República de Pinda
Geraldo Alckmin empalmou o PSDB, mas José Serra ainda manda no jogo
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“Geraldinho” era como o governador Mario Covas chamava seu então vice e hoje governador Alckmin, na segunda metade da década de 1990, quando o primeiro, na prática, chefiava o segundo no Palácio do Bandeirantes. “Olha lá, Geraldinho, cuidado para não ter menos votos que o João Leite”, divertia-se Covas ao entregar ao vice, em 2000, a missão de concorrer à Prefeitura da capital, não sem antes ressalvar que ele deveria ter melhor desempenho que o candidato covista a senador derrotado em 1998. Alckmin foi à disputa, perdeu e, ao voltar para o governo, herdou a administração de Covas, que morreria em 2001. “Foi o destino”, dizia o novo governador que, se tivesse ganho a disputa pela prefeitura, ficaria preso ao cargo menor.
Um ano depois da morte de Covas, Alckmin começou a montagem de um governo à sua feição, o que correspondeu à desmontagem da máquina covista. Esse processo deixou mágoas que persistem até hoje. Nascia, sobre os desamparados covistas, a chamada República de Pinda, da qual faziam parte apenas os amigos do interior do ex-prefeito de Pindamonhangaba – e despontava em Alckmin um líder que não estava no script dos tucanos da capital, fundadores do PSDB. Ciente da discriminação natural da política paulista, que divide nitidamente os políticos com origem no interior dos com raízes na capital, o governador costuma lembrar que também é um dos fundadores do PSDB. “Minha ficha é a de número 7”, orgulha-se. Ok, mas que existe discriminação, existe.
Alinhado no discurso até hoje ao seu criador Covas, que o catapultou ao primeiro plano da política paulista, Alckmin sempre fez o seu próprio jogo de criatura, agora mesmo prestigiando o neto de Covas, Bruno, como secretário de Meio Ambiente e potencial candidato a prefeito em 2012, depois de ter deixado os covistas à míngua. Enquanto isso, Alckmin vai garantindo para a cada vez maior República de Pinda os principais cargos na máquina partidária.
Muitos consideram a abordagem política de Alckmin sobre o PSDB como de alto risco. Ele tem se mostrado excessivamente duro com quem está dentro, especialmente os correligionários do ex-governador José Serra, os seguidores do ex-presidente Fernando Henrique e, à esta altura, até os mais próximos ao senador Aloysio Nunes Ferreira. Acredita-se que, se Alckmin ganhar, como quer, o diretório estadual do partido nas eleições de maio, isso não será, necessariamente, bom para ele. “Serra vai deixar o barco correr, saborear as pesquisas de opinião que o apontarão como favorito na disputa pela Prefeitura e sair candidato de braços dados com o Kassab, pelo PSDB, à frente de uma grande coligação cheia de dissidentes tucanos”, diz um observador da cena. “Eleito, vai azucrinar a vida do Alckmin pelos próximos dois anos, buscando inviabilizar seus planos tanto de reeleição em São Paulo como de novo voo à Presidência”. Por esse raciocínio, por mais depurações que o governador possa fazer no tucanato, José Serra seguirá como a mais influente liderança do PSDB paulista, em razão do recall popular. Faz sentido para você?
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