Veja tenta dar tiro de misericórdia em Rossi

Em reportagem de capa, revista acusa o ministro Wagner Rossi de pedir propina, jogar no lixo comida dos pobres e enriquecimento ilcito. Conseguir derrub-lo?



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247 – Na edição que chega às bancas neste fim de semana, a revista Veja aponta toda a sua artilharia para o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Ele está na capa e, logo na abertura do texto, é comparado ao Coringa, o vilão do filme Batman. O texto da manchete não poderia ser mais explícito: “Agricultura no lixo”. E a reportagem é assinada por nada menos do que seis jornalistas – destes, um investigou a vida de Rossi em Ribeirão Preto, terra do ministro, e outro em João Pessoa.

Entende-se a disposição da revista em partir com tudo para cima do ministro. Há uma semana, o lobista Júlio Fróes, ex-traficante de cocaína com livre trânsito no Ministério, agrediu o repórter Rodrigo Rangel, de Veja, no bar Beirute, em Brasília. Mas não se deve desconsiderar o interesse político em desestabilizar o governo Dilma – afinal, Rossi é o único ministro indicado pelo vice-presidente Michel Temer, do PMDB. E esse clima de tensão permanente favorece a criação de uma CPI da Corrupção, para investigar o “mar de lama” chamado Brasil – justamente a tecla que vem sendo explorada pelo candidato derrotado nas últimas eleições presidenciais, José Serra.

As denúncias de Veja, podem vir a derrubar Wagner Rossi, mas tudo dependerá do clima em Brasília na próxima semana. A elas:

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1) Em 2007, sob a presidência de Wagner Rossi, a Companhia Nacional de Abastecimento doou 100 toneladas de feijão à prefeitura de João Pessoa. No entanto, um funcionário, Walter Bastos, denunciou que a mercadoria seria usada para compra de votos, no ano seguinte e procurou a Polícia Federal. Para evitar o flagrante, Rossi teria ordenado a queima dos estoques num aterro sanitário, para evitar o flagrante.

2) Veja aponta que, numa licitação para a contratação de uma empresa de comunicação, haveria uma propina de R$ 2 milhões para o oitavo andar, onde fica o gabinete do ministro. A revista, no entanto, se escora numa declaração em off de uma fonte anônima do ministério.

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3) A revista também retoma o passado de Wagner Rossi como superintendente da Codesp, a Companhia de Docas de São Paulo, responsável pela administração do Porto de Santos. Ele teria pago dívidas previdenciárias de R$ 126 milhões de empresas contratadas pelo Porto – o que seria responsabilidade dos prestadores de serviço e não da Codesp. O procurador da República, André Bertuol, diz que a ação foi “ilegal” e “imoral”.

4) A última acusação é de enriquecimento ilícito. Rossi vive numa mansão em Ribeirão Preto, numa área de 400 mil metros quadrados. A propriedade é avaliada em R$ 9 milhões.

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Em entrevista à revista Carta Capital desta semana, a presidente Dilma Rousseff disse que não iria se pautar pela “mídia”. Suas ações, nos próximos dias, deixarão claro se os ataques ao ministro Wagner Rossi partiram do Palácio do Planalto ou de forças que pretendem desestabilizar a relação entre PT e PMDB. E deixarão no ar a pergunta: a “faxina” que atingiu o PR vale também para o PMDB?

Leia, abaixo, reportagem do 247 sobre o depoimento de Rossi no Congresso, na semana passada:

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O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, afirmou hoje, em depoimento na Comissão de Agricultura do Senado, que não pode dividir a culpa pelas irregularidades cometidas pelo ex-diretor financeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Oscar Jucá Neto, que foi demitido após ter autorizado o pagamento ilegal a uma empresa de armazenagem.

Rossi fez a afirmação ao responder a questionamento do deputado Álvaro Dias (PSDB-PR), que perguntou se o ministro se sentia responsável por não ter conhecimento das ações do diretor da Conab, inclusive do fato de a Advocacia Geral da União (AGU) ter recomendado que o pagamento fosse feito com precatórios. Dias também questionou o ministro sobre a presença do lobista Júlio Fróes nas dependências da pasta, "uma pessoa que não tem currículo e sim um prontuário".

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Em sua defesa, Rossi afirmou que "não pode assumir a responsabilidade de controlar a portaria do Ministério". Ele atribui a falta de controle do trânsito de pessoas nas dependências da pasta à afabilidade dos funcionários da portaria e disse que mudanças estão sendo feitas para tornar o acesso mais rigoroso.

Ao longo das duas horas e meia de sessão na Comissão de Agricultura, Wagner Rossi ouviu muitos elogios dos senadores da base aliada do governo e questionamentos apenas de Alvaro Dias e de Demóstenes Torres (DEM-GO). Durante o depoimento, o ministro apresentou uma série de documentos relativos às reportagens publicadas pela imprensa e repetiu os argumentos utilizados nas entrevistas recentes, em que atribui as denúncias a ex-funcionários descontentes e à disputa interna na Conab. Ao sair da sessão Rossi alegou cansaço e não quis dar entrevistas para comentar o depoimento.

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