À espera do governo, parlamentares adotam medidas isoladas para conter coronavírus no Congresso
Muitos parlamentares resolveram instituir, esta semana, uma rotina de trabalho home office, a fim de preservar seus funcionários de infecção
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Por Nathalia Bignon, para o 247 - No dia em que o presidente Jair Bolsonaro voltou a quebrar a quarentena e a minimizar a disseminação do coronavírus no país, parlamentares resolveram instituir, esta semana, uma rotina de trabalho home office, a fim de preservar seus funcionários de infecção. A iniciativa é encarada como uma forma de contenção de danos diante da falta de medidas reais do governo para reduzir a expansão da pandemia que já matou 5.735 pessoas no mundo.
“Liberei minha equipe em Brasília para trabalhar de casa. O gabinete ficará com apenas um assessor por dia em rodízio. De cada pequena iniciativa forma-se uma gigantesca proteção para combater a propagação do vírus”, disse o deputado federal Márcio Jerry (MA), vice-líder do PCdoB.
Adotado ainda por parlamentares do PSOL, PT, PDT e PSD, o regime deve se estender a outros gabinetes. Na tarde de hoje, Eduardo Bismarck (PDT-CE) também anunciou que seus funcionários deverão cumprir a jornada em regime de teletrabalho. Em anúncio feito nas redes, o parlamentar argumenta que o “trabalho não pode parar, mas que medidas precisam ser tomadas” para conter o avanço do coronavírus”. O deputado disponibilizou um telefone para quaisquer necessidades dos eleitores.
Até aliados
Depois de integrar a comitiva de Jair Bolsonaro e testar positivo para a COVID-19, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) também aderiu à decisão. Cumprindo quarentena em Campo Grande, desde a última quinta-feira (12), junto com a esposa e a filha mais nova, o parlamentar liberou os funcionários, que farão home office.
Na sexta-feira (13), a Câmara dos Deputados divulgou medidas administrativas para conter a propagação da doença, liberando de faltas parlamentares e servidores acima de 60 anos, além de gestantes ou que estejam em tratamento de saúde. Ao todo, a Câmara tem em sua lista 95 deputados com mais de 60 anos, número que chega a 139 congressistas, se incluídos suplentes e licenciados.
Rodrigo Maia
Em um áudio que vem circulando pela Câmara, atribuído ao presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o deputado deixa claro que não pretende convocar parlamentares, a menos que haja uma votação importante. “É claro que a gente não vai fazer sessão com 300 deputados. A gente só vai ao Plenário se tiver acordo pra votar matérias relacionadas ao coronavírus. Cada um pode ficar no seu apartamento, no seu hotel, no seu gabinete, reduzir o número de assessores de gabinete, deixar no máximo um. Mas quem puder estar em Brasília, ajuda a gente a construir acordos [para votar possíveis projetos encaminhados pelo Governo]”, disse.
Orientações
Também na sexta, o Ministério da Saúde anunciou uma série de orientações para reduzir a disseminação do vírus no país. Além de medidas para o dia a dia, como lavar as mãos e evitar aglomerações, a pasta recomendou a redução de deslocamentos para o trabalho, a realização de reuniões virtuais, o adiamento de viagens e, quando possível, a realização home office. Adotar horários alternativos para evitar períodos de pico também é outra das medidas recomendadas pelo Ministério da Saúde aos estados.
Expansão
Nesta tarde, a imprensa revelou uma mensagem de áudio em que o presidente parabeniza os apoiadores de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, que foram às ruas no último domingo (15). Com um caso suspeito, o ato deve aumentar o número de infectados na cidade. A prefeitura havia pedido suspensão de eventos com aglomerações.
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