Perfil ultraconservador de Gonet Branco, candidato de Gilmar e Moraes à PGR, faz com que PT resista a possível indicação

Atual vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet já se posicionou contra o aborto e ofereceu resistência à criminalização da homofobia pelo STF

Paulo Gonet Branco
Paulo Gonet Branco (Foto: Reprodução)


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247 - Preferido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes para a chefia da Procuradoria-Geral da República (PGR), o subprocurador Paulo Gonet possui posições conservadoras no campo dos costumes que causam desconforto em setores do PT, diz a jornalista Malu Gaspar em sua coluna no jornal O Globo.

Atual vice-procurador-geral eleitoral, Gonet já se posicionou em artigo contra o aborto, demonstrou “resistência à criminalização da homofobia pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e e já foi voto vencido em decisões que repararam famílias de vítimas da ditadura militar. O candidato ao comando da PGR já foi, inclusive, definido como “conservador raiz” e “cristão” pela insuspeita bolsonarista Bia Kicis (PL-DF) – de quem foi colega no curso de Direito da Universidade de Brasília (UnB) nos anos 80”, destaca a reportagem.

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O mandato do atual procurador-geral da República, Augusto Aras, termina em setembro, mas a disputa por sua sucessão já está movimentando os bastidores em Brasília. Aras está articulando junto a interlocutores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para buscar sua recondução para um terceiro período à frente da PGR, o que é permitido pela Constituição.

Gonet viu seu favoritismo aumentar com o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que condenou Jair Bolsonaro a oito anos de inelegibilidade devido aos ataques ao sistema eleitoral. No entanto, isso pode não ser suficiente para superar o desconforto dentro do Partido dos Trabalhadores (PT). "Essas posições superconservadoras são prejudiciais. O PT já cometeu erros no passado, com pessoas que tinham posições progressistas, imagine alguém com posições conservadoras na agenda dos costumes", disse um interlocutor de Lula ouvido pela reportagem.

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Em 2009, Gonet assinou um artigo intitulado "Proteção à vida: a questão do aborto". Como católico praticante, ele criticou fortemente o direito ao aborto no contexto da discussão sobre o uso de embriões em pesquisas científicas, uma jurisprudência estabelecida pelo STF no ano anterior. O artigo foi publicado em um periódico do Instituto Brasileiro de Ensino, Brasileiro e Pesquisa (IDP), uma instituição de ensino superior ligada a Gilmar Mendes, do qual o subprocurador foi sócio até 2017.

O texto está repleto de referências conservadoras, incluindo uma encíclica do Papa João Paulo II e artigos do jurista Ives Gandra Martins, mentor da controversa tese de que o artigo 142 da Constituição atribui às Forças Armadas um poder moderador, explorada por Bolsonaro e seus aliados em diferentes episódios de tensão institucional durante seu

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Em 2019, quando articulou sua indicação para a PGR no início do governo Jair Bolsonaro, Gonet manifestou ao então presidente sua oposição à criminalização da homofobia pelo STF. Meses antes, o STF havia reconhecido a omissão do Congresso Nacional no enfrentamento da discriminação contra a população LGBTQIA+ e decidido enquadrar a homofobia e a transfobia como crimes de racismo, qualificando o crime como inafiançável e imprescritível.

Além destes fatores, o PT também busca evitar o risco de um "novo Janot", por isso Lula já deixou claro que seu critério primordial de escolha será a lealdade, não a pressão da categoria ou a independência política. Além de Gonet e Aras, o subprocurador Antonio Carlos Bigonha, conhecido por suas críticas à Operação Lava Jato, também está na lista de possíveis candidatos para a PGR.

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