"Ação da Polícia Militar sempre foi limitada pelas Forças Armadas”, diz ex-chefe da PMDF na CPMI do 8 de janeiro

Depoimento aponta que a PMDF foi impedida de atuar no acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília

Jorge Eduardo Naime 26/6/23
Jorge Eduardo Naime 26/6/23 (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)


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247 - As Forças Armadas foram a principal instituição responsável pelo esvaziamento das iniciativas para desmobilizar o acampamento de manifestantes bolsonaristas insatisfeitos com o resultado das eleições 2022, disse o ex-chefe do Departamento de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Jorge Eduardo Naime, em depoimento prestado nesta segunda-feira (26) à CPI dos atos golpistas no Congresso Nacional. Ele está preso devido à suspeita de negligência em sua atuação nos atos golpistas. 

“A ação da Polícia Militar sempre foi limitada pelas Forças Armadas”, disse Naime. Ele alega que as forças policiais não conseguiam atuar no acampamento montado em frente ao Quartel General do Exército. “Sempre estive no acampamentos serviço, sempre no sentido de ter mais informações, pois estava preocupado com a posse no dia 1º de janeiro”, alegou. O coronel disse ainda haver preocupação com o risco de identificação dos seus agentes no acampamento.

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Naime relatou à CPI que um soldado do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) chegou perto de o agredir em dezembro do ano passado. O militar disse que tentou se aproximar de manifestantes bolsonaristas que se concentravam no Palácio da Alvorada, mas foi impedido pela pasta, que na época respondia ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Naime disse que agentes da Polícia Militar o informavam sobre reuniões feitas pelo acampamento bolsonarista, que foi instalado no Quartel General do Exército, em Brasília, e pregava um golpe contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu me desloquei pessoalmente para o Palácio da Alvorada, para eu poder ver o ânimus daquele grupo, já era depois do dia 12 (de dezembro). Eu me desloquei para ver o que estava acontecendo e acessei a área que todas as pessoas estavam acessando. Estava devidamente fardado, com viatura caracterizada, acompanhado de um patrulheiro. Fui impedido pelo GSI de entrar, um soldado do GSI chegou quase a me agredir, tocou em mim, bateu no meu peito. Já veio de imediato uma equipe do GSI acompanhada de vários manifestantes, que proferiram várias palavras de baixo calão contra minha pessoa", afirmou.

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Durante o dia, o coronel obteve autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em silêncio em relação a questões que podem levá-lo à autoincriminação. Ele também apresentou um atestado de depressão, buscando ser dispensado de comparecimento à comissão. No entanto, a secretaria do colegiado solicitou uma reavaliação do laudo pela junta médica do Senado Federal.

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