Antes de ser assessor de Bolsonaro, Filipe G. Martins trabalhou na Embaixada Americana
O trabalho de consultoria de Filipe Martins para o Departamento de Estado é uma evidência de que o relacionamento do governo dos EUA com a extrema direita olavista do Brasil não começou com a eleição de Trump ou de Bolsonaro, relata reportagem do portal Brasil Wire
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Do Brasil Wire. Tradução de Nathália Urban - Filipe Martins, assessor especial para assuntos internacionais do presidente Jair Bolsonaro, foi acusado de fazer um gesto de supremacia branca durante discurso do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, durante sessão no Senado.
A notícia foi capturada pela própria emissora de TV do Senado, e Randolfe Rodrigues, senador pelo Amapá, denunciou o ocorrido à polícia. Martins negou ter feito o gesto racista infame, mas o vídeo capturadoparecia confirmar a acusação, e as imagens viralizaram nas redes sociais, gerando uma onda de indignação no principal aliado de Bolsonaro.
O incidente chama a atenção para Martins, sua posição atual, histórico de empregos incomuns, conexões diretas com o governo dos Estados Unidos e seu relacionamento com a extrema direita brasileira.
Depois de trabalhar no Tribunal Eleitoral Eleitoral (TSE) até as eleições de 2014, Filipe Martins tornou-se “assessor econômico” da embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
Martins, a quem se atribui a apresentação de Jair Bolsonaro a Steve Bannon, trabalhou na embaixada durante o período do golpe entre dezembro de 2014, após a eleição, e julho de 2016, quando o impeachment de Dilma Rousseff estava praticamente selado.
De acordo com o perfil de Martins no LinkedIn, ele foi responsável por pesquisas sobre a conjuntura política e econômica no Brasil, em particular as relações bilaterais com os EUA, e monitoramento da mídia durante o período do golpe.
Saindo da embaixada após o impeachment de Dilma, Martins então se tornou parte do grupo em torno da candidatura presidencial de Jair Bolsonaro, acabando por conseguir um cargo consultivo com ele. Martins é um discípulo de 32 anos do “guru” de extrema direita Olavo de Carvalho, e dá cursos em sua “filosofia”. Ele influenciou a política externa do governo Bolsonaro, ao lado do filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, acusado por um ex-aliado de entregar um dossiê de esquerdistas e antifascistas à embaixada dos Estados Unidos em Brasília.
O trabalho de consultoria de Martins 2014-16 para o Departamento de Estado é uma evidência de que o relacionamento do governo dos EUA com a extrema direita olavista do Brasil não começou com a eleição de Donald Trump ou Jair Bolsonaro.
Em julho de 2019, Martins se reuniu com o chefe do FBI no Brasil, David Brassanini, que estava acompanhado de William Popp, vice-chefe da missão na embaixada dos Estados Unidos. Brassanini é o principal supervisor da expansão do FBI no Brasil desde que Bolsonaro (e Sérgio Moro) assumiu o cargo, conforme documentado aqui.
Durante a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre as supostas notícias falsas, Filipe Martins foi acusado pelo deputado federal Alexandre Frota de apresentar Bolsonaro a Steve Bannon e de “promover linchamentos virtuais”. Martins foi intimado a comparecer à CPI para esclarecer sua suposta participação no chamado “gabinete do ódio”, que controla as milícias digitais do presidente e funciona como uma fábrica de notícias falsas.
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