“Pior que o caso Jaqueline Roriz”
Permanncia de vice na Prefeitura agrava crise em Campinas; para vereador que pediu afastamento, deciso judicial que impediu investigao do prefeitoDemtrio Vilagra pior que absolvio de deputada
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Rodolfo Borges_247 – Campinas preparava-se para retomar os trilhos. Depois de perder o prefeito, cassado por envolvimento em corrupção no dia 20 de agosto, e, quatro dias depois, afastar o vice-prefeito, também suspeito de cometer ilícitos, a cidade empossaria o presidente da Câmara de Vereadores, Pedro Serafim Júnior (PDT) (saiba mais aqui). Mas uma decisão judicial considerada “sem lógica” pelos vereadores manteve o vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT) no cargo, prolongando a paralisia nos serviços públicos da cidade. Campinas, que já enfrentava problemas para abastecer a rede pública de saúde, agora teme problemas no pagamento do 13ª salário dos servidores, que precisa ser efetuado até o próximo dia 20.
A decisão que interrompeu o processo de moralização da cidade foi assinada pelo juiz Mauro FuKumoto, da 1ª Vara da Fazenda Pública, que concedeu liminar suspendendo a abertura da Comissão Processante (CP), que investigaria o prefeito em exercício – a Câmara recorreu da decisão nesta quinta-feira. Curiosamente, o juiz considerou que o pedido de afastamento de Vilagra por 90 dias (decorrente do pedido de abertura da comissão) procedia, mas, como ele estava atrelado à criação da comissão, não vingou. O caso é complexo, mas uma alusão à recente absolvição da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) pelos colegas de Câmara ajuda a entender.
Assim como a deputada manteve o mandato por ter cometido ilícito antes de assumir o cargo, Vilagra permanece à frente da Prefeitura porque não “estava” prefeito quando teria cometido os ilícitos de que é suspeito. “Essa fundamentação não tem nenhuma lógica e nós discordamos”, disse ao Brasil 247 o vereador Valdir Terrazan (PSDB), autor do pedido de afastamento do vice-prefeito. Terrazan argumenta que Vilagra é suspeito de dar continuidade a um esquema de corrupção iniciado no Serviço de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa) e, se isso ainda não fosse o bastante para instaurar uma investigação, o vice assumiu a Prefeitura por pelo menos três vezes na ausência do ex-prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos.
“É pior que o caso Jaqueline Roriz, porque, lá (na Câmara dos Deputados), pelo menos os deputados puderam investigar”, diz o vereador. “Essa interferência indevida (da Justiça) não é aceitável”, completa Terrazan, que tem ouvido de secretários de governo o temor pelo funcionamento da cidade. “Um secretário que prefere não se identificar me disse que a coisa vai de mal a pior. Tudo a menos de um ano e meio das próximas eleições”, lamenta o vereador.
O receio dos campinenses é chegar ao próximo pleito sem ter conseguido botar ordem na casa, o que não deve acontecer enquanto Vilagra permanecer à frente da Prefeitura – o Tribunal de Justiça, onde o caso foi parar, deve se manifestar até a próxima segunda-feira sobre o recurso. “A meu ver, caso esse governo permaneça, não terá condições morais, éticas ou políticas. Ele vai ter de refazer a base na Câmara, porque não tem mais base de sustentação. O risco é acabar havendo um toma lá da cá, o que é péssimo”, prevê o vereador.
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