A importância de ter estabilidade
Enquanto as grandes companhias planejam um retorno de investimento no longo prazo, nosso governo altera as regras pautando-se apenas por uma análise de curto prazo e estática
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O cenário econômico dos últimos dias retomou uma discussão muito séria, ampla e que compõe argumentações sob diversas óticas. O poder e a necessidade de as instituições brasileiras apresentarem credibilidade devem passar à sociedade critérios que auxiliem e confirmem os agentes econômicos em seu processo decisório de investimentos e outras operações financeiras.
O que se busca, portanto, é que seja externalizado um cenário estável, aberto e com leis e regras claras. No sentido institucional, deveremos entender todos agentes governamentais com poder de inferência econômica e de ordem.
Algumas regras estão sendo mudadas pelo governo federal de forma a gerar, ainda que de maneira tímida, a perda desta total credibilidade institucional, que deve ser enxergada e composta por um tripé de estabilidade jurídica, administrativa e financeira.
Mesmo que algumas medidas, como a disputa cambial, com o mercado seja justificada pela necessidade de se proteger as exportações, tais intervenções afetam o horizonte de planejamento dos conglomerados internacionais que por aqui desejam se instalar.
Medidas arbitrárias de taxação sobre aplacações externas, por exemplo, colaboram para a perda de credibilidade e a imagem das instituições brasileiras. Perde-se a clareza, a estabilidade.
O primeiro capítulo desta instabilidade recaiu sobre a taxação dos carros importados, ganhando corpo com o questionamento do acordo de importação junto ao México e agora se confirmou com a concretização de uma cota de importação entre as relações comerciais dos países.
Ora, enquanto as grandes companhias planejam um retorno de investimento no longo prazo, nosso governo altera as regras em um acordo comercial pautando-se apenas por uma análise de curto prazo e estática, sem considerar o histórico.
Essas medidas colocam em questionamento e amedrontam o capital externo que por aqui pretende aportar. Não esqueçamos que os investimentos são disputados por todos os países, e que, a integração econômica e ampliação tecnológica reduziram as barreiras geográficas, introduzindo um nível de atratividade muito mais difícil de se atingir.
Ainda que estivermos muito longe de uma crise institucional, chamam a atenção os movimentos políticos que a Presidenta Dilma Rousseff realizou: em uma tacada só, atingiu caciques da política brasileira que de pronto já responderam com desagrado, e ameaçando atrapalhar votações importantes do interesse do governo.
Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá, além de outros integrantes da base aliada, não estão tão dispostos como estiveram junto a Lula para defender o governo federal. Em qualquer circunstância.
Se por um lado ainda estamos na defensiva, aguardando se o movimento de troca dos líderes políticos poderá causar mais uma avaria para a governabilidade de Dilma, as instituições políticas esperam romper com o velho hábito de toma lá dá cá, e ganhar confiança novamente.
A visita de Joseph Blatter ao Brasil foi muito mais representativa do que podemos imaginar a priori. Junto de Blatter, longe de velhos comandantes (não que Blatter seja um novo jogador no mundo empresarial futebolístico) o governo federal demonstrou destravar o caminho para que enfim possamos ter as obras demandadas para o evento sob um novo ritmo.
A transição de poder, o expurgo de alguns atores do cenário empresarial é muito mais amplo do que a simples substituição do presidente da Confederação Brasil de Futebol. Demonstra a retomada das ações por parte do governo federal, que reafirma sua vontade e sua necessidade de se colocar acima de uma ou outra pessoa, encarnando agora a atitude Institucional de se fazer a Copa, e não mais uma simples vontade de tal grupo político.
É o país, o governo que voltou a assumir a missão de se cumprir o cronograma das obras, aprovar as leis e garantir a estabilidade jurídica, administrativa e de novo institucional para a realização do evento.
Uma das mais importantes relações e certezas que os investidores precisam ter é que o país possui uma confiança social coesa, e que nossos organismos públicos comandam esta organização no meio social.
A importância deste simbolismo aplicado a Economia é o que garante, por exemplo, que uma ata do Comitê de Política Econômica dite as regras do mercado em suas ações futuras. Sem credibilidade institucional, o Banco Central perde poder de fogo, e o COPOM, por exemplo, perde a motivação de abrir suas análises e seus fundamentos aos operadores do mercado.
É importante destacar que a crise européia passou seu maior período de stress justamente quando não se acreditou mais nas responsabilidades do Banco Central Europeu e seu papel institucional. Atribuía-se a ele uma insolvência de problemas, o que foi respondido pelo mercado com um temor a quebradeira generalizada, sem amparo.
Isso significou que o mercado não acreditava que as forças políticas pudessem ser capazes de reorganizar os agentes econômicos aplicados na sociedade. Isto é grave, e quase causou o rompimento do padrão único de moeda e a livre fronteira.
A linha entre a retomada da credibilidade e a perda total é tênue, principalmente quando se buscar reconstruir/aperfeiçoar algumas engrenagens do sistema. Em nosso caso, algumas medidas estão surtindo efeito positivo pelo lado das instituições políticas. Porém, algumas medidas econômicas, estão por prejudicar as aplicações e investimentos, recaindo sobre os ombros do capital, que, sendo mais seletivo, buscará o melhor cenário para reduzir as variáveis de perda.
Antônio Teodoro é economista e professor
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