Simon ao 247: “Voto de político tem de ser aberto”
Em entrevista exclusiva, senador que visto por muitos como ltima reserva moral do Congresso vai direto ao ponto: os deputados absolveram jaqueline roriz por medo de entrarem na mesma fila; e lembrou: Quando o advogado dela disse que amanh poderia acontecer com eles, ganhou a causa
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Evam Sena_247, em Brasília – A decisão do plenário da Câmara dos Deputados de absolver a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF) da cassação foi lamentada pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), para quem a imagem do Congresso Nacional sai manchada do episódio. Ao 247, Simon defendeu o voto aberto para a cassação de parlamentares em plenário. Hoje, esse voto é dado secretamente, o que sempre favorece os processados, como no caso de Jaqueline, absolvida por 265 votos contra 166 a favor e 20 abstenções. O relator, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), recomendou a cassação, por entender que a deputada quebrou com o decoro ao receber, como mostra um vídeo feito em 2006, um pacote de dinheiro do delator do mensalão do DEM, Durval Barbosa.
“Lamento a decisão da Câmara, porque foi uma situação em que estava tudo muito transparente”, afirmou Simon ao 247. “A cena toda foi filmada!”. Para o senador que muitos veem como última reserva moral do Congreso, o que pesou para a absolvição foi o medo de que a condenação de Jaqueline abrisse precedentes para cassação por crimes cometidos, por outros parlamentares, antes do mandato ser iniciado.
“A defesa dela foi clara no sentido de afirmar que a cassação de Jaqueline abriria precedentes. Lamentei ver o advogado dela dizer: ‘hoje é ela, amanhã pode ser você’”, disse Simon. Ele acrescentou que o pensamento de parlamentares que apoiam atitudes como a de Jaqueline é a de que a sociedade esquecerá o voto até as eleições. A opinião de Simon é pessimista quanto à qualidade do Congresso no futuro. “Se está ruim, espere aí até vir o próximo. Só tem piorado”, comentou, frustrado.
O senador se mostrou a favor da votação de Proposta de Emenda a Constituição (PEC) que determina o voto aberto para decisões do plenário, como a de cassação de parlamentares. “O voto secreto é uma garantia do eleitor para que ninguém saiba em quem ele votou. Não é uma garantia do parlamentar. A sociedade precisa saber o que ele vota”, defendeu.
Na Câmara, uma PEC com esta mudança está engavetada desde 2006, quando foi votada somente em primeiro turno. É necessária a aprovação em segundo turno. No Senado, há pelo menos duas propostas com o mesmo tema.
“Faxina” – Apesar de assumir uma posição independente em relação ao governo, Simon elogia a presidente Dilma Rousseff na troca de ministros acusados de corrupção, a exemplo do que ocorreu nos ministérios dos Transportes e da Agricultura. Para o senador, a onda de denúncias que atinge o novo governo é conseqüência da herança deixada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Dilma se diferencia bastante do Lula, porque pune quem ela acha que deve punir. Acho que ela vai manter essa postura”, avalia, ressaltando que a presidente encontrará resistência no PMDB e no PT.
Simon afirmou que Lula e o ex-ministro José Dirceu formam um “poder paralelo” ao Palácio do Planalto ao se encontrarem com ministros, parlamentares e presidentes de estatal. “Isso é próprio de parlamentarismo, em que o cara pode ser governo amanhã e tem gente preparada para assumir. Não me parece nem que o Brasil tem um regime tipo parlamentarismo, nem que tem um golpe de Estado previsto”, provocou.
Em recado ao PT, Simon avisa que torcer pelo insucesso de Dilma para que Lula seja o candidato em 2014 é um tiro no pé. “Se a presidente Dilma for mal, não há nenhuma chance de o presidente Lula pensar em vir para a Presidência de novo. Ele vai ser o responsável pelo fracasso, porque a indicou e pelo que está fazendo para complicar o governo dela”, disse.
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