Bolsonaro, Centrão e Rodrigo Maia, querem o corte do auxílio para R$ 300

“Não tenho dúvida de que vão aprovar (os R$ 300). O Centrão ‘ajustou’ o governo. É uma constatação”, afirma Júlio Delgado (PSB-MG). “Se mantivesse os 600 reais, seria melhor até para Bolsonaro. Voltando para os 300 reais, quem vai perder politicamente é ele”, completa

Alcolumbre, Bolsonaro e Maia dão declarações a jornalisas do lado de fora do Palácio da Alvorada
Alcolumbre, Bolsonaro e Maia dão declarações a jornalisas do lado de fora do Palácio da Alvorada (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


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Rede Brasil Atual - De acordo com deputados da oposição, o apoio do Centrão vai levar o governo de Jair Bolsonaro a conseguir aprovar a  extensão do auxílio emergencial em mais quatro parcelas, mas reduzido pela metade (de R$ 600 para R$ 300), de acordo com a agenda do ministro Paulo Guedes (Economia) e apesar da tragédia sanitária sem precedentes provocada pela pandemia de coronavírus. Bolsonaro vai enviar ao Congresso uma media provisória estabelecendo a prorrogação e o novo valor.

“A oposição vai manter a posição pelos 600 reais e vamos tentar negociar isso. Quanto a passar ou não, estou achando difícil. O governo está consolidando a base dele, que está cada dia mais sólida. É difícil que a nossa posição passe”, antecipa a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

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“Não tenho dúvida de que vão aprovar (os R$ 300). O Centrão ‘ajustou’ o governo. É uma constatação”, afirma Júlio Delgado (PSB-MG). “Se mantivesse os 600 reais, seria melhor até para Bolsonaro. Voltando para os 300 reais, quem vai perder politicamente é ele”, completa.

Outro Maia

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Ambos os parlamentares consideram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não repetirá a atuação que apresentou quando a Casa aprovou o auxílio emergencial de 600 reais, no início da pandemia. O governo inicialmente propôs um voucher de R$ 200 para ser utilizado na compra de itens de necessidades básicas, como alimentos e produtos de higiene e limpeza.

Jandira e Júlio afirmam que, desta vez, Maia vai sustentar a proposta do governo. “Acho que agora ele não vai apoiar valor maior. Todos se voltaram aos 300 (reais)”, avalia Jandira. “Ele defende o discurso do Guedes e vai defender os 300 (reais). Mais um equívoco dele”, observa Delgado.

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• Com R$ 325 bi do BC para o Tesouro, governo reforça prioridade a bancos em tempos de pandemia

Enio Verri (PT-PR), líder do seu partido na Câmara, lembra que Paulo Guedes quer que o Banco Central devolva R$ 400 bilhões ao Tesouro Nacional, que resultam dos lucros com operações cambiais e reservas internacionais. “Esses 400 bilhões cobrem por oito meses o auxílio emergencial, que custa 50 bilhões de reais por mês. Nós do PT e a oposição em geral achamos um equívoco a redução para 300 reais e defendemos a manutenção até dezembro. Afinal, 600 reais já é um valor baixo, imagina cortar pela metade.”

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Orçamento do desmonte

Apesar da não se vislumbrar no horizonte o fim da pandemia de covid-19, o projeto do Orçamento da União para 2021, enviado pelo governo ao Congresso, prevê gastos discricionários (não obrigatórios por lei), tanto para saúde como para educação, menores do que em 2020.

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Se forem levadas em consideração apenas as despesas discricionárias, ou não obrigatórias, Saúde e Educação terão queda em relação ao projeto enviado pelo governo ao Congresso em 2019, com valores para 2020. Para a pasta da Saúde, a verba proposta é 12,13% inferior e para a Educação, a queda é de 8,61%, na comparação com o projeto orçamentário de 2019. Já para a  Defesa, sobe de R$ 10,105 bilhões em 2020 para 11,738 bilhões (aumento de 16,16%).

“O Orçamento é um horror”, diz Jandira Feghali. “Reduz  o papel do Estado, reduz o dinheiro de saúde, educação e ciência. Diminui o orçamento discricionário em relação ao PIB. Joga para ter superávit primário. É ajuste fiscal na veia. Mantém o teto de gastos e mantém a mesma agenda de antes da pandemia.”

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Teto de gastos

Apesar da disposição da oposição de derrubar o teto de gastos, Júlio Delgado acredita que a reordenação política da base de Bolsonaro com o Centrão vai ser suficiente para manter a amarra em 2021.

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Para Verri, a proposta de orçamento apresentada tem “o pecado do teto de gastos”. “Onde está escrito que a partir de 1° de janeiro de 2021 não vai ter mais pandemia?”, questiona. “O governo está se comportando como se a partir dessa data a pandemia estará extinta, a economia se recuperando e tudo voltará à normalidade. Mas, com este orçamento apresentado, mesmo que não tivesse pandemia, não teria como voltar à normalidade.”

• Com queda de quase 10% no trimestre, PIB tem seu pior resultado histórico

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre teve queda histórica de 9,7% e o país ficou na 22ª posição no ranking internacional. “Hoje estamos em 22° lugar do mundo, mas certamente estaríamos entre os piores se não tivéssemos tido o auxilio de 600 reais”, diz Delgado.

Guedes à parte

Já Paulo Guedes, cuja queda, episodicamente, é dada como certa, continua impassível e insensível à tragédia, levando a agenda radicalmente neoliberal à frente. Na terça-feira (1), ele declarou que as quatro parcelas do auxílio emergencial, até dezembro, com a redução do valor para a metade, “são as últimas camadas de proteção que estamos lançando”. “Está havendo uma tentativa de uma aterrissagem suave, descendo para R$ 300, quatro prestações até o fim do ano”, explicou.

Na opinião de Verri, a peça orçamentária “já chega falida, uma peça de faz de conta que é a cara do Paulo Guedes. Para eles o povo não existe”.

• Lula: não adianta criar Renda Brasil e não aumentar o salário mínimo

O salário mínimo também foi incluído no pacote de maldades do orçamento. A previsão para 2021 é de R$ 1.067, corrigido apenas pelo INPC estimado até dezembro, sem aumento real pelo segundo ano consecutivo. Segundo o Dieese, o valor proposto pelo governo Bolsonaro é 24,1% do valor necessário para garantir o sustento de uma família de quatro pessoas.

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