Após processos instaurados pelo Conselho de Ética contra seis deputadas, bancada feminina denuncia machismo

O Conselho de Ética da Câmara sacudiu as estruturas do Parlamento ao instaurar processos contra seis deputadas, em uma decisão que gerou polêmica e reações inflamadas

(Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)


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247 — Na tarde desta quarta-feira, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados sacudiu as estruturas do Parlamento ao instaurar processos contra seis deputadas, em uma decisão que gerou polêmica e reações inflamadas. As parlamentares Célia Xakriabá (PSOL-MG), Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Talíria Petrone (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSOL-RS) e Juliana Cardoso (PT-SP) são as alvos da investida, movida pelo PL, partido que tem entre seus membros o ex-presidente Jair Bolsonaro.

O motivo das representações apresentadas pelo PL remonta à votação do projeto do marco temporal de terras indígenas, ocorrida no final de maio. O partido acusa as deputadas de quebra de decoro parlamentar durante a sessão, alegando que elas teriam proferido palavras ofensivas aos membros da oposição. O PL destaca que, mesmo com os microfones cortados, as deputadas prosseguiram com os insultos, utilizando-se também das redes sociais para "manchar a honra de diversos deputados".

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Entretanto, as acusações do PL não passaram em branco e encontraram forte resistência por parte da bancada feminina, que não poupou críticas à ação do Conselho de Ética. As deputadas denunciaram uma orquestração por trás da instauração dos processos e alegaram que o episódio evidencia um claro viés machista na comissão. A sessão do Conselho foi marcada por momentos de tensão, com bate-boca, troca de acusações e ironias entre os parlamentares.

Talíria Petrone, uma das deputadas afetadas, não hesitou em denunciar o processo como "contaminado por machismo". Em suas palavras, "Coincidentemente, os focos são corpos femininos, uma bancada específica. É um ataque conjunto, com a anuência desta comissão". Juliana Cardoso também se manifestou, destacando que as deputadas enfrentam constantes ataques, sendo chamadas de "abortistas" e "vagabundas" diariamente na Casa, sem que haja uma indignação similar por parte dos colegas. Ela levantou questões pertinentes ao papel da Comissão de Ética, que deveria servir como proteção aos parlamentares, e não como uma ferramenta para perseguição com base no gênero.

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O presidente da Comissão de Ética, Leur Lomanto Júnior (União-BA), por sua vez, buscou assegurar que todos os critérios técnicos foram devidamente seguidos na instauração dos processos e garantiu igualdade de tratamento. No entanto, seu posicionamento foi contestado quando, durante a sessão, ele cortou o microfone da deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), gerando acusações de machismo.

A Coordenação da Bancada Feminina da Câmara não poupou críticas à decisão do Conselho de Ética, argumentando que as representações configuram violência política. Em nota, ressaltaram que tais ações têm como objetivo silenciar as parlamentares, impedindo-as de exercerem seus mandatos e violando seus direitos políticos.

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No entanto, as opiniões divergentes se fizeram presentes no cenário político. A deputada Júlia Zanatta (PL-SC) discordou da caracterização dos processos como violência de gênero, argumentando que as colegas de partido não se manifestaram quando ela foi vítima de assédio na Casa. Ela questionou se a defesa das mulheres se restringe apenas a determinado campo político.

A decisão do Conselho de Ética também levantou questionamentos sobre a seletividade na pauta das ações. Enquanto as representações contra as deputadas foram prontamente encaminhadas ao Conselho, ações contra quatro deputados do PL, acusados de estimular vandalismo em janeiro, seguem paradas há mais de quatro meses. A deputada Ana Paula Lima (PT-SC) questionou os critérios utilizados e expressou preocupação com os graves precedentes que podem ser abertos pela comissão.

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