Troca de guarda

Mantega terminará caindo. Que isso signifique apenas correção de rumos



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A maior parte do primeiro governo Lula se marcou pela disputa entre Palocci, que seguia as linhas de política econômica herdadas de Fernando Henrique, e Guido Mantega, representando um falso e ingênuo desenvolvimentismo. Falso porque repleto de fórmulas mágicas, experimentadas sem êxito no passado. Ingênuo porque supondo deter a sensibilidade social do mundo ante seres contrários ao crescimento, à distribuição de riquezas, à prosperidade.

Venceu Palocci, até a quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo. A partir daí, começou paulatino afrouxamento fiscal. Só não se deu a submissão do Banco Central à Fazenda pela resistência de Henrique Meirelles.

O segundo mandato foi trem da alegria. Gastos de custeio sempre acima do PIB, descontada a inflação; abandono do projeto reformista; empreguismo; aprofundamento do aparelhamento da máquina; politização das agências reguladoras; cooptação, a peso de verbas públicas, dos chamados movimentos sociais.

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Foi avanço civilizatório Fernando Henrique trabalhar com apenas um Ministro da Fazenda: Malan. Dado de avanço institucional foi Lula haver tido apenas dois titulares nessa Pasta. Em 16 anos, somente três interlocutores junto a BIRD, BID, FMI, G-20, G-8, Mercosul, OMC e negociações bilaterais.

A credibilidade do País ia ao chão no tempo em que as conversas começavam com um Ministro e a próxima reunião se dava com outro. Os países desenvolvidos repetiam de Gaulle: “o Brasil não é um país sério”.

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Retrocesso: o governo titubeia no combate à inflação, adotando medidas alienadas da realidade dura que a gastança pública criou. Esta só foi útil para garantir popularidade a Lula e eleger Dilma. A conta vai para a sociedade: mais impostos, menos certeza quanto ao emprego, juros mais elevados, crescimento econômico abaixo do que deveria ser.

Se o governo enfrentasse, de fato, a entrada nas bolsas dos dólares que sobrevalorizam o real e comprometem o setor exportador, a moeda americana se valorizaria relativamente, cresceria o custo-importação e a inflação dispararia. Se a opção for deixar o câmbio flutuar, os preços subirão em ritmo menos veloz, contudo enxurrada de dólar virá para cá, desvalorizando essa moeda, exportando empresas e empregos para a China. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

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O governo dispõe de poucas armas. Sem grandeza para retomar o ciclo de reformas estruturais, sequer deseja promover ajuste fiscal: insinua insuficientes e irrealizáveis R$50 bilhões de cortes e, contraditoriamente, o Tesouro capta no mercado, a juros pesados, R$55 bilhões para o BNDES emprestar a grandes empresas, a juros subsidiados.

Mantega terminará caindo. Que isso signifique correção de rumos e não o reinício de infindáveis trocas de guarda.

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*Diplomata, foi líder do PSDB no Senado

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