Um tsunami chamado PSD
A poderosa bancada do PSD já é temida nas Assembleias de varios estados, como a Bahia, tanto pela oposição quanto pela situação
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Se os mortos e os analfabetos realmente "assinaram" as listas de manifesto de apoio ao Partido Social Democrático (PSD) não ficou esclarecido, mas o fato é que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, ex-Democratas, venceu os pessimistas e os despeitados e já conseguiu registro do partido em dez estados brasileiros. Pode-se dizer que Kassab está tirando onda, afinal, a lei eleitoral brasileira em vigor exige, no mínimo, nove estados. A expectativa do comandante da futura legenda na Bahia, o vice-governador e secretário da Infraestrutura (Seinfra) do Estado, Otto Alencar, é de que até a próxima terça-feira (6) o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) conceda o registro em mais quatro estados.
Até então, cerca de 540 mil assinaturas de manifesto de apoio já foram autenticadas pela alta corte eleitoral. Partidos como o DEM e o PMDB apostaram que o PSD não seria criado a tempo de participar das eleições 2012. Para poder participar de um pleito, uma nova legenda deve ser registrada, no mínimo, um ano antes da disputa. Pelo jeito, Kassab vai ganhar mais essa. O prazo para o partido se registrar e participar da eleição encerra no próximo dia 6 de outubro.
A moral do PSD, de Kassab e de Otto é tão grande que o partido já pode ser criado mesmo sem a concessão do registro da Bahia. Mas o vice-governador não quer que seja desta maneira. Acredita que até o próximo dia 19 o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA) dê parecer favorável e registre o diretório estadual baiano, mediante autenticidade das assinaturas.
O PSD está sendo criado para abrigar políticos insatisfeitos com seus atuais partidos, sobretudo, oposicionistas acometidos pelo fascínio de aderir ao governo. Quando indagado sobre a posição da agremiação, o prefeito de São Paulo diz que vai ser independente. Nem de esquerda nem de centro nem de direita, mas independente. Os da debandada vão deixar seus partidos chupando dedo do ponto de vista jurídico, pois a lei eleitoral não enquadra como infidelidade partidária políticos que se mudem para novos partidos mesmo exercendo mandato eletivo. Ao PMDB, DEM e Cia., só vai restar espernear.
E o partido surge como menino prodígio. Nas contas de Otto Alencar, o PSD será um dos maiores na Câmara Federal, com 43 deputados e o status de quarto maior do parlamento. Os sociais democráticos terão ainda, inicialmente, 100 deputados estaduais, três senadores e cinco vices e dois governadores por esse brasilzão de meu Deus.
Efeito devastador na AL-BA
Na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), a expectativa causa entusiasmo nos emigrantes e angústia nos prejudicados, o DEM e o PMDB principalmente. Com 11 deputados para começar, o partido terá a segunda maior bancada da Casa, ficando atrás apenas do PT, que tem 14 parlamentares. O efeito vai ser devastador. Vamos aos mínimos detalhes. O PMDB vai perder a força que ainda tem na Casa, o status de bancada. Para formação de uma bancada, são necessários, no mínimo, seis deputados. O PMDB conseguiu iniciar a legislatura exatamente com seis, mas vai se esvair à metade. Deixam a legenda Temóteo Brito, Ivana Bastos e Alan Sanches, o escolhido de Otto Alencar para capitanear o PSD em nível municipal. Há quem diga que ele deverá ser candidato a prefeito no ano que vem. Mas ele nega. Otto também.
O Democratas vai continuar sua descida íngreme na política brasileira e na baiana em especial. Dos cinco deputados que possui hoje, dois vão embora. O novato Rogério Andrade e um dos principais expoentes do partido na Assembleia, o experiente e afiado Gildásio Penedo. Ele se encantou com o galego na atual legislatura e o PSD surgiu como "uma mão na roda", como diz a galera. Vale abrir um parêntese aqui. A expectativa é de debates inflamados entre Gildásio e o ex-correligionário Paulo Azi, o mais aguerrido do DEM.
Quem vai se dar mal também é o PT do B. Vai perder sua representação na AL-BA. Maria Luiza Laudano e Cláudia Oliveira, as únicas duas deputadas do partido, já estão de malas prontas aguardando o caminhão da mudança.
Do Partido Social Cristão (PSC), dois dos cinco vão embora. Ângela Souza e Carlos Ubaldino também vão integrar a base do governador Wagner.
Por fim, mas não menos importantes, PRP e PP. Ambos vão perder um quadro. Do PP, quem vai embora é Ângelo Coronel. Com a perda, o partido que atualmente tem seis deputados também perde o status de bancada. E do PRP quem se muda é Adolfo Menezes.
Pois. Esse é o resultado da equação. Entre minoria e independentes, 11 vão passar para o lado de Wagner. A base do governo terá nada menos do que 45 dos 63 deputados.
Pesadelo para Marcelo Nilo
A poderosa bancada do PSD já é temida na Assembleia antes mesmo de existir. Mas não é pela oposição. São os da situação que estão esperando o início do novo cenário com certo receio. A bancada própria composta por 11 deputados vai ter sua expressividade e o presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo (PDT) sabe disso.
Ache absurdo quem quiser, mas por lá se fala na possibilidade de um quarto mandato de Nilo como presidente. Mas o PSD não vai deixar. Porém, para surpresa, o candidato do partido (muito provavelmente) não será dos seus quadros. É forte nos bastidores a informação de que o PSD vai articular o novato Rosemberg Pinto, do PT. Como relatei na coluna anterior, o ex-gerente de Comunicação da Petrobras Nordeste tem moral com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e com o governador.
A articulação de Rosemberg com os futuros PSD, nos bastidores do poder, já acontece e tem apoio de parte da bancada governista também.
Além da possibilidade de desbancar Marcelo Nilo, o PSD é risco iminente em outro aspecto: a força independente que terá na base do governo. Como já dito acima, serão 11 deputados. O crescimento da base já inchada vai deixar o líder da bancada que defende os interesses de Wagner de cabelo em pé. Por mais que pareça tudo bonitinho, que os projetos sejam aprovados com sintonia total, o líder Zé Neto (PT) já encontra dificuldade para garantir que os colegas não atrapalhem a vida do governador.
Também como já dito no artigo anterior, a relação entre os parlamentares gira em torno de poder e de acomodações.
Com o PSD não vai ser diferente. Vamos ver o que o governo tem a oferecer. Ou já ofereceu?...
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