Palocci será alvo de inquérito criminal

Procuradores abrem investigao contra ex-ministro que enriqueceu prestando servios a grandes empresas durante a campanha presidencial de 2010; trs clientes j tiveram seus nomes revelados: Santander, WTorre e Amil



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247 – Reportagem da Folha de S. Paulo, publicada nesta segunda-feira, revela que o Ministério Público Federal irá abrir inquérito criminal contra o ex-ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, que enriqueceu prestando consultoria a grandes grupos empresariais durante o governo Lula e também durante a campanha presidencial de 2010. Três clientes tiveram suas identidades reveladas: Santander, Amil e WTorre. Especula-se também que Palocci tenha ajudado a Camargo Corrêa a vender suas ações na Itaúsa para o fundo de pensão Petros. A relação completa de clientes não foi revelada porque Palocci se negou a quebrar o sigilo dos seus contratos. Leia, abaixo, o texto de Felipe Seligman e Andreza Matais, publicado na Folha:

O Ministério Público Federal prepara-se para abrir um inquérito criminal para investigar a atuação do ex-ministro Antonio Palocci como consultor de empresas.

Procuradores que analisam o caso informaram a Procuradoria-Geral da República de sua intenção e relataram que encontraram "fatos novos" ao examinar os negócios particulares de Palocci.

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Palocci faturou R$ 20 milhões com sua empresa de consultoria no ano passado, quando exercia o mandato de deputado federal e chefiou a campanha que levou Dilma Rousseff (PT) à Presidência.

Seus negócios foram revelados pela Folha em maio, abrindo uma crise que levou à sua demissão em junho. Palocci chefiava a Casa Civil e foi o ministro mais influente da largada do governo Dilma.

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O episódio marcou o início de uma série de mudanças promovidas por Dilma no primeiro escalão de sua equipe. A presidente substituiu mais quatro ministros, três deles envolvidos em escândalos.

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse à Folha que foi consultado pelos procuradores que analisam o caso e afirmou que dará sinal verde para que abram o inquérito criminal.

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A rigor, Gurgel nem precisaria ser ouvido, pois Palocci perdeu o foro especial a que tinha direito como ministro ao ser demitido por Dilma.

Mas o Ministério Público do Distrito Federal pediu seu consentimento "por deferência", uma vez que Gurgel havia engavetado o pedido numa primeira consulta. À época, ele alegou não haver indícios concretos de crime nem motivo para apurar o caso.

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"Eles podem abrir sem qualquer problema", disse. "Eles inclusive deixam bem claro que seriam outros fatos além daqueles [conhecidos]".

Gurgel e os procuradores que investigam Palocci não apontaram os indícios de crimes que teriam encontrado.

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O ofício 5089/2011, em que eles descrevem o que apuraram, foi encaminhado no dia 8 de agosto ao procurador-geral, que até ontem ainda não havia encaminhado de volta sua resposta formal.

A consultoria de Palocci já é alvo de uma investigação na área cível, cujo objetivo é apurar se o enriquecimento do ex-ministro é compatível com os rendimentos obtidos pela empresa nos últimos anos.

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Foi essa investigação que encontrou os indícios que, na avaliação dos procuradores, justificam a abertura de um inquérito criminal, que poderia averiguar se o ministro praticou tráfico de influência ou cometeu outros crimes.

Palocci usou os rendimentos obtidos por sua consultoria, a Projeto, para comprar dois imóveis em regiões nobres de São Paulo, um apartamento de R$ 6,6 milhões e um escritório de R$ 875 mil.

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O Ministério Público Federal teve acesso à lista completa de clientes da Projeto, além de informações fiscais e sobre a movimentação financeira da empresa. O ex-ministro sempre se recusou a divulgar essas informações.

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