armamento dos produtores rurais “para poder trabalhar e proteger seu patrimônio” e a criação de títulos de propriedade para os agricultores sem-terra, assentados. O projeto faz parte da iniciativa do governo Bolsonaro de atacar os movimentos sociais de luta pela terra, permitindo a privatização dos terrenos. 

“O homem do campo, esse assentado, deixou de ser escravizado de um governo de plantão”, destacou. O pequeno agricultor, sob pressão em meio à violência no campo, terá o “direito” de vender suas terras para os grandes latifundiários.

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