Perdendo trens
É hora de propor ao Congresso a retomada do processo de reformas estruturais, de modo a fechar mais flancos, diante da possível, talvez inevitável, intensificação da crise
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Lisboa – O Brasil crescerá pouco neste ano e em 2012. Deveria aproveitar para fazer rigoroso e efetivo ajuste fiscal para, a partir dele, rebaixar as taxas básicas de juros da economia.
Colocando o carro na frente dos bois, arrisca o pelo e o dinheiro dois brasileiros. E demonstra não levar a sério a gravíssima crise que toma conta da zona do euro e dos Estados Unidos.
É hora de propor ao Congresso a retomada do processo de reformas estruturais, de modo a fechar mais flancos, diante da possível, talvez inevitável, intensificação da crise. A presidente Dilma Rousseff deveria dirigir-se a todos os brasileiros, aí incluídos os oposicionistas, e conclamá-los à realização de tarefa nacional. Que não seria obra de um governo, mas de toda a nossa sociedade.
Como vai, não vai bem, por mais que a propaganda oficial diga o contrário e que as estatísticas, que põem nas mãos do ministro Mantega, sejam o retrato mais cego do otimismo ingênuo. Roberto Campos, aliás, tinha muita razão ao dizer que “as estatísticas são como o biquíni: mostram tudo, menos o essencial”.
Artificializar crescimento, como fizeram em 2010, seria manifestação de insanidade. A inflação anualizada está, com viés de alta, em perigosos 7.23%. Dificilmente ela se acomodará no teto da meta – já excessivamente elevado e permissivo – que é de 6.5%.
O pior dos mundos seria a inflação bater nos dois dígitos. Nisso, sinceramente, não tenho razões para acreditar. Mas o fato é que com esse inimigo não se deve brincar. Ele é imortal. Sonso. Faz-se de inerte, mas levanta e mostra a face ao menor descuido. E Mantega parece não acreditar em verdade tão elementar.
Outro ponto preocupante é o retorno claro aos tempos do protecionismo, que já fracassara no período ditatorial, sob a batuta de Delfim Netto. O aumento esdrúxulo de IPI para importação de veículos mostra que o governo não sabe lidar com os problemas que ele mesmo deixou florescer.
Voltarei a este tema na próxima semana.
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