Rita Lee acertou de Virada
Roqueira que sabe das coisas disse que cidade foi abandonada por prefeitos e governadores
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Ponto para Rita Lee. Na abertura da Virada Cultural de São Paulo, no sábado 16, ela assumiu o palco Julio Prestes, no centrão e, em lugar de apenas tocar suas boas e velhas músicas, resolveu também chamar atenção, do seu jeito, para uma série de problemas da cidade. “O centro está todo quebrado”, disse ela, verbalizando a mais pura verdade. “Nos 65 anos que vivo aqui, entra e sai prefeito e governador e ninguém faz porra nenhuma pela cidade”, continuou, acrescentando tempo à sua condição de moradora de Sampa, o que só deixou a frase mais engraçada. “Eu adoro o cheiro de merda do Tietê”, atacou, apontando o dedo para o que é, talvez, a maior vergonha da cidade, que quase todo mundo faz questão de esconder. Como quem empurra m... para baixo do tapete.
Em três ou quatro frases, Rita fez mais por São Paulo que todos os vereadores juntos este ano. Ela alertou para o estágio avançado de deterioração da capital, por absoluta inépcia, para usar uma palavra que o ex-prefeito José Serra gostava de empregar sobre a administração de sua antecessora Marta Suplicy, do PT, das atuais autoridades. Há, neste momento, uma propaganda oficial do município na tevê sobre o trabalho dos lixeiros. O que se vê em praticamente todas as esquinas, porém, são os sacos pretos acumulados, recolhidos em horários muito espaçados entre si, muitas vezes de maneira inadequada, mais esparramando detritos do que limpando, efetivamente, as ruas. Pessoalmente, nunca mais vi aqueles caminhões-pipa que lavavam o solo da cidade, a não ser depois de feiras livres. Isso é o resultado da crescente privatização do serviço nesta área estratégica, com perda de substância e qualidade.
Sobre o “entra e sai prefeito e governador” sem que se faça de verdade algo por São Paulo, Rita acertou na mosca, remetendo diretamente aos baixos investimentos em metrô, especialmente pelo governo do Estado. Os últimos prefeitos, sim, deixaram a cidade ficar entupida de carros e lixo. Deixaram que ela fosse governada muito mais pela especulação imobiliária, que constrói prédios onde quer, adultera o perfil dos bairros e, na prática, não retribui à cidade a riqueza que dela arranca, do que se preocuparam em planejar minimamente o seu crescimento. Kassab (2006-...) é o rei do gogó, o sr. promessinhas. Serra (2005-2006), o antecessor, deu só uma passadinha pela Prefeitura, nos deixando aquele presentinho. Marta (2001-2005), antes de Serra, mostrou melhores intenções sociais, melhorou a qualidade de vida na periferia com os inovadores CEUs, mas fez um governo confuso que se perdeu no eixo de negócios obscuros, inclusive em torno do lixo. Pitta (1997-2001), o sucessor de Maluf (1993-1997), morreu com o nome execrado pela população. Seu patrono político, o Dr. Paulo é, para o povo, sinônimo de político corrupto. Pensando no que Rita Lee falou, nos últimos vinte anos, só da para lembrar mesmo de Luiza Erundina (1989-1993) como uma prefeita de visão mais holística sobre a maior cidade do Brasil. Pouco, quase nada.
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