Partidos em queda livre

Se continuar assim, modelo de democracia perderá a legitimidade



✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Não é um fenômeno brasileiro, pois os partidos políticos estão em crise em vários países. Deixaram de ser importantes, perdem militantes, apoios e votos, é difícil distinguir uns dos outros. Não se identificam mais com ideologias, posições políticas ou defendem programas de governo. Suas marcas são jogadas politiqueiras, manobras eleitoreiras, patrimonialismo e corrupção. Estão em decadência e sendo substituídos, na mobilização social, por organizações não governamentais, pelas redes sociais e por mobilizações espontâneas por elas convocadas.

A Europa é um exemplo. Partidos no poder estão sendo derrotados, sejam conservadores, liberais ou social-democratas. Na Alemanha e na Itália, os partidos de direita que estão no governo vêm sendo derrotados em eleições regionais. Na Espanha é o partido social-democrata que perdeu em pleitos locais. Em Portugal, a derrota dos social-democratas levou a direita ao governo. Esse fenômeno de alternância, sem que na verdade nada mude de fato, deve se repetir em outros países.

As revoltas em países árabes não são comandadas por partidos ou formações políticas estabelecidas, mas por grupos que se formam em meio à luta, no desenrolar dos acontecimentos. Na América Latina, a contestação aos partidos se manifesta mesmo em países nos quais são tradicionais, como na Argentina, no Chile e no Uruguai. Na Venezuela, na Bolívia e no Equador a falência dos partidos levou ao modelo chamado de bolivariano.

continua após o anúncio

O que desgasta os partidos políticos é sua incapacidade de resolver as questões estruturais e os problemas mais sentidos pela população, enquanto gastam suas energias com politicagens que só beneficiam seus integrantes. Além disso, as motivações ideológicas ou programáticas praticamente desapareceram e todos os partidos se parecem. Não que isso seja novo, pois já no Segundo Império o Visconde de Albuquerque dizia que “nada mais parecido com um saquarema (conservador) do que um luzia (liberal) no poder”.

É interessante observar também que as derrotas de partidos no poder não têm levado ao crescimento dos partidos tradicionais agora na oposição, mas a partidos menos expressivos, mas mais consistentes em termos de ideias, que vêm desafiando o bipartidarismo de fato. Outro fenômeno são as mobilizações espontâneas que levam a um novo tipo de organização, os movimentos de “indignados” e que pedem “democracia real, já”. Uma exceção de peso nesse quadro são os Estados Unidos, onde o bipartidarismo está consolidado, embora republicanos e democratas sejam parecidíssimos.

continua após o anúncio

Seria muito bom, para a democracia, para o Brasil e para o povo, que os partidos políticos tivessem programas claros e ideologias definidas. Assim, ao votar, saberíamos em que estávamos votando e o que aconteceria durante o mandato dos vencedores. Hoje não sabemos sequer quem estará compartilhando o governo, pois temos até a muito estranha figura do líder permanente do governo, seja qual for o governo (o senador Romero Jucá), um futuro partido que se orgulha de não ter definição política (PSD) e partidos em que convivem harmonicamente a direita e a esquerda (muitos).

Uma verdadeira reforma política e eleitoral poderia ajudar muito a termos um quadro partidário mais claro e eleições que realmente definissem, pela vontade popular, os rumos do país. Mas a cada dia se comprovam as previsões de que deste Congresso não sairá nenhuma reforma que mereça esse nome – e ainda se corre o risco de que as mudanças piorem o que já é ruim.

continua após o anúncio

Se os partidos políticos continuarem com a atual postura e desconhecerem o fenômeno que os leva a serem desimportantes para as pessoas, em algum tempo serão superados e esse modelo de democracia perderá a legitimidade.

Bom enquanto durou

continua após o anúncio

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, jogou fora quase todo o capital político que acumulou nos últimos anos em dois episódios: a revolta dos bombeiros e a viagem para comemorar o aniversário de um empresário beneficiado por seu governo. Como uma coisa puxa a outra, aparece agora, na Folha de S. Paulo, a informação de que causou um rombo de R$ 50 bilhões nas finanças do Rio concedendo absurdas isenções fiscais a empresas.

Ninguém consegue enganar a todos o tempo todo.

continua após o anúncio

 

continua após o anúncio

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247