Queremos creches, Kassab

Prefeito de So Paulo, que s pensa na criao de um novo partido, responder a ao civil pblica por no abrir vagas para crianas carentes



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Fernando Porfírio – O prefeito Gilberto Kassab ganhou mais uma dor de cabeça. O Ministério Público paulista entrou na justiça com ação civil pública contra o prefeito de paulistano. A ação quer que Kassab seja responsabilizado por não atender plenamente à demanda por vagas em creches, com base na Lei de Improbidade.

As promotoras de justiça Dora Martin Strilicherk, Luciana Bergamo Tchorbadjian e Carmen Lúcia de Mello Cornacchioni pedem que o prefeito seja condenado às penas previstas na lei de Improbidade administrativa, entre elas a da perda da função pública, a suspensão dos direitos políticos, o pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração e a proibição de contratar com o Poder Público.

De acordo com o Ministério Público, o prefeito descumpriu os princípios da legalidade, da eficiência e da transparência fiscal ao deixar de fazer os investimentos previstos para dotar a rede pública de ensino da capacidade necessária para atender a população infantil que precisa desse tipo de atendimento.

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As promotoras de justiça argumentam que a demanda de educação infantil não atendida concentra-se justamente nos distritos mais pobres da cidade. Segundo o MP, essas regiões apresentam os maiores índices de vulnerabilidade juvenil e a metade dos moradores sobrevive com renda familiar inferior a cinco salários mínimos.

“São famílias carentes, residentes na periferia da cidade de São Paulo, em bairros que, no geral, distam mais de duas horas do Centro e dos locais de trabalho dos genitores, com rendimento familiar que impossibilita o custeio de escolas particulares, não estão logrando inserir a sua prole na rede pública municipal de educação infantil, em total ofensa ao Princípio da Proteção Integral da Infância e da Juventude e ao Direito Fundamental à Educação”, afirmam as promotoras de justiça.

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A ação aponta que o Plano Plurianual 2006/2009 previa a construção de 126 Escolas Municipais de Ensino Infantil (EMEIs) e 142 Centros de Educação Infantil (CEIs), dos quais foram efetivamente construídos 38 e 53, respectivamente.

Em outubro de 2010, após pedido de informações feito pela Promotoria, a Secretaria Municipal da Educação informou que, de sua dotação orçamentária total de R$ 211 milhões, 67% (R$ 142,4 milhões) se encontravam congelados (indisponíveis para serem usados), o que levou à paralisação de diversos projetos. Demonstra, ainda, que o prefeito não utilizou integralmente as verbas destinadas ao Município pelo FUNDEB para obras que viabilizariam a criação de novas vagas na educação infantil.

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As promotoras lembram que a Prefeitura de São Paulo confessa, no site oficial, que em dezembro do ano passado chegava a 120 mil a demanda de crianças não atendidas na educação infantil (creche e pré-escola), aguardando vaga no cadastro, e sem perspectiva de matrícula.

A Promotoria também argumenta que, nos últimos dois anos, o MP ajuizou mais de 100 ações civis públicas em benefício da população infantil da Capital e que há sentenças com trânsito em julgado (ou seja, em que não há mais possibilidade de recurso) há mais de quatro anos garantindo o acesso à educação infantil a todas as crianças entre 0 e 3 anos e 11 meses na jurisdição dos foros regionais de Pinheiros, Santana, Lapa e Penha, que estão sendo descumpridas.

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