Sem direito ao quarto erro

Dilma pode trocar seis por meia dúzia nos Transportes ou mudar de verdade



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Se a presidente Dilma Rousseff quer continuar a ter encrencas na área dos transportes não precisa fazer muito esforço: basta manter o PR no comando do ministério que até quarta-feira era chefiado pelo senador Alfredo Nascimento. É a garantia que tudo continuará igual, graças ao sentimento de impunidade que impera na Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional.

O que se diz em Brasília, nas conversas informais, é que “pegaram outro que deu azar”. É apenas um acidente de percurso, risco ao qual estão submetidos os que ousam. Algo como “ousar roubar, ousar enriquecer”. Todos conseguem, mas alguns são apanhados. E mesmo assim geralmente o desgaste é apenas transitório, pois os inquéritos e processos demoram anos, raros são condenados, a imprensa muda de assunto, os eleitores esquecem. Mas o dinheiro acumulado fica, aplicado em imóveis, em contas no exterior, em empresas abertas para lavar dinheiro ou nas mãos de laranjas e parentes. Vale o risco.

A enorme -- e põe enorme nisso -- corrupção no Ministério dos Transportes e no Dnit não pode ser totalmente atribuída ao ex-ministro Nascimento, muito menos ao diretor do Dnit e os assessores diretos demitidos no fim de semana. Todos têm grande responsabilidade, mas o que há na área é um bem articulado sistema de desvio de dinheiro público comandado pelo partido a partir do Anexo 1 da Câmara dos Deputados. Nascimento, Pagot e assessores eram peças do esquema, a serviço do PR e de seus comandantes.

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Isso não lhes tira nenhuma responsabilidade, claro. Chegou a ser ridículo a presidente da República demitir, com alarde, quatro funcionários de segundo escalão, mais do que próximos do ministro e de seu dia a dia, e depois manifestar oficialmente confiança em Nascimento. E agora será trocar seis por meia dúzia entregar o Ministério dos Transportes ao PR, a não ser que se estabeleça um cordão de fiscalização intensa em torno do ministro. É aquela história da natureza do escorpião, não tem como o bicho não usar o ferrão.

Errar uma vez é humano, errar duas vezes pode ser coincidência, mas errar três vezes é burrice mesmo. O primeiro erro foi do ex-presidente Lula ao entregar o ministério a Nascimento em seu primeiro mandato. Todos os que conhecem os bastidores do poder em Brasília sabiam o que acontecia no ministério e no Dnit. Com nomes e sobrenomes. Mesmo assim Nascimento saiu para disputar o Senado e, na volta, eleito, foi nomeado de novo. Tudo bem, o segundo erro é coincidência.

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O terceiro erro coube, infelizmente, a Dilma. Começando um novo governo poderia ter dado um basta ao que acontecia e todo mundo sabia. Mas nomeou Nascimento de novo, depois de ele ter sido derrotado na eleição para governador. E deixou Luiz Antônio Pagot no Dnit.

É claro que é difícil para a presidente fazer o que deve ser feito, pois é refém dos parlamentares. E o PR tem 40 deputados e sete senadores, entre os quais o próprio Nascimento. O governo não quer arriscar ter esses 47 na oposição, mas pode considerar que tem instrumentos para dividi-los e não perder totalmente a base de apoio e assim nomear alguém limpo para o ministério e não errar pela quarta vez. E o que o PR faria na oposição, se os bons negócios estão no governo?

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