TSE não é ator político e julgará chapa Bolsonaro-Mourão com base em provas, diz Barroso

“O presidente não corre nenhum risco nem de ser perseguido nem de ser protegido pelo TSE”, disse o presidente da Corte Eleitoral, ministro Luis Roberto Barroso

Barroso dá 3 dias para Bolsonaro explicar ‘inconsistências’ em contas
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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, afirmou nesta sexta-feira que o TSE não é um ator político e que a chapa vencedora da eleição presidencial em 2018 com Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão será julgada com base em uma análise imparcial das provas, mas ressaltou que a corte tem competência prevista na Constituição e na legislação para cassar os mandatos se for o caso.

“O presidente não corre nenhum risco nem de ser perseguido nem de ser protegido pelo TSE”, disse Barroso. “A lógica de um tribunal não é amigo, inimigo, adversário ou aliado. A lógica de um tribunal é certo ou errado, justo ou injusto, legítimo ou ilegítimo e assim que se moverá o Tribunal Superior Eleitoral examinando com imparcialidade as provas, fazendo o que é certo fazer.”

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“Ninguém deve esperar que o TSE seja ator político, que vá decidir com base no grau de sustentação política do presidente na sociedade. Isso não é papel dele. Nós julgaremos com base no direito e nas provas”, destacou o presidente da corte em entrevista online à imprensa internacional.

Para Barroso, “o TSE pode o que a Constituição e a legislação dizem que ele pode, de acordo com a prova dos autos e a convicção da maioria dos ministros”.

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O presidente do TSE não quis opinar diretamente sobre a fala do ministro da Secretaria de Governo, general Luís Eduardo Ramos, que disse nem considerar a hipótese de o TSE cassar a chapa Bolsonaro-Mourão, dizendo que tirar um presidente eleito com 57 milhões de votos seria casuístico.

Barroso disse que não é comentarista de opiniões alheias e admitiu que não tinha lido ainda a entrevista. Mas ponderou que, numa democracia, os limites são traçados pela Constituição.

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Bolsonaro enfrenta 8 ações que questionam sua eleição. Nesta sexta-feira, o ministro Og Fernandes, admitiu o compartilhamento de provas do chamado inquérito das fake news, que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), para que sejam usadas em ações que tramitam no TSE que podem cassar a chapa vitoriosa em 2018.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news no STF, vai avaliar o que pode ser compartilhado com o TSE que tenha relação com processos que apuram o envio massivo de mensagens na campanha de 2018.

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O presidente do TSE disse que as ações que contestam a eleição da chapa Bolsonaro-Mourão serão pautadas assim que os processos estiverem prontos para serem julgados. “Não sou nem adversário, nem aliado do governo”, frisou. 

FAKE NEWS

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Também ministro do Supremo, Barroso disse que as críticas do presidente em relação a decisões do STF que contrariam iniciativas dele “fazem parte da vida”.

“Não vejo nenhuma gravidade nisso”, disse. Mas destacou que é “bem diferente” quando se fazem “manifestações orquestradas e financiadas” contra o Supremo.

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“Não há nenhum problema quando isso é democrático e institucional em haver críticas severas ao Supremo. Há problemas sim em campanhas de desinformação, de difamação ou de ódio com ameaças a ministros e financiadas privadamente”, disse.

“Liberdade de expressão é legítimo. Organizações financiadas para destruírem instituições democráticas isso é grave, todas as democracias precisam atuar em legítima defesa. Portanto, a queixa do presidente e a crítica pública de qualquer pessoa fazem parte da vida. Campanhas orquestradas de destruição das instituições não fazem parte da vida, devem ser evitadas e eventualmente reprimidas”, completou.

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TURBULÊNCIA

Barroso disse não considerar que o país vive uma crise institucional, mas sim um momento turbulento. Para ele, crise pressupõe que instituições não estejam funcionando ou à beira do colapso, o que não ocorre. Avaliou que o presidente tem um estilo “controverso” como característica, o que pode dar “a impressão de que sempre está acontecendo algo grave”, mas é preciso separar fato do que é retórica.

Barroso disse que não há espaço na Constituição para que as Forças Armadas tenham um “papel moderador” e saiu em defesa da instituição.

“Tentar jogar as Forças Armadas no varejo político não as eleva, as diminui e ninguém nas Forças Armadas, nenhuma liderança, deseja isso”, disse. “Acho ofensivo às Forças Armadas, associá-la à quebra da institucionalidade, interferência política ou a golpe.”

Para o presidente do TSE, o fato de ter algum militar no governo não significa que o governo seja das Forças Armadas.

“As Forças Armadas não pertencem a nenhum governo, elas existem para a defesa da pátria, subordinadas à Constituição e se pertencerem a alguém, pertencem a toda uma sociedade e não a uma facção”, disse.

Barroso disse que o país já percorreu “ciclos de atraso” e tem maturidade para entender que quebras de legalidade ficaram para trás. Ele disse que há “tensões”, mas classificou como “pequenos guetos pré-iluministas” os que pregam golpe militar.

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