Aniversário em ritmo de campanha
Em meio a acusaes referentes aos tempos em que foi ministro do Esporte e diretor da Anvisa, governador comemorou os 53 anos com militncia, autoridades e palanque
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Noelle Oliveira e Naira Trindade_Brasília 247 – Em clima de campanha eleitoral, daquelas que seguem com ampla vantagem de votos, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, comemorou, na noite desta quarta-feira (9), 53 anos. A festa foi em uma churrascaria, mas a organização do PT parece ter subestimado o número de presentes. A recepção, preparada para 700 pessoas, teve aproximadamente 1,3 mil. Muitos ficaram do lado de fora por falta de espaço. Quem estava lá dentro teve de disputar lugar nos corredores com os garçons, que durante toda a noite circulavam irritados com a confusão. Nem a chuva que caía na capital foi capaz de espantar militantes e autoridades que ficaram do lado de fora esperando por Agnelo. Quando o aniversariante chegou, acompanharam uma queima de fogos de aproximadamente cinco minutos.
A presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão, e do ex-ministro José Dirceu foram as mais comemoradas. Em um palanque improvisado, Falcão discursou e mostrou o apoio do partido a Agnelo em um momento político delicado. O governador é bombardeado por denúncias de envolvimento em desvio de verbas quando foi ministro do Esporte, em 2006, e quando dirigiu a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2008. "Não nos acuarão com calúnias e mentiras torpes, nos atacam de forma covarde, protegidos pelo anonimato; você, Agnelo, age à luz do dia, de forma transparente", disse Falcão. "Minha presença aqui representa a solidariedade integral do PT do Brasil inteiro." Apesar dos pedidos dos presentes, Dirceu não discursou. Estava em cima do palco, mas não foi convidado a falar.
Agnelo também fez referência à crise que enfrenta. "Juscelino Kubitschek foi atacado e construiu Brasília, esses ataques só me dão mais força", rebateu. Aliados do governador ficaram satisfeitos com o comparecimento de Falcão, mas celebravam mesmo o discurso de um personagem do próprio governo, o vice de Agnelo, Tadeu Filippelli (PMDB). "A presença dele mostra a união do governo", disse um distrital. A tática de mostrar cada vez maior proximidade entre o governador e o vice é recorrente desde que estouraram os escândalos, inclusive nas reuniões com a base de apoio. Para alegria geral, Filippelli homenageou o aniversariante iniciando seu discurso com a marcante saudação petista: "Companheiros e companheiras". Preferiu focar nos trabalhos: "Nós conseguimos construir um novo caminho, o governador Agnelo, em 11 meses, não tomou uma atitude de ilegalidade, coisa que os nossos adversários, há tanto tempo no poder, não fizeram".
Apoio local
A maioria estava bem à vontade. Tinha figura importante do governo local virando chope na jarra. Outros secretários, porém, mantinham a discrição e o ar sério. Poucos ficaram até o fim da festa, que seguiu pela madrugada. A maioria foi embora depois que Agnelo discursou. Não esperou nem os parabéns, muito menos o bolo – que tinha a foto do governador, era branco e com muitas estrelas vermelhas. Alguns dos presentes que tiveram o nome envolvido nas denúncias junto a Agnelo retrucavam as acusações com uma ideia já difundida. "A direita quer voltar ao poder, mas não vão conseguir", repetiam.
A festa de aniversário não estava na agenda oficial do senador Gim Argello (PTB), mas ele apareceu de relance. Foi embora logo depois que o governador chegou, por volta das 21 horas. Os senadores Rodrigo Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT) não foram à celebração, assim como o deputado federal José Antônio Reguffe (PDT). Em compensação, o presidente da Câmara Legislativa, deputado Patrício (PT), subiu ao palco. Ele e muitos outros, como o secretários de Estado Geraldo Magela, Paulo Tadeu, Rafael Barbosa, José Walter Vazquez, Cristiano Araújo, Abimael Nunes, Wilmar Lacerda, Luis Otávio Neves, Arlete Sampaio, Dirsomar Chaves e Eduardo Brandão. Enfrentaram longa fila até conseguir chegar ao palanque. O calor fez com que muitos deixassem os blazers de lado. "Vale a pena para dar um abraço no Agnelo", repetia um enquanto aguardava.
O chefe de gabinete do governador, Cláudio Monteiro, foi um dos que permaneceram por mais tempo no jantar. Ele destacou o prestígio do petista. "Agnelo está melhor do que a música de Roberto Carlos, ele tem 1 milhão de amigos", arriscou.
Os distritais também disputavam o pequeno espaço no palanque. Os deputados Olair Francisco (PTdoB), Evandro Garla (PRB), Joe Valle (PSB), Chico Vigilante (PT), Rejane Pitanga (PT), Cláudio Abrantes (PPS), Israel Batista (PDT), Washington Mesquita (PSD) e Wasny de Roure (PT) estavam por lá. Benedito Domingos apareceu e acompanhou tudo ao lado de Agnelo. José Eudes, da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Marco Antonio Campanella, diretor do DFTrans, e o chefe da Casa Militar, Rogério Leão, também foram à churrascaria. A música ficou por conta dos militantes. Eles estavam ensaiados e alternavam espécies de jingles. O preferido até alguns distritais, como Israel Batista, cantaram. "A Copa do Mundo é nossa; com Agnelo não há quem possa", repetiam.
Envolvidos defendem-se
Rafael Barbosa, secretário de Saúde, foi um dos poucos que ficou até mais tarde. Pela primeira vez, falou sobre as acusações que envolvem seu nome em um suposto desvio de verbas no Ministério do Esporte, quando ele era secretário nacional de Esporte Educacional. "Estou absolutamente tranquilo; assino hoje na secretaria o mesmo tipo de documentos que assinava no ministério, trata-se de uma manobra que quer atingir os pontos mais fortes deste governo", considerou.
O administrador de Brazlândia, Bolivar Rocha, também desqualificou as acusações. A deputada distrital Celina Leão (PSD) afirmou nos últimos dias que o atual pivô das denúncias contra Agnelo, Daniel Tavares LINK, teria dito que foi indicado por Bolivar para trabalhar na Administração de Brasília na atual gestão. "Não conheço o Daniel, nem mesmo tenho qualquer relação com a deputada Celina", disse.
O advogado de Agnelo, Luiz Alcoforado, aproveitou a festa para admitir que recebeu R$ 500 mil de uma empresa farmacêutica, a Neoquímica. O fato também foi revelado à distrital Celina Leão por Daniel Tavares. Segundo o denunciante, que depois voltou atrás em seu depoimento, Alcoforado recebeu o dinheiro sem nunca ter prestado serviços. O advogado disse que prestou, sim, uma consultoria e que teria como provar isso. "Não foi propina, a não ser que a agora queiram criar a 'propina legal'", afirmou. Não revelou, no entanto, quais foram os serviços prestados.
Já era quase meia-noite quando Agnelo terminou de cumprimentar os presentes e sentou ao lado de sua mulher, Ilza Maria, para jantar. Ela estava com a família em um local um pouco mais reservado da churrascaria. O governador foi presenteado prontamente com um pedaço de picanha. "Dizem que quando passa o dia de aniversário, acaba o inferno astral", comentou o deputado petista Chico Vigilante, que nos últimos dias encarnou o papel de defensor do governador na Câmara Legislativa. A referência ao inferno astral foi uma resposta ao discurso de Liliane Roriz (PSD) no plenário na tarde de quarta.
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